sexta-feira, 30 de setembro de 2011

irmão.

Sentirei sua falta. De seus cabelos bagunçados e desengrenhados, das suas mãos me dando socos, me puxando o cabelo, de seu sorriso, da sua rabugice constante, da sua velhice precoce. Você é um doido, não tem vida social, pelo menos não o que as pessoas julgam ser vida social, por exemplo, você odeia msn, orkut ou twitter, e ama todas as bandas que eu amo, você acredita em mim, e nas milhares de vezes que me viu chorar não fugiu, e nem disse para que eu parasse de chorar, você só ficou ali, permanecendo no silêncio interrompido pelo meu choro. 
    Você foi mais que amigo, tipo, o irmão que eu nunca tive. Vezes ficamos sem se falar, por eventualidade da distância ou do tempo, ou da falta do que conversar, mas você sempre esteve aqui. E sempre quando vinha, vinha com um sorriso no rosto, uma carta na mão e um coração incrivelmente quente para me receber e me chamar de irmã.


Para: Felipe Lafrorky. Sentirei sua falta, mas nada que a amizade não possa superar.




Annabel Laurino.



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Todo mundo tem um ponto fraco
Você é o meu, por que não?

Cazuza


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

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E teu silêncio, tua falta de respostas, para mim, é a melhor forma de saber o que me dizes.

Annabel Laurino

Mensagem.

A mensagem chegou, e chegou assim: "Bellez moi." 
Foi o que ele escreveu. 
Não havia coisa alguma que a pudesse fazer rir. 
E pela primeira vez no dia, riu e riu com vontade. 
Como não ria a muito tempo.

annabel laurino.

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O negócio é só sentir, meu irmão, só sentir. Pensar já era. Pensar acabou, não se usa mais.

                                          Caio Fernando Abreu


feliz


   Sinto-me relativamente feliz, eu diria que em estado de borbulhamento constante. Como se uma massa densa estivesse em fervor dentro de mim, inchando e crescendo. Sinto-me mais feliz do que o normal.
   Tudo parece ter sido encoberto por um véu claro e bonito, e agora vejo que tudo me parece fácil.
    Feliz. Sinto-me feliz. E agarro-me a esse sentimento tão insanamente que sou capaz de ferir qualquer um que me pareça uma ameaça a esse sentimento incrivelmente inebriante e reconfortante.
    Por isso, danço, canto, e rio, e jogo os cabelos para o alto, as mãos ao lado do corpo procurando movimento e de repente sinto. Sinto-me feliz. Tão feliz...


Annabel Laurino.

domingo, 25 de setembro de 2011

É você.


É você
Que chega e que me possui, que adentra os poros dessa pele solitária e fria. Que aquece as bocas de vitrais, as bordas ressequidas do meu mundo esquecido e solitário.
Pendido no fio da tarde languida.
É você que chega, que me encontra, que toma conta de mim.
Se joga por dentro de um copo e transborda pelas bordas.
É você.
Com esse seu corpo quente, macio.
Seus pelos.
Seus braços.
Suas mãos de ossos fortes, seus dentes, sua boca recheada de um sabor lembrado, guardado.
É você ao todo que me vem e que me dispara, me lança á um futuro incerto.
Fugindo não consigo nada, estendo a mão no ar e tudo que pego é fios de seus cabelos negros.
Suas mãos suadas estampadas nas paredes de meu quarto.
Teus risos refletem no meu espelho.
Sinto teu corpo quente ainda sobre a minha cama.
Teu cheiro transpassou por mim, e agora grudou.
Como uma tatuagem sua, ele permanece, na minha pele.
É você, todo você.
Ouço sua voz, em vozes que não são do seu corpo.
Vejo teu riso em risos que não são seus.
E por lajes de casas, carros mal feitos, tempestades chuvosas, rios d’água, poças de frio e gelo, copas de árvores.
Minhas próprias feições também.
Tudo tem um pouco de você.
Minha própria letra no papel tem um traço da sua, meio que quando enrosca-se no ‘a’ ou no ‘j’.
Tudo.
Cheiros de outros cheiros, na concordância, no final do aroma, na hora de sentir, de qualquer forma.
Lembra-me teu cheiro.
E assim, vens.
E me recheias, me tomas e me aglutinas.
Como em uma inebriante tomada que liga dois fios.
Você me passa toda essa sua essência exorbitante e calórica
E me perco.
Me tomas, e me vens.

Annabel Laurino.

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Se você der o primeiro passo, não me importo de dar os milhares restantes.


Annabel Laurino.

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E se a gente se encontrar daqui a vinte anos, você vai olhar pra mim e seu coração ainda irá se acelerar como antigamente?

annabel laurino


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E então eu olho ao redor e vejo que não me adequo a lugar nenhum. Não sou bonita o bastante para o grupo das populares, meu humor é diferente do que consideram engraçado, não sou estranha o suficiente para ser do grupo dos esquisitos nem inteligente o suficiente para o grupo dos nerds. As vezes me pergunto o que eu estou fazendo aqui. As vezes desconfio que cai no planeta errado.


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  E quando você não souber mais o que fazer... Cante. Ou escreva, ou grite também. Mas extravase. Ria, pule, chore. Faça algo, só não se reprima. Desenrole-se, desenvolve-se. Desapegue-se.


Annabel Laurino.

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  No fundo nós dois sabemos que isso tudo vai se resolver, nos amamos de mais para isso tudo se perder. O tempo é justo, creio. Até mesmo ele não será burro em ver o que temos em nossa frente. Até mesmo ele terá que perceber que isso, é inevitável, é especial.

Annabel Laurino.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Concluo.

Concluo que só lutarei por aqueles que lutarem por mim. Não precisa de guerras, nem de espadas afiadas e urros de luta, coisas assim. Precisa-se apenas de uma vontade calórica de permanecer comigo, olhar em meus olhos e determinar quão importante sou ou não sou. E ver que lutar por mim, mesmo que contra uma ventania amena, seria a coisa mais certa por se fazer.
   Sim, concluo isto.

Annabel Laurino.

Motivação


Mas é que agora eu preciso de uma motivação muito forte para voltar atrás. Sinto-me como se houvesse abandonado uma vida, e que agora, depois de ter percorrido certa distância de tempo, dor e ter passado por dificuldades como pelejas de saudade e argamassas de frio e fome, eu tivesse que retornar tudo novamente e tapar as feridas abertas por esse enorme trajeto de ter ido embora e retornar novamente.
   Preciso de um motivo muito grande para voltar e permanecer. Vai muito além de trocas de sentimentos, sorrisos bobos, ou até mesmo promessas inválidas.
   Se não houver segurança, não volto, não volto sozinha nisso tudo, não volto sem uma mão agarrada a minha. Se não houver, continuo, e cada passo será mais um passo distante da vida que abandonei, cada passo serão segundos cronometrados no relógio colocado no meu peito até que enfim, quem sabe, ele possa marcar o resultado de tudo isso: “Esqueci-me de você”.

Annabel Laurino.
 É irracional. Inevitável.  

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Só mudei de opinião, mas meus sentimentos continuam os mesmo, com exceção da dor, que ficou mais intensa longe de você, sinto falta, mas já doeu uma vez, talvez eu não seja capaz de suportá-la novamente. E de tudo isso eu aprendi que se entregar de corpo e alma à uma pessoa não é o suficiente pra fazê-la feliz. Queria acreditar que como em filmes no final tudo daria certo, mas preciso de motivos… faz acreditar que o mundo não é só aflição?
(C.F.A)

Qualquer dia desses


Mas qualquer dia desses alguém ai, meio perdido, meio ferido, meio causado e cansado, alguém muito maluco, meio cheio de sonhos, de idéias, de histórias, meio sem noção, sem tom, sem medo, sem fala, tropeça em mim e se apaixona. Sei lá, vai saber. Qualquer dia desses, descubro alguém que vai me amar tanto que não vai mais querer sair de perto. Que vai gostar desse meu jeito meio absurdo e gritante de ser. Alguém que não irá se incomodar com a forma que carrego a bolsa, com minhas idéias mirabolantes, meus assuntos sem eira e nem beira, com as minhas divagações da vida, do universo e tudo mais. Ele não irá se incomodar se eu agir como uma garotinha sapeca que irá querer jogar vídeo game de meias e comer chocolate em uma tarde de chuva, e não irá se incomodar de me ouvir, ouvir minhas histórias, meus pensamentos e opiniões mais loucos sobre tudo. Ele vai amar a forma como eu me sento, me deito e me aconchego, ele vai achar graça da minha risada, vai gostar do meu cheiro, estará sempre afim de tocar minhas mãos, gélidas e macias, ele vai querer-me ao todo. Ele vai amar meu cabelo, minha roupas, e não se incomodará dos meus defeitos mais gritantes, por que ele amará minhas qualidades mais fortes e achará uma graça tudo quanto acho insignificante em mim.
   Como quem abre as portas e janelas e recebe o verão, ele não terá medo, e nem insegurança, saberá o que sou e por que sou e vai me querer assim. Por vezes ele poderá até se sentar no chão de seu quarto e se perguntar por que gosta tanto de mim, mas ele não vai saber, assim como eu também não vou. Nossos amigos vão se perguntar o que vimos um no outro, e ninguém também irá saber. É tudo muito simples, e complexo, e difícil também. Traduzindo, se dirá apenas, é amor, só isso. Ele a ama, ela o ama. Ele luta, ela guerreia. E nessa coisa toda, eles nunca se separam. É meio que assim, assim, talvez, um dia eu encontro alguém. Quem sabe num dias desses por ai. Eu ainda não sei.

Annabel Laurino.

Continuando


E digo a mim mesma: Oras, vamos garota, enxuga as lágrimas, levante-se, arrume as roupas e continue na peleja. A guerra é uma só, se você desistir quem lutará por você? Ninguém, eu digo. Lute então. Vamos lá, tem uma vida imensa lá fora chamando por ti. Abra as janelas, abra as portas, deixe entrar. Sol, chuva... Pessoas. Sim, á muita gente, muita coisa interessante pedindo pra você conhecer.
  Repito: Vamos garota. A vida continua!

Annabel Laurino.

!


Eis um fato exorbitante: Não o sinto mais.


Annabel Laurino.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Chorei


Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. 

Caio Fernando Abreu


Precisando


To precisando de alguém que me segure forte
Que me agarre com força
Por que sou como água, fluo sozinha
Eu estou aqui, parada, quieta, sou a calmaria em carne
Mas fluo
Horas e outras não estou mais aqui
Preciso que me agarrem, mãos fortes e precisas, para que me prendam
Por que preciso disso
Preciso sentir-me segura
De um conforto, de um cheiro, de um gosto, de um afago
Tão, tão fácil que é
E tão complicado de se fazer
Por que não entendo, muitas vezes fujo
E quando fujo é pra valer
Daí você tem que me caçar em um jogo que nem eu mesma entendo
Acontece que eu sofro de mais
Por vezes, dores que nem são minhas
E fujo com essas dores, para que ninguém veja o quanto sofro
Preciso de alguém que perfure lá dentro, lá no intimo, que instigue, que puxe, que cole
E não descole depois
Preciso de chocolates
Cobertores
Sol
Flores
Música
Danças
Corações quentes
E sorrisos sem fim
Preciso de algo longe do eterno
Eternidade é muito tempo para se contar
E acho que não tenho esse tempo todo
Mas preciso de algo, do tipo, agora
No momento
E que tenha recheio
Não me venha com nada vazio
Nada de que eu não possa me lembrar depois
Com um sorriso no rosto
E duas lágrimas latentes escorrendo pelo rosto febril.

Annabel Laurino.

Ta ardendo tanto amor.
E arde, arde, arde.
Que dor febril essa.
Começa no peito e toma conta de mim.
Até minhas lágrimas estão febris agora.
E ardem, ardem, ardem...
Uma ardência calórica, que não tem fim
E como arde
Uma queimadura arderia menos
Ardência, querida
Saia de mim
Por que machuca de mais essa dor
E não estou gostando disso,
Embora chore, e arda,
Chorando e ardendo
Há muito tempo aqui.

Annabel Laurino.

Eles não se entendiam, raramente concordavam em algo. Brigavam sempre. E se desafiavam todos os dias. Mas, apesar das diferenças, tinham algo importante em comum: eram loucos um pelo outro.

(O Diário de uma paixão)

Como soube partir


Você estava aqui agora a pouco
Mas não vi como soube partir
Não houve rastros e nem marcas de sua saída
Apenas um fio de seus cabelos sobre minhas vestes brancas
Não teve cheiro seu guardado em camas
Nem um pingo de seu suor em meu corpo
Muito menos teu reflexo no meu espelho
Tuas mãos já não se encaixam nos meus seios
Teus olhos já não ilustram meu corpo
Seus pés barulho não fazem mais
Teus dedos cortados dos meus já foram
E nenhum fio que nos ligava se encontra mais aqui
Você partiu
E eu esqueci

Annabel Laurino

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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Eu pensei que havia escutado batidas na porta
A madrugada era languida e vazia
Nenhum suspiro cortava a noite
E nenhum corpo transpassava o véu do céu negro
Ninguém havia na porta
E ninguém respondeu quando perguntei quem era
Tua alma branca passou por mim
Não reconheci-te de nenhum lugar
Mas tuas feições brandas eram compridas e doces
Teu passado em uma linha curta se juntava ao meu
No ato lúdico e colorido
Estávamos juntos outra vez
Tuas mãos colaram-se as minhas
Tua voz tornou-se água fluindo do seu peito
Tudo era vago e completo
E o fim chegou
Eu acordei.

Annabel Laurino.

domingo, 18 de setembro de 2011

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Oras, vamos lá!
Mais um domingo para se matar á pauladas.
Mais um santo 
E bendito,
Maldito
Domingo!



dói.


Não sei mais, só sinto que dói.
Meu peito, meus braços, minhas pernas, tudo bem.
Ta tudo em perfeito estado físico.
Mas por dentro.
Lá dentro.
Um terremoto toma conta de mim. Picos de gelos explodem no ar, milhares de arvores são arrancadas do lugar, chuvas e temporais arrastam tudo, mares e ondas gigantescas engolem o escuro obscuro breu de duvida.
Eu não sei se parto ou se fico.
Se te abandono e te deixo em paz.
E quão paz seria essa?
Seria bom não me ter mais aqui?
Seriamos felizes?
Você sorriria? Você gostaria?
Por que eu não.
Se sinto dor é por que te amo, e te amo tanto que já não sei dizer. Droga, eu quero que você arrume as coisas, droga, eu quero que você fiquei com a gente.
Eu to precisando parar de escrever por que nada mais me vem, eu já nem sei mais o que escrevo, tudo que escrevo é um borrão sem nexo, sem sentido.
Eu to com dor, e tudo dói.
Tudo é doloroso de mais.
Sou como uma criança esperneando na cadeira, virando o rosto, implorando para que a mãe me deixe sair e que não me force a comer mais nenhuma colherada dessa comida amarga e enjoada.
Por favor, suplico, por favor chega. Mas a vida me aglutina e me entope de suas colheradas amargas.
To querendo chorar e to chorando mesmo.
Amor eu digo, amor por favor, fica. Fica aqui. Não vai.
Mas dói dizer qualquer coisa a mais agora, por que eu já disse tudo. Já disse de mais.

Annabel Laurino.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Insatisfeita


    Nada me satisfez hoje. Adentrei em uma bolha vazia. Enevoada e recheada de ilusões, me cobri de um cobertor de frieza. Nem as prateleiras atulhadas de livros da livraria, o expresso quente e cheiroso, os biscoitos adocicados, o olhar insinuado, a ligação nova e recebida, o dinheiro ganho, as novidades, nada. Simplesmente nada me satisfez.
    Caminhei como sempre gosto de caminhar para perder o tempo, ri e gargalhei. Tudo tão falso e não sentido. Meus dentes se mostravam lá dizendo “olá” para o mundo, a quem quisesse ver e acreditar no sorriso que esboçavam molemente. Falso, ele não dizia nada além de nada.
    Não sei por que. Não me satisfiz.
    Cores e cheiros não me chamaram a atenção. O dia passou como um borrão preto tingido por um pincel velho num quadro quebrado. Não senti nada. Não senti fome, e nem dor, não senti saudade, não senti nada de bom, nada de especial. Não fui tocada e nem beijada, não fui sentida e nem amada. Mais um dia se passou. Tua presença não estampou a pagina do meu dia, teu cheiro não grudou na minha roupa, teus olhos não transpassaram meu corpo e tuas mãos tão tocaram minhas mãos.
   Do nada procurei uma forma de fugir da dor. Da monotonia desacelerada, da descontinuidade de tudo. As pessoas me cansam, tudo me cansa. Qualquer coisa e assunto se torna um fardo pesado, qualquer vontade que seja é como buscar uma força horrenda e imensa para levantar uma casa com uma só mão. Seja comer, dormir, andar... Não importa, é difícil de qualquer jeito. Meus olhos ficaram como pequeninas bolinhas desligadas, vendo tudo, não registrando nada. E nem quero registrar nada. Pra que? Esse vazio, essa coisa, essa mesma coisa de sempre. To tão causada por dentro, tão... Tão perdida. Estou tão com fome de alguma coisa que não to sentindo mais nada, além disso.
    Aqui dentro só bate o tempo que passa e a ansiedade em pensar que cada segundo que passa é um segundo perdido que não volta mais. É uma hora sem sentido, é mais horas sem saber de nada, é até então um dia. Um dia que eu perco por não ter ganhado você pra mim, é mais um dia que perco por não saber por que na verdade eu estou aqui. Por que que na verdade eu tento.

Annabel Laurino.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

E assim meio perdida, meio letárgica, em branco, recepção...


    As pessoas tão falando sem parar. Elas falam e falam. E parecem que estão guspindo tudo o que falam. O pior é que falam em outra língua. Eu to sentada aqui me perguntando o que que eu estou fazendo aqui e como eu vim parar aqui. Daí eu lembro que eu caminhei até aqui há alguns minutos atrás. Penso que eu poderia estar muito inerte em mim mesma para não lembrar do trajeto. Daí eu lembro que eu nem prestei atenção no que a minha mãe falava enquanto vinha comigo e isso me fez lembrar que eu vim pensando o tempo todo em você e que enquanto eu concordava com o assunto, eu não tinha a menor idéia do que se tratava ser.
    Continuo sentada. Faz uns minutos que estou aqui. A mulher bebendo água do meu lado acabou de espiar o que eu estou escrevendo. Eu olhei pra ela e ela fingiu olhar as horas no relógio da parede. Não achei a menor graça, como eu até poderia ter achado em outro dia.
    A sala de recepção esta cheia, eu to me perguntando por que eu não fiquei em casa. A minha cabeça lateja e sinto minhas mãos suarem, eu definitivamente não estou bem. Meus olhos estão úmidos e a todo instante eu confundo ter ouvido a sua voz no meio desse caos intraduzível.
    Um cara ta falando comigo agora, eu não to entendendo nada, ele ta falando outra língua, eu sei falar, eu sei o que responder, é tão simples... Mas não sai, parece que algo na minha mente esta congelada, a minha língua parece que enrolou-se e tudo que sai é murmúrios gustativos a procura do que falar ao certo. Ele esta me olhando com uma cara estranha, ele acha que eu sou louca, ótimo, não seria a primeira pessoa a achar.
    Respondo qualquer coisa, e ele assenti em um meneio de cabeça e seus enormes cabelos brilhantes e meio desgrenhados balançam de uma forma engraçada. Acho que dei a resposta certa, nem sei.
    Volto a escrever.
    Olho para os meus tênis e fico pensando na cor branco por um longo tempo, comparo a minha mente, totalmente em branco, e depois aos taxis na rua e acho graça disso.
    Não estou bêbada e nem chapada, estou letárgica. Tudo que me vem a cabeça é os seus olhos, seu sorriso, suas mãos, seu cheiro e tudo que eu sinto por você. Lembrei de mim negando os meus sentimentos á alguns dias atrás. E sorrio por isso, por quão estúpida cheguei a ser por achar que poderia fugir disso tudo.
    E não pude, tanto não pude que estou novamente no mesmo lugar. Esta tudo parecendo uma montanha russa, e eu me sinto girando no ar, as coisas passam, as pessoas gritam, eu fico sentada na recepção da escola de inglês esperando a minha aula começar, e digerindo a loucura dos últimos acontecimentos que influenciam eu e você. Você e eu...
    É tudo tão...
    Acabaram de me chamar pra aula. To guardando o caderno na bolsa, mas não consigo, tento terminar as ultimas coisas, e depois suspiro.
    O que mais eu tenho a escrever?
    Mais nada, eu decido.
    Ta tudo tão perdido, to tão causada, tão cansada. To querendo que você me ame, que você lute por mim, mas estou tão afringida pela espera irrecuperável do tempo e dos sentimentos. To querendo que você me puxe, que cole em mim e nunca mais desgrude. Que acredite e confie na gente.
    To achando isso tão difícil. To sentindo que vou estourar, vou chorar, vou gritar... Mas não posso.
    Desejo estar em casa, deitada na cama, meias e um cobertor, abraçando um livro, a cabeça caída sobre meu travesseiro e gritando ao som de Gun’s.
    Segunda chamada. Me levanto, ainda não guardo o caderno na bolsa, finjo mexer em qualquer coisa, sorrio falsamente para professor e depois termino.


Por favor, oh, por favor... Por favor, vida, oh vida, não me decepcione! Só dessa vez...


Annabel Laurino.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

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Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

(Sozinho - Caetano Veloso)

sábado, 10 de setembro de 2011

as bordas, do quanto tempo faz e razão.


Estou em uma letargia constante.
Vislumbrei meu corpo no espelho.
Não me dei o trabalho de anotar detalhes.
Quanto tempo faz que eu não percebo mais as coisas?
Quanto tempo faz que eu não percebo mais a mim?
As horas vem passando.
Estou caindo cada vez mais.
E estou sempre tentando me segurar pelas bordas, arranhando as paredes.
Sempre tento não cair.
Mas sempre caio.
Um tombo de cada vez, a dor sempre parece pior.
Desliguei meu telefone, e retirei o fio da internet.
Fiquei sentada bebendo café e escrevendo coisas sem sentido.
Todo mundo pode julgar idiota.
“Do que ela esta falando agora? Será que ela é louca?”.
Talvez eu seja, sei lá. Desde quando eu devo satisfação á alguém?
 Hoje a tarde andei sozinha, e tua presença me fez falta.
Não uma falta corrosiva como me era antes.
Só queria tê-lo por perto, como um amigo e rir de você, bagunçar seu cabelo e poder brigar sobre o quanto você fala de mais.
Coisas assim vem me fazendo falta.
Comecei a passar mais tempo comigo mesma e percebi que você tinha razão em tudo que dizia a nosso respeito.
Comecei a passar mais tempo comigo mesma e percebi que eu estava errada.
Deixei-me de lado procurando cuidar de você.
 E Agora?
Bem, agora eu meio que estou aqui.
Não to levantando da cadeira por que meu corpo não responde mais aos meus comandos.
Mas espero levantar. Caminhar até a cama e me deitar, ficar um bom e longo tempo não pensando em nada e depois dormir.
E não esperar mais nada, de qualquer coisa que seja.

Annabel Laurino.
Pare de ficar me perguntando se as coisas iram mudar ou não.
 Pare de ficar reclamando das situações, da maneira como eu sou, ou se eu não faço, se eu não te procuro.
 Se você me quer, lute.
  Se você não quer, o que você faz aqui? Por que você se importa?
  Não tenho mais forças pra me preocupar com nada, tudo que eu espero de você é o minimo do que eu já fiz por nós dois.

Annabel Laurino.

Partícula brilhante, poeira titubeante


Hoje quando acordei pela manhã tive algum vislumbre de esperança. Era apenas um floquinho pequenino que refestelou-se em algum canto da minha mente. Segundos, apenas. Mas era bonito, brilhante, acompanhava algum movimento de desejos secretos que eu ainda não entendia do que se tratava ser. Mas podia dizer que se encontrava em meu intimo. Algo esquecido por lá, algo que eu já não mexia há muito tempo e que já estava coberto de pó.
   Cocei o nariz na esperança fracassada de retirar aquela poeira de perto de mim. Era mesmo que se sentida de uma forma correta, muito bonita de se ver, porém, estava sendo irritante naquela hora da manhã, com aquele sol gritando lá fora ordenando para que eu me levantasse e me vestisse, correndo para o meu compromisso.
  Daí foi que algo na minha mente se chocou sem avisos, sem barulho. Foi um choque silencioso. E quem sabe esses sejam os piores choques. Não se ouve ruídos, não se ouve som e nem aviso de que alguma coisa aconteceu, você só fica ali, deitada somente escutando qualquer coisa, sua respiração, os pássaros lá fora, o barulho do vizinho do lado deixando a panela cair no chão. Tudo se torna um caos silencioso, você arfa quase sem ar, culpando a si mesma por remexer em seus próprios sentimentos.
   Eu podia me lembrar. Na noite passada havia ido dormir determinada a não esperar mais nada. A esquecer você. A esquecer todas as coisas que já passaram. Porém, quando abri meus olhos pela manhã à pequena partícula brilhante de poeira, chamada esperança titubeava na ponta de meu nariz, dançante ela exclamava por uma simples atenção que fosse.
    Conforme se decorreu o silencio causticante vi a pequena poeira crescer, inflamou-se em um brilho transparente encoberta por uma camada mais branca que a anterior. Admirei-a.
   Silenciosa, permanecia presa em mim, esperando a hora certa de poder me mexer e levantar da cama, sacudindo para bem longe aquela falsa esperança que me atormentava por dentro.
   Contei até dez, sorri falsamente fingindo acreditar em qualquer coisa, e depois sem avisos nenhum, outra coisa de descolou dentro de mim. Novamente, não havia som.
   E lá estava você.
    Parada, lembrei de suas feições, de todas as coisas que eu amo em você, lembrei do seu sorriso, das manhãs em que caminhamos juntos e como ultimamente tem sido duro pra mim me manter afastada, de como tem sido duro colocar a cada instante um status bem grande entre a gente: “AMIGOS”.
   Nossa, aquela esperança era incomoda. Ela encrespou-se formando uma fina linha branca e depois girou dentro de mim, queria que eu pensasse ser possível as coisas melhorarem, quem sabe, serem melhores do que eram antes.
  Mas não deu. Resisti.
   Peguei minha já conhecida armadura secreta para essas falsas ocasiões. Amarfanhei todas as más lembranças, levantei da cama e pensei: “Já era, tudo acabou. Não há mais o que esperar.”
   Segui meu dia, sai de casa, encontrei com você, vi você, não falei com você... Eu estava certa. Não houve nada. Não tinha o que esperar. Não havia mais nada a desejar.

Annabel Laurino.

A caneca vazia e esquecida, coitada, até fria já esta.


    Acabei de olhar a caneca de café. Esta vazia. Fria e seca, a camada por onde as bordas do liquido se encontravam antes agora marcam as paredes da superfície. Olhei e me entristeci. Algo passageiro, eu sei. Mas, a caneca vazia, fria e sem nada a dizer além das marcas do café quente e gostoso que antes a encorpava por inteiro, me fizeram sentir como essa justa caneca. Me vi como ela, perdida, caída sobre uma mesa esperando a hora de poder ser lavada e preenchida novamente, de qualquer coisa que seja, mas de algo quente se puder. Esperando ansiosamente não ser esquecida em um armário empoeirado, e também pedindo pra que alguém se lembrasse de mim. A tristeza voraz de estar preenchida e de repente lhe esvaziarem. Não, rapidamente não. Aos poucos. Em goles e goles foram tirando tudo de mim. Cada gole uma engolida fatal e dolorosa. Sentimentos e lembranças, esperanças e sonhos sendo sugados. E já não mais como antes, nem quente e nem tão bonita, nenhum vapor denso exala de mim, é como se estivesse em total estado de morbidez. Não exalo perfume e nem calor. Sou fria e agora vazia.
   Será que há algo pior do que ter permanecido como essa caneca esquecida?

Annabel Laurino.

Novamente você, e agora, algo morreu então.


  Foi melhor assim. Foi muito melhor assim.
  Não estou bem, não posso mentir. Não estou feliz e não me sinto contente com mais nada. Me sinto vazia, é verdade. Mas não choro. Não grito e já não falo mais. To percorrendo um corredor comprido que não sei onde termina e nem para onde me leva agora. Estou sentindo as pequenas sensações de alarde pela falta da tua presença, da tua real presença, da qual fui obrigada a aceitar. Aquela que me impulsionava a te ver não como um ser amigo que bordava meus dias com carinho, afeto e imaginação. Mas um ser do qual eu desejava, que coloria minhas tardes, minhas noites, meus dias por inteiro, o ser que eu analisava as feições por completo, sorria com afeto e abraçava sem temer, sem vontade de soltar.
  A falta acida dos tempos que não voltam mais, dos dias em que eu era quem te puxava contra o meu corpo e te roubava um beijo, dos dias em que eu bagunçava seu cabelo e sentia aquela intimidade que percorria envolta da gente.
   E essa intimidade se esvaiu. Eu não sei para onde ela foi. Era ela quem me colocava a sorrir todos os dias, era ela que fazia da gente a gente. A intimidade coloria nós dois, dava vida ao que a gente chamava amor e brilhava na nossa volta, marcando os acontecimentos que se decorriam depois.
   É da nossa intimidade que sinto falta, acho que é por isso não consigo ser mais a mesma. To sentindo que ela morreu, e não sei dizer por que. Talvez a fé tenha ido junto e a vontade também.
   Não estou sentindo mais vontade de nada, sinto vontade só do que já passou. As vezes sinto muito a sua falta, de você por inteiro, de como me faz sentir, de como me faz sorrir, mas as vezes agradeço por estar longe e gosto desse longe, o quanto longe melhor. Gosto de pensar que não há mais ninguém tentando furar a minha bolha solitária, que não há mais ninguém agora infringindo e brincando com os meus sentimentos como se eu fosse um brinquedo descartável. Agradeço por ter visto isso agora. Não daria certo. A gente sempre foi só amigos e eu sempre amei por nós dois.
   Ainda hoje sou eu que procuro tuas mãos por cima da mesa, sou só eu que lhe sorrio de volta e que te cumprimento em um abraço amigável, sou eu que pinta de cores as cores dos dias, e ainda sou eu que se importa.
    Pelo menos era, por que já não estou me importando mais.
    Estou dizendo, e talvez seja preocupante, ou não. Alguma coisa morreu em mim e eu não sei dizer o que é, alguma coisa desmaiou, caiu no esquecimento obscuro da minha memória apagada e preguiçosa. Alguma coisa importante e essencial se perdeu entre nós dois. Confiança talvez. Vontade. Saudade. Intimidade. Não sei dizer se somente da minha parte, ou da sua talvez. Eu só sei dizer que algo definitivamente morreu. 

Annabel Laurino.

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E Será que nesse tempo todo eu fiz certo? Será que eu não fechei a porta cedo de mais e amarrei o nó da corda antes do tempo determinado? Será que não cruzei o caminho contrário? Será que eu não vi e não ouvi e não entendi errado? Afinal, eu fiz errado? Ou eu fiz certo?

Annabel Laurino.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Intervalo


    A bola branca girava de um lado a outro na quadra e raspava o couro brilhante pelo sol no asfalto de cimento seco e áspero enquanto o garoto chutava a bola. A menina amaciava seus cabelos dourados, enquanto sua amiga estourava a bola de chiclete sobre os lábios carnudos e rosados. O som perpassava as falas. Todos falavam juntos. Alguns corriam, outros comiam, outros conversavam e jogavam. Em seus casulos de seus corpos quentes o estres do dia cálido dava uma pequena pausa. Era o ápice, a folga que todos ansiavam, os quinze minutos perfeitos daquela tarde languida e causada.
    Analisei os raios do sol agitarem nas vidraças das janelas e depois as sombras dos corpos em ação na quadra. Negras, se bem focadas eram até... Sinuosas.
    Senti uma brisa fresca cortejar meu rosto, minhas mãos abraçaram meu corpo e me debrucei sobre a janela larga. Nada no mundo me faria mais feliz do que tê-lo por inteiro naquele momento.
   Lembranças de um ano trás assaltaram minha memória como um ladrão assaltando uma casa de repente. Me vi refém de mim mesmo. Rapidamente o intervalo calmo e tranqüilo tornou-se um tormento.
    A brisa fresca e macia acariciou-me por mais um tempo até cessar. Senti o cheiro do meu corpo limpo e me deliciei lembrando do seu cheiro, sem querer, só por lembrar. Foi como sucessivas atormentações á mim mesma.
   Eu não queria, mas fiz mesmo assim. Lembrei de tudo. Lembrei de você e de mim. Lembrei de nossas brigas e dos momentos bons, lembrei das falhas e dos motivos, das negações e das noites em que passávamos deitados ligados em se olhar, somente ouvindo um a respiração do outro.
   Não teve como evitar. Você me arrombou. Adentrou dentro de mim e fez um estrago.
    Naquele intervalo eu já estava meio que perdida, sozinha estava na sala vazia debruçada sobre uma janela larga admirando os outros corpos felizes, aqueles que por algum motivo diferente do meu lidavam bem com o fato de curtirem o momento, de não terem que afogar suas mágoas sozinhos em um canto ou até mesmo de sentirem a necessidade de estarem sozinhos. Admirei o fato de todas aquelas pessoas se sentirem livres enquanto estavam pressas em um prédio absurdamente irritante abarrotado de normas.
   Tudo que me veio na cabeça foi que eu precisava sair dali, mas a preguiça exagerada e a falta de imaginação me puseram a pensar, “para onde então?”. Eu não sabia. Mas sabia que me serviria qualquer lugar.
   Andando pela avenida, pelo calçadão, olhando as lagoas cheias de história da praça ou sentada em um banco lendo um livro. Qualquer lugar.
   Se eu pudesse estar com você e pudesse ver seus olhos nem que por um instante, se eu pudesse retirar de mim essas questões incrivelmente necessárias e causadas pelo encontro que tivemos no dia anterior e colocar tudo em prática, resolver e partir sem mágoas, então eu poderia me sentir melhor... Seria como um... Intervalo, uma forma de me intercalar de mim mesma, e sobrepujar emoções. Dar um tempo de mim. Respirar. Entender.

Annabel Laurino.

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Ia escrever sobre você de novo. Desisti.
Tenho perdido muito tempo com você.
Tenho perdido todo o meu tempo com você.
Me perdi em você. Perdi você. Agora me perco por você. Perco todo meu tempo com você.
As vezes perco meu tempo me perguntando se tudo isso é só perda de tempo. Será que você perde seu tempo comigo?
Isso não é sobre você. Isso é sobre eu tentando pensar em outras coisas.



PC Siqueira 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Eu gosto muito dele, e reconheço todos os defeitos dele e tudo mais. Mas ninguém é perfeito né, quando a gente gosta de alguém, a gente tem que saber do pacote que a pessoa trás, as dificuldades e tudo mais. E eu... Eu aprendi a aceitar tudo isso nele, o que é completamente estranho por que eu nunca fui assim antes.

Annabel Laurino.

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Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo. Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor, chegue mais perto.

CFA





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" Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias. É agora que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas e acordar serena. É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito, preparar uma massa, sentir seus cílios. Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para me arriscar num futuro incerto. Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados. É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos e chocolates. Apague minhas interrogações.


Caio Fernando Abreu

terça-feira, 6 de setembro de 2011

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    E eu que eventualmente penso que jamais poderia desconsertar qualquer coisa, quando sem querer, desconcerto a mim mesma. 


Annabel Laurino.

Renovo


     Mas to me sentindo tão leve, tão bem, tão feliz. To sentindo pureza, leveza, despreocupação. Desapeguei de tudo, larguei, corri e esqueci. Não sei de mais nada. Esvaziei o copo transbordante da minha memória e tudo que tenho agora é um copo vazio gritando pra ser cheio outra vez, por novas histórias, novas, tudo novo! Chega de derramar lágrimas e machucar meu coração, chega de abrir as portas, e escancarar janelas. De agora em diante, só abro as portas e escancaro as janelas para o sol, para a vida, para o renovo.

Annabel Laurino

domingo, 4 de setembro de 2011

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Fique com o meu silêncio. Fique com a minha dor. Fique com o meu vazio.

Annabel Laurino.

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Hoje é domingo. Um domingo chato e cinzento. São quatro e meia da tarde. Vou matar esse resto de domingo adomingado á pauladas cruéis. Vou exterminar essa sede de cavar um buraco e encontrar uma mina de salvação pra me tirar dessa caverna escura desse dia chato de domingo. Daí eu vou sair. Vou encontrar outros corpos, em outros corpos encontrar a vontade, motivos e quem sabe alguma razão pra rir, satisfazer a vontade de que você me deixou no vazio e se esqueceu de mim. Nenhuma mensagem, nenhuma pergunta se ta tudo bem. To bem, só pra você saber. To saindo de casa. To indo viver, só pra variar. E não to indo só.

Annabel Laurino

Certeza


Embora deva-se lembrar: Nunca é tudo, nunca é completo, nunca é propriamente seguro, propriamente seu. As vezes você tem, sem saber se tem totalmente. É preciso de muito pra ter alguma coisa. Não basta certeza. Afinal, certeza é o que mesmo? É só certeza. Vasta e obscura, certeza não vale de nada. É como uma chave que abre o cadeado, nunca se sabe se pode emperrar na fechadura ou quebrar no ponto certo. Tem falhas, tem pontas, tem sinais quebradiços que não se encaixam. A sua certeza válida, invalida, começo a dizer, é tão nada a ter sobre mim, sobre eu ser sua e estar sempre por perto quando você precisar que se eu fosse você, partia ou lutava. Mas não me venha com certezas sobre mim. Não me venha com autoconfiança, com “confiar no próprio taco”, com “não vou ligar pra ela, ela que me procure, já que ela me ama”. Não, não faça isso. É melhor. Certezas. Certezas são como descargas d’água escorrendo sobre mim, passageiras, causam só no impacto do momento, sem serem permanentes, depois as gotículas úmidas secam, e deu. Passou. Certezas. Nem eu própria tenho certeza sobre mim, nem eu própria. Imagine só.

 Annabel Laurino.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

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"amor é quando você tem todos os motivos para desistir de alguém, e não desiste."

William Shakespeare

Não me deixe só


    Já disse há muita gente que preciso ficar só. E talvez, as vezes, eu precise mesmo. Mas é uma coisa contraditória minha. Talvez, as vezes, não seja muito bom me deixar só. Eu não me conheço muito bem, não sei até onde grita o aperto da solidão e não sei o que se passa na minha cabeça. Horas eu to deitada na cama, to lendo inocentemente e de repente um sopro de inspiração e já voei, já fui, já voltei. E de repente as coisas na minha cabeça já se deslocaram, fluírem, esvaziaram.
    Nunca sei se to querendo muito ou se to desejando muito. É uma cosia louca. Mas to dizendo e estou sempre avisando, se você me ama, não me deixe só. Me deixe umas horas apenas, e nem muitas horas também, mas não venha com dias, semanas e tal. Não é legal. To sempre mudando, eu mudo como mudo de roupa, mudo a cor das minhas unhas e as mechas do meu cabelo. Eu nunca sei se estou pronta, se estou satisfeita, se estou saciada. Eu estou sempre precisando e precisando. E me deixar sozinha me deixa á pensar que estou precisando de alguém, e não ter ninguém por muito tempo me deixa a deriva de aceitar essa condição de não precisar de ninguém. Ai eu acredito nisso, e depois pode ser fatal. Eu começo a acreditar que não preciso mais de você.

Annabel Laurino.

O sopro desesperado do Destino


    “- Esta tudo bem meu amor, - ela dizia – esta tudo bem. Tudo isso vai passar.
     Embora suas palavras fossem doces e resvalassem em seus lábios secos e brancos. E embora sua vontade fosse de gritar e chorar, seu medo de transparecer na dor, como há uma mascara estampada em seu fino rosto angelical, decidiu por não dizer nada. Por guardar seus sentimentos em uma caixa rasa e vazia, atulhada de já tantos sentimentos que ela colocava lá dentro, todos os dias. Por ora, resolveu partir, e por ora resolveu não mais escutar. Largou a mão do homem que amava, amarrotou os scripts bem bolados nas noites de insônia e partiu, não deixou rastros e nem pistas. Partiu deixando a dor. A dor das brigas, da opulência exagerada da perfeição, da irritação dos motivos de não darem certo, da raiva por não terem saída, se não, partir. Cada qual para um lado só da vida.
    Até que a manhã tardia chegou sem demora, mostrou no calendário mais um dia desde aquele dia triste em que partiu, e a moça jovem arruivada de sua memória fresca já sabia, fazia um tempo em que ambos haviam ido embora. E por isso não esperou o escurecer da manhã e nem a chegada da canção dos pássaros e muito menos do sol aguardando contente na soleira de sua janela. Abriu a porta de sua casa e partiu pelo trajeto de sempre, acompanhando seus passos aos seus medos e suas lembranças que aguardavam cozinhando lá dentro de si, pareciam borbulhar em passos e outros, mas ela não ligava, sabia para onde estava indo e contente por isso, também conhecia aquela sensação tão... desesperada de o querer tanto de volta. Estava acostumada com aquela sensação. Com a vontade insana de o arrancar de seus pensamentos e o colocar na sua vida real, lhe abraçar contra o corpo sozinho e quente e encharcar seu ombro de lágrimas de saudade.
   E por isso na chegada daquela manhã ela contente e descontente ponderava a felicidade crua como um objeto macio e frio, sem saber como pegar e manejar. Sabia até mesmo como tê-la, a felicidade, mas por oras de seu orgulho e de sua falta de fé, não sabia, e nem podia, manejar a felicidade, como todas as outras pessoas normais que conhecia, e que invejava.
    Porém o que ela não sabia, o que ela não desconfiava, é que em um átimo de segundos poderia mudar tudo de uma vez. Talvez, ela podia pensar depois, se houvesse se demorado mais em frente ao espelho naquela manhã, amaciando seus cabelos, ou escovando os dentes, ou se tivesse emperrado a sola do sapato em uma calçada esburacada, se houvesse perdido o ônibus, atendido ao telefone e parado para conversar, se houvesse visto um conhecido na rua e parado para cumprimentar. Qualquer coisa. Qualquer coisa sem sentindo e insignificante, naquela manhã poderia transformar todo e qualquer acontecimento do destino. O inigualável e inegável destino.
    E sem saber como, um sopro de sentidos lhe aguçou a mente, e de repente era ele á sua frente. Ele a figura inestimável se seu sofrer, ele que ela havia negado e querido tanto, muito mais do que tudo que pudesse imaginar, ele que a entendia e que a compreendia, e que mais que tudo, ele a amava. Ela olhou seus olhos sem saber e nem ver cor alguma, enxergando apenas a si própria por reflexo deles na sede insana de encontrar qualquer sentido naquele vasto momento inexplicável, e viu um sorriso brotar nas faces brandas daquele homem que tanto amava. E de repente não havia mais roupas que lhe mantivessem vestidas como a uma armadura fechada e nem caixas que sobrepujassem sentimentos negados ou vazios. De repente tudo fez sentindo e como numa comédia, dois bobos incrivelmente apaixonados que se machucavam até o fim, tomaram-se em seus braços, agarrados na fome do beijo, na sede escapista de encontrar noutro um caminho, uma explicação. E a realização fixa de que tudo, mas qualquer tudo que ela havia dito antes, podia fazer sentido agora.
    Ah sim, agora sim, tudo ficaria bem, a jovem pensou.

Annabel Laurino.

O caminho da vontade sempre sentida


    As vezes me falta fôlego e depois passa. As vezes me falta ar, me falta comida, me falta sede. E isso nunca passa. To sempre arranhando as paredes. O muito pra mim é pouco e pouco pra mim nunca basta. To sempre afim de sentir. Sentir dor, sentir amor. Tanto faz. To sempre afim de sentir qualquer coisa nova, surpresa, vazio e que depois passa. Só não quero ficar presa nessa coisa, nesse ciclo, nessa vida, nesse rio. Não quero nadar sem encontrar nada. Quero sempre ter a certeza que estou mesmo assim em qualquer caminho, seja perdida, seja achada, ou seja achando alguém também, quero saber se to fazendo algo, e se não tiver, invento algo, não sei.
    Só não suporto que entrem na minha vida e que não me façam sentir. Tem que ter alguma coisa, tem que ser alguma coisa, não pode ficar nesse vazio, nessa coisa cabisbaixa de deixar a monotonia te engolir, tem que ter sede, fome, paixão, tem que ter mordidas na pele, suor, vontade. Tem que ter vontade pra sentir.
E isso meu bem, não me falta.

Annabel Laurino.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Argamassa misturada, sentida, mundo mudo do... viver


  Na noite escura e silenciosa,
 o roçar da pele crespa de meus dedos quentes
 crepitam no papel do livro velho e bolorento
 o arranhar do vento no galho seco, o leva até o vidro
 chama e grita
 baixo como um ronronar nervoso,
 e a chama escura que alumia ao passar das horas
 descompassa do relógio da sala e tictacteia sem parar.
A minha pele quente envolta na roupa de dormir se aconchega,
 desdobrando as dobraduras do tecido e se acomodando aqui e ali,
 reconfortante meu corpo procura um melhor modo para dormir.
A xícara vazia em cima da mesa resta somente o vapor do café quente
 que antes ocupava o recipiente,
a tevê desligada, a cadeira vazia, as roupas esquecidas, desdobradas
E tudo mais aqui dentro se aglutinando com o lado de fora,
 Em um silêncio ininterrupto, ninguém fala,
nem boceja e muito menos chora.
Guardei meu caderno de poesias embaixo do colchão
pra ninguém achar, e quem sabe nem eu mesma.
 Amarfanhei meus sentimentos no poste mais alto da rua
e como as lâmpadas antes acessas foram piscando até se apagar.
Logo tapei o rosto pelo edredom macio e fechei os olhos,
nada mais a ouvir ou ver, somente a acompanhar.
Comecei a imaginar teu corpo, tua pele coberta de pelos e tuas pernas,
 teus músculos, tuas coxas, teu pescoço, teu cabelo
e fui girando em um mundo mudo que ninguém podia ver,
 nem ouvir e nem falar, somente sentir, sentir sem parar.


Annabel Laurino.