quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

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dolorido-só

    Passei o dedo pela lista telefônica do celular, de nome a nome, de letra a letra, de número a número. Tudo o que eu precisava era de um contato que me atendesse as três da manhã enquanto chorava do outro lado da linha e ainda assim não desligasse o telefone na minha cara. Simples.
    Eu remediei as horas para não ir para a cama, mesmo cansada e com o corpo dolorido e a cabeça explodindo, mesmo querendo um lugar quente para me deitar tranquila, eu prolonguei o máximo que pude. Porque sabia que assim que deitasse a cabeça nos travesseiros eu ia chorar. Eu me conheço. O dia teria enfim acabado. A cabeça vai se esvaziando com as informações recebidas e vai passando uma espécie de filme. Dai eu pararia na cena que tudo acaba. Eu ia chorar. Chorei.
    Prometi para mim mesma que desde aquela ultima vez terrível eu jamais choraria assim por alguém, que eu jamais sofreria tanto assim e que eu jamais me decepcionaria ou me machucaria assim. E cá estou eu, machucada novamente, com todas as preses de 'vai passar' jogadas no lixo em segundos. 
    É como se tudo, absolutamente tudo, estivesse se repetindo. O orgulho exagerado, a arrogância pronunciada em cada palavra direta comigo, a maneira distante, como se eu fosse uma vilã, uma megera, um mal encarnado. Quando tudo que eu queria era que você simplesmente provasse o amor que dizia tanto que existia. Que jurava as estrelas inteiras do céu para dizer que existia. 
    Dói tanto agora. E me sinto uma idiota por isso. Eu só queria dormir. Eu só queria apagar tranquila com a mente vazia no meu travesseiro fofo e longe daquela almofada em formato de coração que você me deu e que fica me convidando para abraça-la enquanto durmo. 
    Eu só queria ser compreendida apenas uma vez. 
    Claro que a essa hora eu não teria coragem de ligar para nenhum dos meus contatos da agenda. Claro que eu não seria louca. Mas bem que seria bom. Bem que seria bom apenas uma vez me abrir e despejar tudo para fora. 
    Eu estou vendo um filme repetido em projeção 3D com direito a créditos finais e acréscimos de especiais ao fim. É doloroso, completamente compreensível e irremediavelmente insuportável.





Annabel Laurino

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Pedaços

Deu aquela dor desesperada no peito. Não, eu não estava sufocando. Eu não estava morrendo. Eu não estava tendo um ataque cárdico embora ainda parecesse que o meu coração estava sendo esmagado cada vez mais forte por mãos feitas de ferro. Eu não estava nada. Era você. Você partindo e quebrando dentro de mim alguma coisa que ficou ali por mais um longo tempo, em cacos. Você indo embora e eu com o coração despedaçado. A gente se dividindo em mil. A gente se tornando em saudade.


Annabel Laurino

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

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Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores. Eu não estou fazendo nada de errado. Só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas. 


 Caio Fernando Abreu

Enquanto minha guitarra suavemente chora

    Da vontade de atravessar todos os quilômetros que nos separam nesse exato instante só para me grudar no seu pescoço e te abraçar forte. Acabar logo com essas brigas bobas que acontecem agora tão frequentemente e eu nem sei mais como elas aparecem assim, tão do nada. 
    O que podia ser coisa de casal apaixonado que se ama já não é mais o caso. Vai além de implicância e amor de mais. Essas brigas e desentendimentos. 
    Eu acabei morrendo de medo de que tudo desse errado e quando eu finalmente me joguei por completo nos teus braços acabei me enroscando nas tuas mentiras e perdendo os passos. Acabei sem saber qual direção seguir. Não há nada agora que faça esse coração magoado a se recompor a não ser o seu completo e total amor. Mas quem nesse mundo consegue dar cem por cento de amor?
    Madrugada fria de verão e chove lá fora. Queria que aquela sua proposta de pegar um táxi no meio da noite e fugir para sua casa e me refestelar nas suas cobertas quentes junto do seu corpo confortável e já tão amigo intimo do meu ainda estivesse de pé. Você abriria a porta do carro e me colocaria embaixo dos teus braços, em segurança até a sua cama e eu ficaria lá, chorando as minhas magoas e medos antigos que talvez jamais irão se cicatrizar, até que você me fizesse um café quente e resolvesse prometer para sempre me amar.
    Sabe aquela musica do George? Tem aquela parte, aquela que diz que já não da mais para saber o que fizeram com você, que compraram e inverteram. Eu sou a pessoa da musica, comprada e invertida, com os ouvidos atulhados de coisas que só me levam para caminhos distantes. Acho que eu sempre fui assim, não é mesmo? A fugitiva partindo sempre para caminhos contrários quando tudo vai mal. É que eu sinto dor de ver tudo de uma forma que eu não possa curar. Meu lema é liberdade sempre, voe para longe mesmo que nada dentro de você irá conseguir se libertar. 
    Você que sempre me manteve presa a você, agora já não ta mais sabendo como me segurar. Você esqueceu como me manter firme embaixo das tuas asas meu anjo, e o som da minha guitarra melodiosa se encontra nos teus olhos castanhos, o único som que eu queria escutar. Mas não estou ouvindo. Há muito barulho lá fora e ele confunde tudo.
    Se eu pudesse fazer um desejo era que você chegue mais perto antes que eu já esteja longe demais para que até eu mesma possa me alcançar. Chegue e me tome nos seus braços, chegue e me faça promessas que realmente irá cumprir, chegue e não me deixe ir, não me deixe decidir um futuro que nem cresceu de tão imaturo. Mas chegue. Eu iria desejar. Grita nos meus olhos junto com os teus olhos gritantes, só para que eu veja o que não tais conseguindo me mostrar e vejas nos meus também, quanto medo!
    Já vai amanhecer o dia. Eu não guardo magoas no peito. Só cansaço. Só puro e sobrecarregado cansaço. A vida é longa e bela e nós somos jovens. Eu escuto George para me fazer mais feliz mas ao contrario disso fico calma e serena e lembro da gente e sinto saudades. Porque no fundo de tudo, sempre permanece aquela réstia de um gosto bom e que não será jamais acabado. Eternizado, eu diria. 
    O fim próximo come as páginas do nosso livro de lembranças e a unica coisa que me lembro quando fecho os olhos é que, esse tempo todo, eu estive onde realmente gostaria de estar.


Annabel Laurino

Na Sua Estante


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

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"Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois."


 Caio Fernando Abreu

sábado, 23 de fevereiro de 2013

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“Um coração como poucos. Um coração à moda antiga.”

 Clarice Lispector

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“Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.”

 Vinicius de Moraes

Surpresas dos caminhos doces

    Se eu ficasse parada olhando as reviravoltas da vida e abismada, observasse cada ponto estranho, cada nó, cada desfecho marcado por ela, eu obviamente ainda estaria no mesmo lugar. Mas não estou. Dessa vez não. Dessa vez eu andei e muito. Milhas mais distante do que um dia eu ja fui e deixei a muito de ser. Milhas distante do que eu abandonei lá atrás. 
    O tempo vai passando e você vai vendo a mudança na conotação das cores a sua volta, você não só observa as pessoas a sua volta, que mudam invariadamente, mas você percebe como a paisagem muda, ou são seus olhos que mudam, indefinidamente, você começa a ver tudo diferente. 
    Parece que finalmente de alguma forma eu sou enfim a dona do meu próprio caminho. Sou eu que escolho para onde e por onde eu prefiro ir. Quem eu escolherei para andar ao meu lado e quais sentimentos eu quero guardar aqui dentro dessa fortaleza dentro de mim mesma, tão bagunçada e seletiva ao mesmo tempo. 
    Vou te dizer que não sei nada da vida além do que eu leio nos livros. Os livros me dizem que a vida é difícil. Mas imensamente bonita se bem vivida. E eu estou vivendo, sabe? Com uma fome enorme de provar todas as coisas ao mesmo tempo, uma urgência em aprender todas as lições e conhecer todos os lugares, de entender todas as parábolas e decifrar todos os códigos, principalmente aqueles que as pessoas dizem diariamente. 
    Eu ainda não aprendi a lidar com sentimentos, com emoções. Mas se eu aprendesse perderia a graça da surpresa de um coração vivo e gritante. Eu prefiro assim, constantemente assustada e deliciada com os caminhos que a vida me leva e continuará levando a seguir, quem sabe para cada vez mais acima do que os meus próprios sonhos poderiam sonhar um dia.




Annabel Laurino 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Vienna

Tão ruim, mas é a vida que você segue
Você está tão à afrente de si mesma que esqueceu o que precisa.
Embora você possa ver quando você está mal
Sabe, você nem sempre saberá quando você está bem, bem.

Você tem sua paixão. Você tem seu orgulho
Mas você não sabe que apenas tolos ficam satisfeitos?
Sonhe, mas não pense que todos os sonhos se realizarão
Quando você vai perceber? Viena espera por você


(Billy Joel)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

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"Oh! Um caminho! Eu sabia que iria encontrar uma saída. E se eu correr, talvez chegue em casa a tempo para o chá."



(Alice in Wonderland)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

While My Guitar Gently Weeps


Eu olho para todos, vendo que o amor está dormindo
Enquanto minha guitarra suavemente chora
Eu olho para o chão e vejo que precisa ser limpo
Enquanto minha guitarra suavemente chora

Eu não sei porque ninguém te disse
Como desdobrar seu amor
Eu não sei como alguém te controlou
Eles compraram e venderam você

Eu olho o mundo e eu noto que ele está girando
Enquanto minha guitarra suavemente chora
Com cada erro nós certamente estamos a aprender
Ainda minha guitarra suavemente chora

Eu não sei como você foi distraído
Você também foi corrompido
Eu não sei como você foi invertido
Ninguém te alertou




George Harrison 

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“— É pecado sonhar?
— Não, Capitu. Nunca foi.
— Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos?
— Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer.”


Dom Casmurro

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Vastidão que mora dentro

    Eu não sei ser mar sem emitir um pouco de solidão. Penso que tudo que é bonito demais é um tanto inatingível e por si solitário e assim triste. A vida as vezes é assim. Inatingível. É como se nascessemos com uma meta predestinada. Atinja a meta, seja alguém, apaixonasse e viva, atinja a meta. Mas essa meta as vezes fica tão longe, lá acima, naquele pedestal. Quantos degraus serão precisos para que eu a alcance? Eles não me disseram nada sobre isso, não me avisaram sobre essa beleza de viver e mesmo assim essa coisa dura que fica ali nos empurrando degraus acima para que atinjamos a meta, a vida sempre tão bonita, e rara e unica e cheia de momentos que parecem que vão estourar a qualquer momento feito uma bolhinha de sabão. A solidão da busca diária ao inalcançável de nós mesmos. Colocando-se sobre uma redoma de vidro onde o que eu realmente sou fica exposto para que todos vejam. E o que será que todos vêem? Eu não sei. Para mim poderia ser um pássaro, mas para o outro quem sabe um grampo de cabelo. Te julgam mas no fundo te amam tanto. É uma imensidão sem fim essa que mora dentro. A gente desconfia que é cabana pequena até que se entre por dentro e de descubra a mansão de mármore que fica logo depois do corredor de ouro. É uma vastidão infinita de coisas que você é e esconde e não sabe nem se quer onde. É como eu disse no começo, eu não sei ser mar sem nem ao menos um pouco de solidão. 



Annabel Laurino

sábado, 9 de fevereiro de 2013

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Você sabe, estou saindo de um momento muito escuro, então tenho procurado não deixar que as minhas dores pessoais — do meu ponto de vista: enormes — interfiram no meu viver objetivo.





Caio Fernando Abreu

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E para os sonhadores, os livros. 






Annabel Laurino

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

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“Durante a minha vida inteira, foram poucas as pessoas que resolveram se aproximar – apesar da minha expressão pouco receptiva – e acabaram descobrindo que o que eu menos tinha era presunção. Eu era apenas uma garota tímida...” 


(Fazendo Meu Filme 4)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Livros, Chás e Bolinhos

  Resolvi voltar a escrever resenhas de livros já que os 200 livros (isso mesmo 200) que tenho nas prateleiras e outros lugares espalhados pelo quarto deveriam servir para inspirar não só a mim mas à outras pessoas e qual a forma melhor do que escrever sobre eles e assim, quem sabe, tirar duvidas do próximo livro que servirá de inspiração para alguém além de mim? Pois é, voltei com tudo. A primeira postagem em resenha foi do livro Lola e o Garoto da Casa ao Lado. Aos leitores que acompanham o Pontos e Vírgulas deixo o link logo a baixo para conferir e seguir a vontade, aguardo sugestões e comentários com trocas de informações que ficarei mais do que feliz em receber! 


Annabel Laurino




---> Livros, Chás e Bolinhos


Personagem favorito e as cenas em preto e branco

    E se tudo mudasse agora e para sempre? Temos mesmo essa possibilidade, não é mesmo? Esse monstro chamado mudança que vive lá, embaixo da nossa cama e que um dia pode vir nos assombrar, quando a gente menos esperar. 
    Tudo pode inverter, virar de cabeça para baixo e sei lá, deixar de ser.
    Você nunca se imaginou sem aquela pessoa muito importante na sua vida? Você nunca pensou como seria a vida sem ela? Como serão as tardes tediosas, os filmes legais que você irá assistir mas sem aquela companhia acalorada para criticar junto as partes mais legais ou ruins, os planos de fim de semana sem um complemento a mais, uma cama a mais para você poder se deitar e derramar-se tranquilamente. Como serão as felicidades sem poderem serem repartidas? Como serão os gostos das decepções sem poderem ser choradas naquele ombro que não está mais ali, não serão ainda mais amargas? 
    Tudo pode mudar sem a companhia daquela pessoa que realmente nos acrescenta. E eu penso nisso quase todos os dias. Agora é quase nítido essa mudança, tudo pode embarcar para um até mais que se tornará aos poucos em nunca mais e quando eu olhar para lado tudo não terá passado de 3 meses de verão apontados num calendário velho, numa página bolorenta que marcavam dias que não existirão mais.
    Como serão meus passos sem que as minhas mãos tenham naquelas mãos a segurança firme do equilíbrio que eu preciso para permanecer nessa corda bamba? Como sobreviverei por tantas mudanças sem aquele sorriso imenso iluminando tudo, me encorajando a prosseguir?
    As vezes, talvez, refletir sobre isso nos faça pensar o quanto importante são algumas pessoas em nossas vidas. O quanto tudo muda de uma hora para outra e as vezes, por eventualidade ou fatalidade, não temos muito o que fazer a não ser assistir ao talento da vida em recomeçar capítulos sem a nossa permissão. As vezes alguns personagens prosseguem no enredo, as vezes eles são substituídos ou simplesmente não aparecem mais.  
    Eu realmente rezo todos os dias para que essa pessoa nunca saia da minha vida, é um dos meus personagens preferidos e eu não queria ser obrigada a servir de audiência para capítulos terrivelmente tediosos e horríveis após esse personagem sair. Os capítulos seriam em preto e branco e a trilha sonora seria terrivelmente velha e démodé de uma forma que ninguém aturaria ouvir, até que aos poucos nem eu mesma iria suportar assistir os capítulos e ninguém mais, eu desconfio. 
    Mas e se não tivesse mesmo o que fazer eu teria que suportar de qualquer forma. A gente tem sempre que arranjar uma forma de tirar o coelho da cartola e conseguir sorrir, mesmo que tudo fique cinza e sem grança, acima da trilha sonora péssima e do preto e branco que se tornariam as cenas. Eu acho que sinceramente não suportaria, mas o filme estaria passando e nada realmente iria mudar de fato, apenas que a presença daquele personagem tão ilustre não estaria mais presente. Mas eu ainda o estaria adorando, esperando que ele surgisse nas próximas cenas e capítulos  Acontece, a vida as vezes apronta dessas e não há o que possa ser feito. De qualquer forma, ainda seria meu personagem favorito sobre todos.
    Tudo que precisamos é pensar que embora tudo mude, embora tudo se altere, é importante preservarmos sentimentos bons por aquilo que realmente fica, aquilo que realmente permanece, aquele alguém que realmente marcou, esteja ainda sobre os nossos olhos ou não, estando futuramente ou não. O que importa realmente é o que permanece. O que realmente não pode ser apagado por nada e nem ninguém. E que te fará lembrar sempre com um sorriso imenso nos lábios e uma saudade forte de apertar o coração.



Annabel Laurino

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

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Claro, sonhos quebrados sempre doem. Mas talvez seja mais saudável contemplar os cacos e tentar compreender o quebra-cabeças do que comprar uma passagem para a Disneylândia. 


 Caio Fernando Abreu

domingo, 3 de fevereiro de 2013

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"Daí, eu também ando muito triste. E sem entender quase nada."




 Caio Fernando Abreu

Nos últimos dias, isto é, ontem, a tristeza começou a ceder terreno a uma espécie de — digamos — abnegação. Durmo, acordo, faço coisas, leio muito. E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. E tudo, e tudo, e tudo. — Caio Fernando Abreu

Sentimentalismo, me deixe!

    Ta chovendo lá fora. A água para o chá que eu pus para esquentar acabou de ferver. A chuva fustigou na copa das arvores e nos telhados, na rua inteira, quase que na cidade toda. Eu não sei o que sinto porque sinto muito, ao mesmo tempo, tudo quanto é coisa possível  E mesmo assim, não quero falar sobre isso. Eu tentei escrever sobre fadas, um mundo distante, uma paixão pelo meu hobby favorito, tentei descrever sensações ao tomar uma deliciosa caneca de café em uma noite como essas e falar sobre filmes que tenho assistido ultimamente. Não funcionou, se você quer saber. Tudo muito jornalistico, descritivo e cientifico. Eu sou muito apegada ao detalhismo sentimental. E ai é que está. Estou fugindo de sentimentos nesse exato instante. Estou correndo de todos eles, o que é uma tentativa inútil já que os tenho presos dentro de mim. Queria escrever sobre tantas coisas, mas menos isso, menos sentimentos. Tudo menos eles. Queria dizer o quanto a vida é linda e a noite está agradável e o quanto eu amo a chuva. Mas são sentimentos novamente. Sempre sentimentos. Será que conseguirei fugir? Será que terei como escapar?
    A resposta é nítida. Não me despeço. Afinal, voltarei em breve com mais uma de minhas minucias descritivas e amorosas, encharcadas de detalhes, inundadas de sentimentos. 
    Confesso que essa vida as vezes, me cansa. 



Annabel Laurino