Annabel Laurino
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
;
Tem coisas que a gente faz e nem percebe. Tem coisa que você faz e nem percebe. Tem coisas que você não faz e nem percebe. Mas eu percebo tudo. Eu analiso tudo. Eu acompanho a falta de todas as coisas que teu carinho vem deixando a desejar e fico aqui te olhando, esperando você notar, sei lá, dentro dos meus olhos qualquer sinal meu de cansaço, de saudade de como era tua entrega antes e como é frustrante agora ter parcelas divididas, receber o resto, o pouco, o que é e é só isso, aceite. Não aceito. Desculpa, não aceito. Tenho me cansado muito, das minhas esperas, tas tuas raras vindas. Fico analisando tudo isso, e percebo a mim, meu estado de inconformação, como eu fico por dentro com as coisas todas que acontecem e novamente, você nem percebe. A resposta é simples e prática, desnecessário progredir. É como se machucar sempre e por gosto, como colocar acido na boca e depois sorrir, como ficar esperando um ônibus que não passa naquela estação. Ele nunca vai vir, ele nunca vai chegar. E a gente nunca vai ser, nunca vamos ir.
;
Annabel Laurino in Vou Lembrar de você
Expectativa: elemento igual a uma chaminé vazia, cheia de pó
Claro que você não é um daqueles pedaços de massinha de modelar colorida que eu tirava da caixinha quando criança e dava a forma que quisesse, claro que você não é um robô com um controle remoto que fica na minha mão enquanto eu aperto os botões e disparo os comandos. Claro que você é só você mesmo e eu sou só eu mesma. O mundo continua firme sobre isso. E as minhas expectativas continuam a evaporar pelo ar.
O mais engraçado de se conviver com as pessoas é quando eu fico esperando delas atitudes, ações, coisas assim e que nunca vêm, jamais. Na minha cabeça eu sempre agiria de outra forma, eu sempre falaria outra coisa. Sempre. E não da forma como as pessoas agem. Seja minha mãe, meu pai, meu namorado, minha tia e enfim. Eu fico esperando coisas que nunca vem.
É como esperar o papai noel acordada e depois descobrir no aniversário de uma amiguinha que eu sou uma tola, somente eu de todas as crianças da festa, que ainda não descobriu que papai noel não existe e nem nunca existiu. E então eu penso no tempo perdido e em toda a esperança jogada fora, a expectativa de acreditar em algo, de esperar algo que nem se quer chegou a existir.
As ações das pessoas causam mais ou menos o mesmo tipo de reação em mim. E é evidente que eu não posso controla-las e nem dizer o que devem fazer, mas o que eu faço com esse tipo de sentimento estranho que fica? Uma especie de desapontamento.
Fico esperando o papai noel descer da chaminé todas as noites e é claro, nunca acontece. Ansiosa por ver aquela roupa vermelha surgindo na frestinha da porta, a risadinha da propaganda da coca-cola em final de ano e quando eu acho que vai, sim, que vai, que vai surgir, não, não surge.
Tudo bem, eu não estou querendo o papai noel realmente, eu estou querendo ações, atitudes. Que as pessoas acordem, que elas comecem a fazer e dizer e agir por contra própria, sem que eu tenha que pegar o telefone e dizer, mais uma vez entre mil, que sei lá, que eu não curti aquilo que você fez e então tirar o peso da sua consciência e começar um assunto que você próprio deveria ter começado. Ou jogar um verde e dizer que você tinha que ser mais romântico. Ou dar um alô sobre o presente que eu ando querendo já que você não mostrou interesse algum a respeito. Que eu ando querendo outras coisas. Que por acaso, só por acaso, eu não quero ter que ficar falando e fazendo tudo.
Coisas assim, coisas que ficam entaladas na garganta que eu vou engolindo e engolindo e vezes da até vontade de fazer uma pessoa virar uma massinha de modelar só para poder esmaga-la devagarzinho. Mas me acalmo, conto até dez e fico que nem criança descobrindo toda a verdade, desapontada, os olhos aguados, uma vontade de gritar com qualquer um. E a verdade é estampada em qualquer lugar, bem grande, em negrito para todo mundo ver, que as pessoas, todas as pessoas, sem exceções, são loucas, elas são chatas e que eu nunca, nunca, nunca, vou entende-las.
Da vontade de comprar um gato e me mudar para um ilha distante, esquecendo que a palavra socializar um dia se quer chegou a existir.
O mais engraçado de se conviver com as pessoas é quando eu fico esperando delas atitudes, ações, coisas assim e que nunca vêm, jamais. Na minha cabeça eu sempre agiria de outra forma, eu sempre falaria outra coisa. Sempre. E não da forma como as pessoas agem. Seja minha mãe, meu pai, meu namorado, minha tia e enfim. Eu fico esperando coisas que nunca vem.
É como esperar o papai noel acordada e depois descobrir no aniversário de uma amiguinha que eu sou uma tola, somente eu de todas as crianças da festa, que ainda não descobriu que papai noel não existe e nem nunca existiu. E então eu penso no tempo perdido e em toda a esperança jogada fora, a expectativa de acreditar em algo, de esperar algo que nem se quer chegou a existir.
As ações das pessoas causam mais ou menos o mesmo tipo de reação em mim. E é evidente que eu não posso controla-las e nem dizer o que devem fazer, mas o que eu faço com esse tipo de sentimento estranho que fica? Uma especie de desapontamento.
Fico esperando o papai noel descer da chaminé todas as noites e é claro, nunca acontece. Ansiosa por ver aquela roupa vermelha surgindo na frestinha da porta, a risadinha da propaganda da coca-cola em final de ano e quando eu acho que vai, sim, que vai, que vai surgir, não, não surge.
Tudo bem, eu não estou querendo o papai noel realmente, eu estou querendo ações, atitudes. Que as pessoas acordem, que elas comecem a fazer e dizer e agir por contra própria, sem que eu tenha que pegar o telefone e dizer, mais uma vez entre mil, que sei lá, que eu não curti aquilo que você fez e então tirar o peso da sua consciência e começar um assunto que você próprio deveria ter começado. Ou jogar um verde e dizer que você tinha que ser mais romântico. Ou dar um alô sobre o presente que eu ando querendo já que você não mostrou interesse algum a respeito. Que eu ando querendo outras coisas. Que por acaso, só por acaso, eu não quero ter que ficar falando e fazendo tudo.
Coisas assim, coisas que ficam entaladas na garganta que eu vou engolindo e engolindo e vezes da até vontade de fazer uma pessoa virar uma massinha de modelar só para poder esmaga-la devagarzinho. Mas me acalmo, conto até dez e fico que nem criança descobrindo toda a verdade, desapontada, os olhos aguados, uma vontade de gritar com qualquer um. E a verdade é estampada em qualquer lugar, bem grande, em negrito para todo mundo ver, que as pessoas, todas as pessoas, sem exceções, são loucas, elas são chatas e que eu nunca, nunca, nunca, vou entende-las.
Da vontade de comprar um gato e me mudar para um ilha distante, esquecendo que a palavra socializar um dia se quer chegou a existir.
Annabel Laurino
Assinar:
Postagens (Atom)