O carinha da cafeteria perguntou por você um dia desses. Me fez ficar cabisbaixa, é verdade. Aposto como ele lembra de você pagando a conta dos cafés e pedindo aquela Soda de maça verde que ninguém pede, só você pedia. Aposto que ele lembra de você se inclinando na mesa pra beijar minha mão e do quanto eu sorria escondido, feliz. O cara da cafeteria sente a sua falta também.
Sem contar do resto das pessoas da família, aquele meu tio que fala alto e careca, ele pergunta de você e sei que ele sente sua falta, ele nem precisa dizer, eu era mais sorridente quando você estava aqui. A mãe da minha amiga perguntou por você qualquer dia desses no supermercado e eu sei que ela sente a sua falta porque fez aquele olhar pra baixo e olhou para o meu lado como se ali, aquele vazio tão visível para todos, só pudesse ser completado por você. É, ela sente a sua falta em mim.
E os lugares que estivermos eles sentirão a sua falta. E irão sentir, eu sei.
O meu corpo, pobre coitado, sente a sua falta. Das suas mãos grandes passando envolta de mim, me puxando, me elevando, me jogando no sofá da sala e brincando comigo como se eu fosse um cubo mágico de mil cores, das quais você manuseava tão bem. Meu corpo manda dizer que sente sua falta. Assim como meu sorriso já cansou de procurar o seu por ai, só para ele sorrir maior.
Já faz um pequeno tempo que todos nós sentimos a sua falta. Todos nós e o meu universo paralelo ao seu, porque é isso que eu sou, um universo paralelo ao seu. E esse universo todos os dias se refaz mais uma vez, sentindo a sua falta. É difícil não sentir, é difícil disfarçar. Lembro e esqueço da sua barba, dos seus olhos, da sua maneira, de você e você mesmo e tudo mais que vinha no pacote, e te amo mais uma vez em um silêncio rarefeito que ninguém escuta mas todos sabem porque já esta estampado em mim.
E não mais do que uma vez e nem mais uma novidade I miss you, again and again and again.
Annabel Laurino