terça-feira, 18 de março de 2014

De repente

    O sol crispa nas calçadas quase cheias de pessoas. O sol que logo vai embora, é só uma réstia. Lá em cima há as nuvens, cheias, carregadas de chuva. E me sinto por dentro de um grande áquario, analisando tudo por essas imensas janelas de vidro.
    E começa a chover.
    Começa como termina, de repente. E termina como começa, de repente.
    É uma rapidez a alternância do humor dos dias. Uma alternância no humor dentro de mim mesma. E de repente eu me descubro. De repente. Como quando começa e termina. Eu me vejo com o coração apertado no peito e prestes a explodir, é adrenalina pura.
    Quero me apaixonar, quero viver as novas sensações da vida. A chuva e o sol. O que vier primeiro, tanto faz, mas que seja de repente. Que eu não possa prever. 
    O que costuma ser estranho tende a ser divertido. E eu quero isso, o divertimento que o estranho tem. Quero suar a mão na mão de outra pessoa, nervosa. E beijar e beijar e beijar. E me sentir beijada. Quero ter surpresa e fazer surpresas depois. E receber colo, caminho, carinho. Quero dar amor e sentir paz depois, e turbulência e nervosismo e frio na barriga e depois paz novamente. 
    Turbulência. A vida precisa disso as vezes.
    O sol vem novamente, depois da chuva repentina. 
    Não fico triste. Eu gosto da alternância. É dinâmico, é divertido. E os guardas-chuva se fecham na velocidade em que se abriram. As pessoas continuam caminhando sem rumo, lá fora, na rua. E os seus passos é como se medissem a velocidade correta de batidas do meu coração. 
    Mais tarde, no mesmo dia, choveu novamente. 
    E assim, nós vamos indo. 
    





Annabel Laurino