sábado, 17 de julho de 2010

Um dia de cada vez.

Disse Charles Chaplin, “Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.”


Plenitude, Pleno, cheio, completo, por inteiro.

Seria este o saber de todos que nos esquecemos?
Seria isto uns dos fatos em que deixamos para trás e, no entanto seria ele um complemento de então tudo se tornar completo?
Mas que tudo?


Acho que como muito aqui já pude dizer, meus poucos e míseros 15 anos de vida deixam, no entanto muito a desejar. Embora isso não impeça ninguém de ter algo á contar, embora isso também não me impeça de aprender. Aprendi um dia que me sou completa, até mesmo com os meus próprios erros, cujo quais aprendi lições das quais jamais esquecerei. Junto á elas sou encharcada de uma constante chuva de sentimentos profundos também, e um deles, talvez o mais contínuo de todos, seria a perda.
Ah sim, na maior parte do tempo eu perco algo. Perco pessoas, das quais logo que perdi percebi então que me eram essenciais. Perdi costumes que eu mesma achava que eram uma parte de mim, e logo que perdi percebi então que eram só mais uma mania boba. Perdi maneiras de ver as cosais, e pensamentos também. Perdi coisas, sinto falta delas também. Mas, ah quem diga que o materialismo não serve pra nada, talvez seja verdade, vai saber.
Mas junto á tantas perdas, eu aprendi um conjunto de coisas que me foram importantes. Não se pode ter tudo. Principalmente tudo de uma vez só. Ah isso é verdade. Acredite você ou não.
Bom, eu sempre fui um bocado idealista por se bem dizer. Pensar sempre foi algo que, no entanto se tornou meu hobby. Oras, não pense que pensar é uma coisa que todo ser humano faz, acredite á muitos que não pensam.
Então, eu pensei muito sobre os meus sonhos ultimamente. E devo dizer que são muitos. Mas isso também pouco importa. O que me peguei pensando foi à pressa continua em que os tenho á alcançar. O quanto ansiosa fico por tal dia, o quanto me pego pensando sobre o que será de amanhã.
Então pensei, por que pensar no amanhã?
O amanhã nem chegou. O amanhã nem amanheceu.
Seria isto então a plenitude? Esperar?
Talvez...
Talvez seja este um dos grandes problemas do homem, mesmo que sejam eles muitos. A pressa talvez seja a pior. Pressa de viver, pressa de sonhar, pressa de realizar, amar, correr, chegar, alcançar...
São tantas coisas, que nos perdemos em nosso próprio mundo, achando que ele gira em torno de nós. A nossa pressa exagerada de viver, de chegar á lugares distantes, de olhar e ver o prêmio da corrida. Seria isto então que nos faz desperceber coisas que seriam á nós muito mais eficazes do que um mero alcanço de “meta”?
Quem um dia ficou á observar o mar, o sol, os pássaros, o sorriso de pessoas á sua volta, o som do falar, a respiração, a luz do céu, as cores ilustradas em um fim de tarde...
Quem um dia se quer parou no fim de noite e pensou no quanto está completo de si? Provavelmente raramente. Talvez por que sempre queremos mais, mais um dia, mais uma meta, mais uma hora e então mais uma coisa á pensar...
Então seria isso, plenitude. Estar pleno, completo de si. De seus valores, de suas próprias reflexões.



Deixo á dica àqueles que raramente observam a cor de seus próprios olhos, reflitam mais, amem mais o que em si possuem, antes que assim percam.




Com carinho, Annabel Laurino.

Onde está você?

Onde está você meu caro anjo que não aqui para me amar? Onde está você, que não aqui para minhas lágrimas enxugar? E em um abraço cálido e reconfortante me aquecer?
Cadê você meu anjo, que não aqui para mim poder desfrutar da luz de sol que irradia de seus olhos?
Cadê você que não aqui, pegando a minha mão, me prometendo o céu e o paraíso?
Onde está você?
Eu já disse que lhe esperaria a eternidade, pelo menos enquanto fosse até o ultimo sopro de meu viver, até o ultimo batimento de meu frágil coração. Mas eu aguardarei.
Aguardarei o momento em que nossos olhos se encontraram e então será tudo.
Será a o sol ao longe brilhando após dias de chuvas. Será a razão de tudo, e o mais complexo motivo de todos de existir.
Mas eu esperarei.
Esperarei você para segurar minhas mãos e me beijar, pois será real.
Esperarei o dia em que escutarei o seu coração colidir forte junto ao meu.
Esperarei o dia de que nossos corpos estarem por sobre um ao outro, por amor.
Esperarei o dia que o verei chegar, só pra mim, pra mim poder te amar.
Eu esperarei o dia em que ouvirei as palavras que então serão a razão de minha vasta existência.
Eu esperarei. Sim, pode ter certeza.
Mas até lá, me perguntarei, onde está o sol? Onde está a razão?

Annabel Laurino.

Mais um sonho...

Sexta feira, 3:58 da manhã quando eu descansei minhas pálpebras pela ultima vez naquele dia. Estava tão cansada, que sentia todos os músculos de meu corpo gritarem entorpecidos. Mal conseguia pensar direito, pois, sentia minha cabeça latejar em protesto de dor. A temperatura estava razoável, pude dormir com a minha camisola rosa riscado de algodão e descansadamente sem me importar se acordaria no meio da noite tremendo de frio.
Então por essa hora, eu fechei os cadernos de química e decidi que dormiria.
Tapei-me até á cabeça, estiquei meu corpo e virei para o lado, tão entorpecida de dor que somente o fato de estar em uma cama macia já me consolava o corpo.
Então não tardei a dormir, foi bem rápido. Geralmente demoro horas para dormir pensando em o que eu fiz no dia, o que falta fazer, o que poderia fazer, e até mesmo por que não fiz tal coisa ou não disse aquilo á alguém quando tinha a chance.
Então aconteceu como sempre acontece.
Comecei a sentir um cheiro estranho, era um ar limpo, como se estivesse em outro lugar, mas não podia ver, meus olhos estavam fechados e tudo que via era uma vasta escuridão.
Mas o cheiro era delicioso, me sentia calma e lembrava-me de açúcar e cores rosa e azuis daqueles algodões doces de criança, lembrava-me jasmim e frutas.
Então eu lutei para abrir os olhos, percebi que estava deitada. E quando me sentei, a superfície em que me encontrava era macia e quente. Passei os olhos por sobre o recito e pude perceber que estava no meu quarto. Estava tão diferente...
Não havia os mesmos móveis, eles eram estranhos, mas bonitos, robustos e escuros. Mais antigos eu diria...
A janela a minha frente era a mesma, alta e larga. Estava aberta e podia ver o céu azul lá fora, o sol estava á meio do céu e reluzia por sobre o chão do quarto. Podia escutar os pássaros cantando e a paisagem de minha janela já não era mais de casas vizinhas á volta. Eram arvores tão lindas que me perguntei como podiam estar ali. Tinham flores em seus cubes, todas coloridas, e o cheiro parecia que vinha delas.
Então olhei para as paredes, não estavam pintadas do verde em que o meu quarto se encontra, eram de um pêssego mais rosado e havia somente um quadro na parede, era de uma rosa vermelho sangue e nela tinha gotas d’água que caiam por suas pétalas. Busquei minha escrivaninha, meu computador, e minha TV. Mas não havia ali objeto algum em que me lembrasse daquele lugar que era meu quarto.
Olhei para baixo, buscando ver melhor o que vestia meu corpo e estava usando o mesmo vestido rosa celeste, que sobre meu ombro caia as fitas em ceda creme, junto os meus cachos castanhos que agora claros pela luz do sol. Estava coberta de um manto de veludo azul escuro e minha cama não parecia mais a mesma, possuía um alto e bonito dorsel á cima.
Foi quando eu estava perdida em meus pensamentos e a cata de características que me fizessem lembrar onde afinal eu estava, senti um baixo e leve pigarro no canto daquele recinto. Eu levei os olhos e vi aquela figura celestial, em pé.
O sol tocava seu rosto e pude perceber o quanto as maças de seu rosto estavam rosadas, e mesmo pela pele dourada eu conseguia perceber. Estava sorrindo, seus dentes de um branco brilhante. (não sei que plano odontológico aquela figura tinha, mas sugiro que era de ótima qualidade). Seus cabelos escuros como um veludo, eram de aparência macia, todos fios eram bagunçados e brilhantes. Estava vestindo sua camisa branca entre aberta no seu peito, calças e sapatos. Seus olhos do mesmo jeito em que lembrava. Olhos arredondados, marrons avermelhados e penetrantes. Suas mãos estavam no bolso da calça e podia ver como ele era alto. Pelo menos perto de mim. Ele me olhava de uma forma carinhosa como se estive diante de uma obra de arte e estive mostrando-a e então esperando as criticas de seu telespectador. Mas não me perguntou nada. E se perguntasse eu não ouviria... Bem, meu coração batia tão incoerente que o sentia pulsar tão forte em meus ouvidos que era impossível prestar á atenção do que me dissessem. Eu já havia me avisado para não olhar seus olhos, e muito menos aquela boca... Era tão desenhada, de um rosado natural, e se vinculava no sorriso deixando-o simplesmente perfeito. Não havia uma parte dele em que eu diria que não era perfeita.
Enquanto sentia meu peito bater e já preocupada se meu coração agüentaria aquela perfeição, ele começou a se aproximar. Então me sentei de forma mais educada e tirei aquele manto de sobre mim e pus minhas pernas para fora da cama. Pude ver que meus sapatos não eram lá muitos modernos, de longe eram Prada ou um par de Jimmy Choo. Mas eram fofos. Mais pareciam sapatilhas de bailarinas, sim bailarinas. Mas tinham saltos, eram rosa veludos e meio escurecidos.
Sentei-me esperando que ele fosse também sentar-se ao meu lado. Mas ele colocou-se em pé a minha frente e sim, acho que ele pensou em sentar-se á cama comigo, mas hesitou pensativamente, percebi que um vinco entre as sobrancelhas formavam-se, então ele estendeu a mão para mim. Peguei-a. E quando eu toquei sua mão, me veio um calafrio por sobre meu braço e continuou pelo meu pescoço. Ele estava sorrido, abandonara aquela expressão de duvida que enfim não entendi.
Então ele puxou-me para perto de si, nossos rostos quase se tocavam, onde escutava a sua respiração. Em pensar que um dia tive a sorte de senti-la longe desses sonhos...
Ele colocou a mão de leve em minhas costas, por sobre a minha cintura e a outra pegava pequenos fios de meus cabelos cacheados e os enroscava em seus dedos e sorria. Eu colocava meus braços por sobre seu pescoço, mas às vezes passava a mão sobre seu rosto perfeito, tentando entender como aquilo era tão real. Ficamos assim por pouco tempo. Até que o silêncio quebrou-se pela sua voz macia e aveludada em meus ouvidos.
- Já não agüentava mais ficar longe de você... Meu Deus, como senti falta de tocar sua pele. Como senti falta de olhar para você assim, tão de perto...
Eu sorri, não conseguia falar, era demais para mim, ter aquela voz sendo sussurrada em meus ouvidos e sentir seu coração bater em seu peito. Era demais para mim estar assim tão perto dele. Sentia que nada mais que houvesse no mundo poderia tirar aquela alegria que ecoava no meu peito, parecia que um grito de felicidade se formava em minha garganta.
E quando viu que nada eu o falaria suspirou alegre e sorrindo, e falou algo tão baixo que pensei que fosse pra si mesmo, não pude entender, mas era algo bom, pois ele estava com seus lábios vinculados em um sorriso e olhava meus olhos depois minha boca. Foi quando eu senti minhas pálpebras fecharem-se e seus lábios tocaram de leve os meus. Eram cálidos e macios. Ele me abraçou e me beijou. Jurei a mim mesma que não precisava sair dali nunca mais, que poderia ficar em seus braços sempre, ali, desde que fossem em seus braços.
Ele não me beijou como das outras vezes, sempre tão recatado e cuidadoso. Beijou-me como se fossemos um só, como se não houvesse sonho algum e tudo aquilo fosse real. Ele pegava meu cabelo e me colocava junto ao seu corpo.Tão junto que senti sua pele quente na minha. Senti sua respiração forte. Meu braços contornavam seus braços e seu rosto.
Foi que então ele parou, respirando pesarosamente, e me olhando como se aquilo tudo o espantasse mais do que a mim mesma. Ele disse: - Desculpe-me, desculpe-me... eu não sei o que estava pensando...
Não queria que ele se explicasse de nada, aquilo era um sonho, e a ultima coisa que eu precisava era que ele se explicasse por ter me beijado e perdendo nosso tempo de estarmos juntos. Se é que havia mesmo um tempo cronometrado. Mas em geral era sempre assim, do nada ele sumia.
Então cortando suas palavras aproximei e o abracei, pus meu rosto em seu peito e o senti surpreso, então depois de alguns segundos ele contornou meu corpo com seus braços e sussurrou: - Não esqueça que eu estarei sempre aqui, minha menina.
Senti lágrimas impulsionarem-se de meu rosto, e ele que percebeu então, secou-as e falou para que eu não chorasse beijou-me o rosto e se afastou. As cores desbotavam-se como quadros de pinturas sendo encharcados de água. E tudo então começou a sucumbir de onde estava. Ele sorria em pé a poucos centímetros de mim.
Eu queria dizer-lhe que era um idiota por estar feliz por estar indo embora. E que eu nunca mais queria vê-lo se fosse para me abandonar assim. Mas eu sabia que não conseguiria, jamais poderia dizer que ele era um idiota, ou até mesmo culpá-lo por ir embora de meu sonho. Mas se era meu sonho eu não deveria ter o misero direito de escolher o final? Acontece que eu sabia bem o que era aquele momento e pra mim tinha mais significado. O momento onde tudo que era mais perfeito sumia de meus olhos. O momento onde a incerteza de o ter de novo tomava meu peito.
Comecei a sentir um frio latejar em minha pele, escutava a voz de alguém, mas não sabia de quem. Então cai por sobre meu corpo, e isso estranhamente me assustou.
Tomei posse da realidade e estava de olhos fechados, sentia frio, e nada parecia tapar-me. Aquela voz, era minha mesma. Eu estava gritando, sentia que involuntariamente sons saiam de minha garganta. Então abri os olhos e sentei-me.
Sim, era dia. Um novo dia. E sim, lá estava o sol. Eu estava em meu quarto, eu era eu mesma, com a minha camisola rosa riscada de algodão escrito “Good Nith Bad Girl” (patético). As pestanas da janela jorrando a luz do sol de mais um dia de outono e tudo parecia normal. Mas dentro de mim nada era normal.
Não era normal essa falta que tocava e tilintava em meu peito, uma magoa, dizendo-me que algo estava faltando. Eu sabia o que era... Mas não sabia como supri-la.


  Annabel Laurino.