Eu não sei como dizer, mas sustento dentro de mim, mesmo que por fora não aparente, uma estranha vontade de ser cuidada. E isso pode nada ter haver com a minha estranha necessidade de que o tempo parasse.
Às vezes, depois das loucuras do dia, no descanso da noite, trancada no quarto, a porta fechada, as luzes apagadas, me pego escutando musicas que prometem um abraço, um carinho, um amor. E no meio do escuro, meus olhos fechados agradecem por ninguém ver o que peço silenciosamente... Não peço uma, nem duas vezes de um dia normal, com alguém normal que possa apenas servir para satisfazer um vazio carnal eletrizante e gritante dentro de mim, ou que possa apenas matar essa sede escapista de ter com que repartir um pedaço da vida, da dor, do amor. Apenas, peço humildemente, ao tempo, no silêncio, um segundo para tudo parar e que nesse pequeno intervalo de tempo, eu posso sentir a aproximação eterna e tão desejada de alguém especial chegar. Quero que o tempo pare para me deixar sentir. Sentir alguém, esse alguém especial, me tomar em seus braços e dizer que sempre me quis, mesmo quando o tempo, no escuro do tempo, na velocidade do vento, não podia me ver.
Não sonho em sonhos perfeitos, em perfeições físicas, ou mentais. Nada é pronto, nada é perfeito, nada é completamente lindo ou surreal. Não peço nada assim, nem sonho assim.
É apenas um clamor cálido, daqueles que se faz quando se está só, quando se pode pensar melhor, quando se pode ouvir atentamente as batidas da musica que agora já não mais soam de seus fones de ouvido, mas de lá dentro, do seu coração. Você pode ouvi-las atentamente agora, na percepção do escuro, na falta de luz, sua mente trabalha compassadamente junto a pureza de seu coração. E você sente-se fechando os olhos, é uma batida bonita, sincronizada, não há bem um som, mas é o seu som, é bonito, é real. Você pede, a ultima coisa que pode pedir, para que um dia não seja a única a ouvir esse som. Esse belo e verdadeiro som da vida. Esse real e surreal clamor de... Sentir.
Annabel Laurino.