Gabito Nunes
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
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“Falando sério, tenho andado bastante sozinho, sobretudo ultimamente. É um tempo de agitações, de ímpetos de impaciência, ansiedade e mau humor. Contando com a resolução das coisas, que chegue logo um futuro que sei que virá, sabendo que nada mais depende de alguma ação minha. Só da minha habilidade em esperar. E isso me lembra que não há mais com quem contar, além do tempo. Que ando meio sozinho e assim eu quis, de certa forma.”
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"E eu sou crua, penso mais em mim. Chamam de egoísmo o que eu denomino defesa própria, ninguém pode ter em suas mãos o direito de me fazer chorar, por motivos tão minúsculos e eu ainda consentir. Não, sou fechada a sentimentos desde que sejam provados, deixei de acreditar na farsa que é o eu te amo, dito tão firmemente que quase me fez acreditar que era verdade. Sou a favor das atitudes e da felicidade, vivida e não falada. Trago um peito cheio de amor, confesso, mas todo ele está preso."
Visão Antiga
Gerações de pessoas passam suas vidas inteiras se
perguntando para onde ir. Gerações de pessoas passam suas vidas inteiras
procurando o amor. E mais gerações de pessoas passam suas vidas inteiras
questionando respostas sem responder suas próprias perguntas.
As vezes, mas só
as vezes, eu vou te confessar que gostaria de ir para um desses lugares onde
você fica em total silêncio, tipo um templo budista, cheio de monges, meditações,
plantações de flores e frutos, admirar a natureza e o crescimento desprovido da
vida que simplesmente, acontece.
Não vou dizer a você
que a vida flui por uma obra do acaso. Mas a vida rege, se você parar pra
pensar, sem pedir permissão. De qualquer maneira, a vida continua, e uma porção
de coisas acontecem todos os dias, as vezes as mais insignificantes, sem nem
serem percebidas. E pessoas não são percebidas, as flores que brotam, as aves
que voam, o céu que descolore e pinga, ou as avenidas vazias vezes tão cheias.
Passar uma vida
inteira obrigando os fatos a ocorrem. Obrigando o amor a acontecer, se
questionando “quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós?”. Eu acho que a esse
tipo de pergunta eu nem quero saber. Se eu soubesse ia acabar acreditando nesse
rótulo de o que e quem eu sou, e seria bem provável de me assustar dia ou outro
por me descobrir errada.
Certo dia eu disse
para um amigo que eu queria muito voltar a ser criança. Desacreditando ele
disse que não, ele não queria, que tudo antes era ruim, quando criança, e que
hoje ele tem uma liberdade infinita de fazer qualquer coisa e de ir para onde
quiser. Eu não quis dizer para ele que ele estava certo, mas na verdade ele não
entendeu meu ponto. Porque eu adoraria não era bem voltar a ser criança, era
sim uma fase ótima, as brincadeiras, os pincéis e colocar uma roupa doida sem
que te taxassem de estranha, o que eu quis dizer de verdade é como a gente vê o
mundo quando é tão pequeno.
Parece que quando
a gente cresce ficamos mais duros, mais cheios de descrenças e começamos a
rotular tudo como se andássemos por ai com uma daquelas maquininhas que colocam
preços nos produtos do supermercado. E escolhemos o que vamos ou não gostar e o
que odiamos e o que amamos e a quem amamos, sem nem mesmo lembrar que devemos
amar todos. Quando eu era pequena, achava que tudo era possível, que o mundo
era gigante, que as coisas eram feitas sempre por obras mágicas e lindas e
surreais.
Me pergunto então
qual o motivo de amadurecermos e virarmos essa massa dura que ninguém consegue
tocar dentro e moldar algo bom e bonito. Qual é a graça de ver o mundo sobre
uma superfície de rótulos, de perguntas praxes com respostas prontas e nem se
quer tentar ousar?
Decidi que seria ótimo
ir para um templo budista sim, mas enquanto eu não vou começarei a praticar
minhas próprias filosofias em casa mesmo, algumas horas de silêncio por dia não
irão me matar, começar a amar aquele alguém me fez muito mal também não. E
começarei a acreditar em paz, de espírito, paz mundial, a acreditar em fadas,
sereias, reinos distantes, planetas tingidos de uma borda lírica e fantástica a
bilhões de distância de nossa galáxia. Começarei a crer no amor, eu prometo. E
me darei o direito de ser feliz. Sendo eu o que sou ou a eterna criança que tem
dentro de mim.
Annabel Laurino
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