domingo, 25 de julho de 2010

Ausência...

Já sei que esse sentimento não me levara a lugar algum. E que embora o sinta, não possa me desfazer deste. Assim como não posso arrancá-lo do peito e jogá-lo em qualquer canto, não posso fugir, pois também este viria junto. É como uma parte de mim, uma parte que incansavelmente e dolorosamente pede sustento á cada segundo, um sustento em que não tenho. É uma parte que pede socorro, grita entre as células de meu corpo e pede em protesto. Mas novamente nada do que tenho o saciara. É como se houvesse uma rachadura em meu peito, e impiedosamente a tivessem feito, tivesse arrancado de mim coisas em que adorava. Lembranças que eu já por pura própria vontade tentei tirar, mas é uma doença que junto desta também faz parte.
A saudade. Um dos sentimentos mais urgentes. Ela grita em meio a dor. A dor de não ter. É uma ausência incansável que tenho de lidar, lidar de qualquer jeito.
É como uma ferida, mas ninguém a vê está dentro de mim, sua dor está se refestelando em minha alma a cada instante, não existe cura, apenas comendo a ausência desta.
 Crias-se esta dês do começo quando perdemos algo e depois de alguns longos dias os sintomas aparecem.
Minha fraqueza constante de tentar me recompor é uma delas. Tentativas frustradas constantes dias após dias.
Também não posso descansar por muito tempo, o pequeno segundo em que me pego distante, distante de meus próprios pensamentos me levo até o motivo incansável de minha ausência nada feliz.
É uma dor cruciante que aos poucos tem o dom de depredar cada pedacinho de mim.
Só queria poder ter a solução disto, a solução de pelo menos poder respirar sem pensar nele. Sem querer ele. Sem sentir sua falta.
É como se passasse um filme a todo instante e eu me perguntasse por que então não poderíamos estar aqui ainda.
Por que ainda não poderia estar a tocar seu rosto, seus lábios, seu cabelo. Por quê?
Arrependo-me das palavras demasiadas e tolas em que disse. Talvez fosse melhor ter ficado quieta, quieta comigo mesma.
Mas a dor as vezes nos deixa cegos, cegos para resolver um problema que só nos mesmos passamos. A dor da saudade. Das feridas abertas que somente nós mesmos sentimos e enxergamos.
Talvez em meus pedidos constantes ao céu de tê-lo um dia a minha frente e poder dizer tudo que sinto não seja o suficiente. Seria somente suficiente tê-lo novamente a mim, em meus braços.
Seria como ter o sol depois de incansáveis dias de chuvas e nuvens nebulosas. Seria fácil como respirar, fácil como saciar a sede ou a fome. Seria tudo.
Ah como eu queria, queria ver essa dor sumir, essa dor de falta e saudade sucumbir em meu peito e ser saciada em seus braços. Cálidos e reconfortantes.
Então o que me resta, é ver os dias passarem furtivamente diante de mim, e pedir aos céus que se essa dor não passar, que se talvez nada possa então trazê-lo a mim, que então  de qualquer forma me faça feliz, me mostre um novo sol, faça nascer um novo dia. Mas, que tire de mim essa dor. Por favor.

Annabel Laurino