sexta-feira, 20 de maio de 2011

é...

São tantas coisas para contar. Tantas histórias. Vão muito além de contar estrelas, números, os fios de pontas duplas ou os dias encanada em uma dieta maluca. São coisas mais fundas, como descer em um poço e descobrir um mundo fantasticamente inesperado. Colorido, musical, e limpo.
    Coisas como o seu novo corte de cabelo, aquele beijo inesperado que você recebeu na semana passada, as notas que estão indo bem, os dias das provas que estão se aproximando, o número do novo telefone que você recebeu, o número do telefone dele, as invariáveis horas que você andou gastando no espelho esperando ver quantos centímetros mais você perdeu, os amigos novos que você conheceu, as risadas que você andou dando sozinha no quarto quando ninguém estava vendo, o lugar que você mais sonhava ir agora tão próximo...
    Tudo em uma contagem louca, boba, que talvez não tenha sentido algum, mas que para você, foram dois meses gastos, dois meses que voaram no calendário velho da cozinha. Dois meses se sentindo uma pessoa diferente que você não imaginava ser. Com amigos novos, com coisas novas para contar assim que você chega da escola, com pessoas novas para telefonar e rir sobre coisas bobas, coisas engraçadas, conversar sobre assuntos importantes, e discutir opiniões que antes você não pensaria em formar.
    É como um quadro colorido e lindo que estivesse sendo, dia após dia formado à sua frente. Um quadro cuja pintura, minuciosamente vai sendo formada, um contorno por uma pincelada. Tudo muito além de cortes de cabelo, e beijos roubados.
    É um futuro brilhante. Uma pintura surpreendente.
    Um quadro que você mesma, há muito tempo atrás, deitada na cama sozinha, em uma calada da noite, formou e nem se lembrava mais.
    Não é engraçado como as coisas acontecem? Não é surpreendente não saber como elas chegam a acontecer?

Annabel Laurino.