domingo, 3 de fevereiro de 2013

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"Daí, eu também ando muito triste. E sem entender quase nada."




 Caio Fernando Abreu

Nos últimos dias, isto é, ontem, a tristeza começou a ceder terreno a uma espécie de — digamos — abnegação. Durmo, acordo, faço coisas, leio muito. E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. E tudo, e tudo, e tudo. — Caio Fernando Abreu

Sentimentalismo, me deixe!

    Ta chovendo lá fora. A água para o chá que eu pus para esquentar acabou de ferver. A chuva fustigou na copa das arvores e nos telhados, na rua inteira, quase que na cidade toda. Eu não sei o que sinto porque sinto muito, ao mesmo tempo, tudo quanto é coisa possível  E mesmo assim, não quero falar sobre isso. Eu tentei escrever sobre fadas, um mundo distante, uma paixão pelo meu hobby favorito, tentei descrever sensações ao tomar uma deliciosa caneca de café em uma noite como essas e falar sobre filmes que tenho assistido ultimamente. Não funcionou, se você quer saber. Tudo muito jornalistico, descritivo e cientifico. Eu sou muito apegada ao detalhismo sentimental. E ai é que está. Estou fugindo de sentimentos nesse exato instante. Estou correndo de todos eles, o que é uma tentativa inútil já que os tenho presos dentro de mim. Queria escrever sobre tantas coisas, mas menos isso, menos sentimentos. Tudo menos eles. Queria dizer o quanto a vida é linda e a noite está agradável e o quanto eu amo a chuva. Mas são sentimentos novamente. Sempre sentimentos. Será que conseguirei fugir? Será que terei como escapar?
    A resposta é nítida. Não me despeço. Afinal, voltarei em breve com mais uma de minhas minucias descritivas e amorosas, encharcadas de detalhes, inundadas de sentimentos. 
    Confesso que essa vida as vezes, me cansa. 



Annabel Laurino