terça-feira, 9 de abril de 2013

Café repartido e as estrelas

    Divide comigo aquele seu café quentinho, vai. Divide comigo aquelas suas histórias divertidas e que só se mostram faceiras quando embriagado pela loucura diária, só que dessa vez você contará suas histórias não para me impressionar como quando faz com as outras pessoas, mas como se fosse me fazer dormir e me por na cama do seu lado, só que você arrancará suspiros e sorrisos enviesados nos meus lábios enquanto te olho e te escuto e te admiro bem de perto. 
    Seja o quente do meu café a doçura que a gente busca todos os dias sem saber bem ao que adoçar. Pega minha mão e me diz que você ficará aqui até as estrelas do céu se distanciarem e até a lua trocar de lugar com o sol e tudo virar só luz novamente. 
    Fica, vai.
    Divide teu café comigo e me diz coisas bobinhas como que você gosta do meu cabelo e que a ponta do meu nariz gordinho é a ponta do nariz mais bonito que você já viu na vida e que não tem problema eu ser assim tão baixinha. Só fica e me conta suas histórias, me diverte com esse seu mundo escondido e deixa eu sentir o céu da sua boca, só por mais algumas horas antes de dormir, até eu encontrar aquelas estrelas escondidas e que escondes tão bem assim. 
    Fica.


Annabel Laurino


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O Lado Bom

    Eu nunca fui fã das desistências. Eu não desisto nunca daquilo que eu quero. É verdade sim que há as trocas de opiniões, as vezes de sonhos e até desejos. Mas vontade mesmo, daquilo que realmente se quer, daquilo que realmente faz seu coração vacilar e palpitar ansioso todas as noites antes de dormir, isso não, isso não se pode desistir. Vontades assim são os impulsos vitais da vida. Sem vontade de se querer e ser feliz a gente ficaria exposto na cama todos os dias respirando por um tubo de oxigênio e se alimentando por mais outros sei lá quantos tubos e fios e coisas injetáveis do tipo. 
    Tem gente que não gosta de ser feliz, ou desistiu, ou não quer mais. Mas eu ainda quero, meu caro. Eu ainda acordo todos os dias e desejo bem firme que eu quero ser feliz de um jeito imenso, vivo e de verdade. Só que não ser feliz por qualquer coisa ou sair por ai fingindo ser feliz e com aquela banca de ser feliz por momentos ou enquanto eu consumo sapatos novos numa loja bacana. Eu quero buscar isso, essa felicidade, eu quero me realizar em algo, alguém, em mim mesma. 
    Bom mesmo é quando a gente quer ser feliz mas nem desconfia de como. E a gente só vai vivendo e achando graça nas pequenas coisas da vida, nas insignificantes formas de ver como tudo funciona a sua volta. Aquele filme chato passando no cinema mas se vai pelo passeio, pela excursão, por ir e sair falando mal do filme depois e se sentir mais intelectual, por sair de casa e ver gente. Aquelas caminhadas nas manhãs frias do inverno, tão difícil persistir as vezes, mas se faz porque se pensa no objetivo e se almeja a conquista. Há sempre um lado bom das coisas. O lado bom da vida. É isso que eu tenho buscado ultimamente.
    Eu não irei desistir disso, mesmo que mil pessoas me tentem com seus pessimismos exagerados e suas formas cansativas e causadas de verem as coisas. Eu ainda estarei tirando meu coelho genuinamente branco da cartola. Porque é assim que se faz, não é mesmo?
    Decidi também que tem que ter por quem sofrer nessa vida. Não pode ser por qualquer um. 
    E outra, tem que se ser. A gente tem que ser. Não se pode ir entrando na vida das pessoas e querendo ser metade ou um quarto ou vinte por cento, a gente tem é que ser e espalhar coisas boas por ai. Nada dessa introspectividade toda sofrida e cabisbaixa  Nada de sofrer por quem foi embora porque quis, quem abriu a porta do carro e se jogou na autoestrada com o veiculo em movimento. Gente assim a gente deixa jogada lá e continua o percurso. Quem se perde por prazer a gente só faz o mesmo, a gente aproveita prazerosamente bem, só que vivendo.
    Então eu quero é viver, meu caro. Antes de tudo é ser feliz e saber porque eu vivo, o que eu quero e onde eu quero chegar. O resto sou só eu tocando violão numa janela qualquer como Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo, e cantarolando Moon River baixinho para quem quiser escutar. Para quem quiser ser feliz junto.



Annabel Laurino

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