domingo, 26 de agosto de 2012

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A gente não foi um sentimento, só uma estação.





Gabito Nunes

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"Eu só queria que chegasse um e-mail seu. Ou melhor: que você chegasse ao vivo. E que você me trouxesse aqui a sua barriga, a sua nuca, a parte mais branca das sua coxas, a sua cara de bravo até pra sentir prazer e o seu cheiro de cigarro com amaciante."


Tati Bernardi


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    Porque é muito tarde para se arrepender e muito cedo para planejar qualquer coisa nova, grande ou pequena em sua forma. É tarde para qualquer coisa que se atrasou no engasgo, no engarrafamento, no fluxo de carros de uma avenida cheia. É tarde para qualquer pessoa, sentimento, viagem que ia e não foi. Não estou aceitando mais qualquer coisa que somente poderia ter sido. Sem devoluções. Se não foi, não foi, que seja. A porta está fechada. Fechei as janelas também, para qualquer teimosia alheia. Pus tabuas na lareira e troquei todas as fechaduras, para os mais espertos. Por que é tarde. E cedo demais para qualquer coisa nova, se quer saber. É cedo para destruir ou construir. O momento é de renovação. De dentro para fora. Estou me arrumando por dentro, edificando uma coisa boa, uma casa simples, de madeira, ou uma cabaninha humilde com fogo a lenha e toalhas de mesa bem postas, com bolos cheirosos descansando na janela e uma jarra d'água para a chegada das caminhadas no entardecer. Depois, quando o cedo passar e for tarde novamente, me preocupo com o resto. E o resto pode ser tudo. Pode ser nada, depende. Estou me dispersando outra vez.

Annabel Laurino

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“Eu preciso muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor. Tenho sentido necessidades do novo, não importa o quê, mais que seja novo, nem que sejam os problemas. Preciso deixar a casa vazia para receber a nova mobília. Fazer a faxina da mente, da alma, do corpo e do coração. Demolir as ruínas e construir qualquer coisa nova, quem sabe um castelo.”


Caio Fernando Abreu