quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

365

    365 dias do ano. Vai, para de viver. Não, continua. Respira, enxuga as lágrimas, gotas da água do banho. Seu café fervendo em cima da mesa, vai esfriar. Que nem a sua ultima relação que não deu certo. Esfriou. Dois sanduíches vegetarianos, por favor. Boa pedida. É pra levar ou comer aqui? Aqui sempre, não pago gorjeta mesmo assim. Passam as horas e o tempo muda lá fora. Que dia é hoje? Tenho que estudar. Sabe aquele livro que todo mundo anda lendo? Lixo, puro lixo. Toca a estação, musica boa é que te faz dançar. Mentira, musica boa é que te faz querer transar, só que ninguém tem coragem de te contar isso.
    365 dias do ano e ele alisava as fotos dela como pequenas preciosidades em suas mãos grandes, aquele rostinho de boneca, pele branca, grandes olhos e boca pequena, sei lá, era um amor esteticamente romântico  talvez pudesse ser um amor de baixa literatura se não fossem as feridas no estomago pelo nervosismo excessivo que ela lhe causava. Duas horas e meia e ela ainda não havia ligado, tinha saído com outro cara. Que cara era esse? Será que ela o amava? 
     365 dias incontáveis do ano, faltavam poucos para logo mais um acabar, pensava. Poucos dias e ele ainda a adorava, mesmo ela saindo com outros caras, mesmo ela ainda sendo absurdamente louca e egoísta  Ela e suas pernas e pés de gueixa. Ela e seu sorriso enviesado e suas milhares de máscaras secretas e bem escolhidas. 365 dias do ano in love with you. Cantava ele embaixo do chuveiro quando ninguém olhava. Completely in love.




Annabel Laurino