segunda-feira, 21 de março de 2011

Desprendidamente Reinventada

    Já me desprendi de você como se desprende uma corrente da volta de um poste. Como se desprende qualquer coisa em que esteja presa. Desprendi-me por completo. Como, nem eu mesma sei dizer. Mas é tudo vagamente maravilhoso agora. Como acordar em uma manhã qualquer e sentir um pedacinho em mim, completamente vazio e limpo. Como se alguém durante á noite, enquanto eu dormia, estivesse entrado sorrateiramente com uma marcha de limpeza e tido colocado tudo para fora. Limpado tudo, das pequenas ás grandes feridas. E como havia entrado, sorrateiramente e caladamente, foi embora, assim que o dia raiou. E eu acordei. Limpa e sóbria. Como se você nunca estivesse tido por aqui. Como se sua imagem houvesse sido apenas uma figura mal colocada na minha tela de lembranças. Como se houvesse se passado mais de mil anos, pois já nem recordo mais de suas feições.
    E já não lembro mais. Mas gosto de lembrar-te mesmo assim. Não á todo instante, não. Mas quando vejo algo bonito, algo que me recorde um sabor antigo. Ah sim, gosto de lembra-te como um sabor de um doce bom que não como dês de criança, por que já não fabricam mais.
    Mas apenas recordo, delicio-me nas poucas lembranças e sorrio gentilmente, desejo-te nesse momento uma luz enorme e branca, uma paz, um amor. Desejo-te tudo em dobro do que desejo para mim mesma quando acordo todas as manhãs. E tão logo, calmamente e silenciosamente, sem ninguém perceber, eu volto a me reinventar.

Annabel Laurino.



sexta-feira, 18 de março de 2011

Repartir

    Tudo que eu queria agora, nesse exato momento, como um desejo momentâneo que eu bem sei que pode durar, dias, meses, anos... Era repartir. Sim, dividir algo. Com alguém.
    Como repartir uma barra de chocolates. A cama. O lado pequeno o qual seu corpo assenta. O oxigênio envolto de seu ser. Repartir um segundo em milhões de pedaços. Dividir as cores de um olhar em milhares de lembranças que ficarão, quem sabe, para sempre em mim. Procurar em outros dentes, que já não importam foscos ou brilhantes, retos ou discretos. Procurar um significado alheio que lhe faça, querer simplesmente repartir. Quem sabe até repartir você mesmo ao meio e doar. Se doar.
    E nisso, em uma sede insana que já não me cessa mais, queria poder dividir. Dividir tudo em mim, dar todos os pesos e as cargas e dividi-las. Receber as outras dores desse outro alguém também, ficaria tudo tão... Estável. Suas dores com as minhas dores e então, estaríamos igualmente bem repartidos. Queria dividir as tarefas da escola. O jantar. A tarefa de cumprir os horários, as reclamações dos dias. E os pensamentos alheios que me engolem. Queria... queria simplesmente, sem mais delongas, repartir por repartir, no simples ato de estar por estar, sem significado algum, sem motivo algum, mas repartir por precisar. Necessitar.



Annabel Laurino.



quarta-feira, 16 de março de 2011

Em um momento súbito...


Como um pingo d’água escorrendo sozinho pelo vidro fino e embaçado
Como calda de cacau escorregando gentilmente por uma colher de prata
Como o ar soprando de dentro dos cálidos lábios contra o ar de outono
Como um sopro quente e denso
Envolvente e finamente puro
Abrasante e eloqüente
Tudo
Tudo isso eu venho sentindo agora
Como um sonho lento
Uma melodia que canta o amor
Como o blues
E depois, tudo para
E como o pingo d’água escorrendo até o final do vidro frio
Sem saber mais como cheguei aqui
Apenas, escorregando
Para tão logo,
Calmamente e silenciosamente, voltar ao normal.

Annabel Laurino.





sábado, 12 de março de 2011

Estranheza Aguda.

    Ah é estranho, mais uma vez. A cafeteira gorgolejando, como engolidos fortes e abafados, soltando no ar um aroma perfeito de um café forte e quente, quase pronto. A chuva despencando do lado de fora, como um véu que encobre a vista por fora da janela. O céu nublado, as arvores com suas cores apáticas, amarronzadas, as folhas caindo, encharcadas. O cheiro amadeirado no ar, cheiro de terra molhada. Os pássaros pararam de cantar. Um frio estranho na barriga. Um sentimento de estranheza lhe abraça por trás.
    Um friozinho no ar, as poucas roupas de verão fazem parecer estupidez em estar vestindo-as. Você acabou de ver umas noticias horríveis na Televisão, acabou de saber que o mundo está em crise. Você sente um horrível sentimento.
    Você quase se sente histérica, á ponto de correr para o telefone e telefonar. Para ele.
    Só para dizer que se algo acontecer você gosta dele, que você quer que ele fique bem, que ele esteja bem, que tudo esteja bem, que ele fique em paz, que se cuide, que avise se algo não tiver legal. Você quer dizer, “Se algo acontecer...Eu preciso dizer...”
    Você se sente estúpida, claro, por que tanto alarde? Por que tanta preocupação se nada aconteceu?
    Mas... E se acontecer?
    Medo.
    Medo de não poder dizer, de não poder escutar aquela voz tão causadora de saudades dentro de você, só mais uma vez.
    Ah que estranho isso tudo. Isso que passa na sua cabeça.
    É um sentimento estranho. Você sonha com ele quase todas as noites, sente tanta falta.
    Você sabe que ele está em outra, sabe que não pode, que não deve.
    Mas por que quer tanto, depois de ter feito tudo, ter recolhido tantas forças para ter jogado todas as lembranças fora?
    Por que há dentro de você um sentimento como uma bolinha de papel que fica inchando e murchando, pulando, se contorcendo, instigando, lembrando, arranhando no seu estomago, dizendo, dizendo que você precisa vê-lo? E por quê?






Annabel Laurino.

A Terra Grita, o Mundo Grita

 Texto escrito no dia 11/03/11  

     Você não precisa de imagens concretas e bem nítidas para definir bem um pensamento do que acontece agora, nesse exato instante no mundo. Por isso suspendo fazer um texto com fotos dos acontecimentos que relato. Não é uma noticia, é um simples comentário que, talvez, sem valor.

   
    Neste simples texto vou expressar uma idéia passageira, que diferente de uma reportagem na televisão eu mostro com toda a minha humildade um pensamento nítido, simples, básico e lúcido do que nesse exato momento acontece bem ao meu lado.


    Você acha que nada pode lhe acontecer, o mundo inteiro despenca em meio a milhares de litros da água, esgotado de mortes, de pessoas inocentes, de pessoas que em um dia qualquer acordaram para viver, para trabalhar, para estudar, para viajar, para encontrar um amor, um novo amor, para reencontrar alguém, enfim, em um dia qualquer, com tantas coisas, com tantos planos e sonhos, que em um incidente catastrófico tudo, simplesmente tudo se desfaleceu.
    Vivemos em um mundo real, um mundo onde bem dizia Cazuza “Seres humanos vivendo como bichos”. Somos literalmente animais, vivemos em selvas, perigosas, que explodem, que tremem, que se enchem d’água, que engolem agente. Destruímos nossa casa, nossa família, nosso fascínio é o dinheiro, e o nosso nome, é ganância.
    Que triste que lamentável, você liga á televisão em uma manhã de sexta e pega o jornal anunciando, nitidamente, como um soco no estomago. “Terremoto no Japão, Tsunami, pessoas mortas, desaparecidas” as imagens brotam na tela da TV, um horror, um pesadelo, pessoas dependuradas em postes, em prédios, abanando as roupas pelos carros implorando socorro enquanto uma manancial de água as engole aos poucos. Barcos sendo arrastados, carros, casas, pontes, como se fossem brinquedos de plástico.
    Que horror.
    Certo dia na escola, minha professora de História perguntou para a turma sobre o Brasil, sobre as velhas frases do Renato Russo, “Que País é esse?”. E eu pergunto “Que mundo é esse?”
    Que mundo é esse onde vivemos, que se escolhe matar ou morrer? Que coisa mais triste, você acorda em uma manhã e mesmo que você saiba que o horror está lá, do outro lado do mundo, a pergunta surge, “mas poderia ser comigo, não?”. Sim, poderia. Eu poderia estar lá. Vendo aquela torrencial de água vindo em minha direção. Para que lado correr? Para onde ir?
    Pode parecer dramático leitores, com certeza posso estar sendo dramática de mais, mas por favor, não finjam que isso não acontece. As pessoas fingem que só por que está do outro lado do mundo, aquilo não pode acontecer com elas.
    O que nos faz pensar que somos melhores do que alguém para que isso não aconteça com nós?
    Somos medrosos, temos medo, medo que aconteça, de que de repente o mundo resolva sucumbir e não reste vida para contar história. As pessoas, o mundo inteiro, temem.
    Claro, claro que existe a solidariedade, pessoas que se comovem a dor roupas, comidas, materiais de higiene, mas por medo. Medo de que um dia venha a acontecer com elas.
    Estamos vivendo em um mundo onde nem mais em nossas próprias casas encontramos segurança.
    O que era nossa maior aliada para nos favorecer conforto, agora, nos ataca. A Natureza revoltada, os vulcões com suas bocas enormes despertando do sono de anos, as gelereiras derretendo em um calor fora do normal, a terra gritando.
    Que horror.
    Que realidade triste que vivemos.
    Deixo, esse texto, pedindo condolências á todas as pessoas que hoje estão sofrendo em custas de milhares de coisas que se arrastam durante anos. Ninguém quer falar sobre isso. Ninguém quer dizer que é culpa de nós mesmos, de nossas invenções, todos querem justificar algo, estudar e explicar. Mas no fundo não há explicação, somente Deus sabe por que isso acontece, e no fundo entendemos que talvez seja o fim, por culpa de nós mesmos.
    Peço minhas condolências as pessoas de São Lourenço do Sul, tão perto daqui de Rio grande, Que Deus as proteja, a fé e a única esperança.
    E as minhas condolências as pessoas do Japão. Longe, não importa, aqueles que não se fazem cegos podem ligar a televisão, todos sabem que a realidade está tão próxima quanto menos de um palmo de nossos próprios narizes. As famílias conhecidas do Rio Grande do Sul, que possuem parentes no Japão, também peço condolência, e digo “Força”.
    Sinto muito leitores, sinto escrever sobre algo tão triste e tão real.
    A verdade é que ontem quando liguei a TV e assisti sobre as noticias de São Lourenço, me peguei pensando, “Poderia ser aqui”. E essa realidade é tão grande, ver aquela cidade que um dia tão inteira e depois tomada por água, é triste. Sinto muito pelas famílias, pelos sonhos despedaçados, pelas vidas machucadas, sinto muito.
    E hoje, hoje quando vi sobre o Japão, vendo aquelas ondas imensas engolirem as cidades, foi como um pesadelo, que horror. É como se uma guerra houvesse devastado aquele lugar, vidas que antes haviam acordado para mais um dia normal se depararam com uma catástrofe, colocada como a sétima pior dos últimos tempos. Sinto muito, mais uma vez.
    Por favor, encerro esse texto, pedindo de coração, aqueles que puderem que tiverem oportunidades, ajudem, ajudem essas pessoas, você que mora perto de um local que faz arrecadações de roupas e etc. Ajude. Doe, faça a sua parte. Você que pode, nem que com uma muda de roupa, mas ajude.
    E pela primeira vez, em um texto nada tão típico de mim, eu peço á paz, que todos lutem pela paz. Lutamos por tantas coisas, por um trabalho melhor, por um dinheiro á mais no fim do mês, por uma casa melhor para os filhos, para mais comida nos armários, para um namorado(a) novo(a), sei lá, mas lutamos por tanto, que lutemos pela paz, que pode ser tão fácil, apenas com um gesto, um gesto simples, um sorriso, talvez, pode amenizar tanta coisa. Abracem seus irmãos, por que a verdade é nítida e muito bem estampada, vivemos, infelizmente em um mundo de guerra. Não temos mais tempo para dor, para rancor, para inimizades, para tão pouco. Temos tempo apenas para fazer valer a pena, por que hoje, não se sabe mais o dia de amanhã.






Fiquem em paz,
     Desejo todo amor, toda paz.


Annabel Laurino.

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    Quem diria que um dia eu estaria aqui rondando a rua passageira e trilhosa diante de mim, compassando passos, vendo todos esbarrando no meu ombro, não percebendo minha pequena altura, não ligando para mais uma alma óssea vagando as calçadas sujas e fedorentas dessa irritável cidade antiga, pequena e profundamente aprofundada. Como prefiro chamá-la, As Ruínas. Moro nas grandes Ruínas, bem perto do mar, onde ninguém pode me encontrar. Sou um feixe de luz que brilha do sol ao mar e depois explode no ar, sendo fisgado por globos oculares de visão, qualquer visão, uma visão qualquer. Milhares de olhos atentos nunca se quer me percebem e eu tão pouco os percebo também. Estou sempre viajando, quase nunca paro em casa, ainda que assim passe o tempo inteiro no mesmo lugar, sobre o mesmo corpo dês de que me conheço por viva. Sou tão estranha as vezes, mas estranho é esse mundo louco cujo qual não pertenço, cujo estampa tantos rostos, tantos sofrimentos cravejados em um olhar.
    Já não sei mais o que disser, já não me lembro como vim parar aqui, escrevendo isso tudo, talvez, talvez tenha sido um ato comum como respirar. Levei as mãos ao teclado e pensei “Quem diria que um dia eu estaria aqui...” E tudo simplesmente fluiu.


Annabel Laurino

Queria...

    Ser engolfada, sucumbida por algo. Queria, oh, por favor, só um pouquinho. Só um instante, só um segundo qualquer, sentir.
    Sentir.
    Sentir.
    Como uma injeção de sentimentos. Quero sentir!
    Alguém que me faça sentir algo, algo que não seja lembranças, algo que não seja saudade, algo que não seja dor.
    Algo que seja tão forte e arrebatador. Instigante. Incessante.
    Uma euforia caustica e borbulhante adentrando pelas minhas veias, fervilhando pelas células de meu corpo, minuciosamente se espalhando pelos centímetros do meu ser.
    Quero sentir.
    Quero um prato bem servido de muito amor, por favor.
    Nem tão quente, e muito menos frio.
    Bem temperado, mas não muito salgado.
    Um prato completo. Com direito ao prato principal, até a sobremesa.
    Quero ser instigada e calorosamente preenchida pela dádiva de algum sentimento fora de meu padrão rotineiro de dia após dia.
    Quero algo mais.
    Quero o corajoso que me faça sentir. Que me prenda. Que me instigue. Que me ame até o fim. Quero que   me arranque as adagas, fervilhe as profundidades corrosivas que me prendem em mim mesma, quero alguém que quebre as janelas, que quebre todas as regras.
    Que me prenda. Forte. Bem, forte.
    Em seus braços.
    Calor.
    Quero amor.
    Quero sentir a natureza infiltrada sem medo algum de sentir, por que quero mais que tudo saber como é viver de verdade.
    Quero sem sombra de duvidas sentir a realidade.
    Quero amor divino.
    Amor de verdade.


Annabel Laurino.



Afundando e Emergindo

    Um clarão, não tão forte como o brilho de lanternas de um carro no escuro. Não.
    Mas um clarão, de fato. Como uma bandeira de brilhos tremeluzindo diante do meu corpo presente que afunda. Afunda.
    Estou afundando agora. Outra hora, estou emergindo.
    Afundando e emergindo.
    Estou sentindo, o liquido se espalhando pelo meu corpo como uma caricia de véu, as lambidas aguadas egeladas que logo vão ficando mornas, me envolvendo.
    Adentrando meus ouvidos, minhas narinas, me encharcando por inteiro.
    Sou apenas um corpo presente no meio de tanto mar. Sou apenas um corpo.
    Afundando e emergindo.
    O sal do mar gradativamente gruda em minha pele como algodão encostado em tecido.
    Não há som.
    Nada.
    Sou só um corpo.
    Não há nem barulho de vento, nem de vozes. Nada.
    Como entrar em um quarto de água. Não se ouve nada.
    Quase e ainda praticamente imperceptível ouço as ondas quebrando acima de mim. 
    Ouço a maresia, o som  caustico e fervilhante, borbulhante e inebriante. Como um cântico celestial, como areia se remexendo em um tudo de vidro, de pés se arrastando ao chão lentamente, corpos se unindo, é tudo que eu consigo ouvir, e ainda assim tão silenciosamente como se de repente, eu não existisse. Como se tudo ficasse fora daquela pequena camada plástica que encobre a água, a tensão superficial. Como se dali em diante, adentrando eu não fosse nada mais.
    Um corpo.
    Afundando e emergindo.
    Eu vejo as luzes do sol entrando pela água, partículas de brilho se unindo ao verde vivo do mar.
    Eu sinto você chegar, chegando lentamente, sinto seu toque, quente preciso, sua mão macia afagando meu ombro. Posso ouvir até a sua voz, talvez por que escutei ela ontem no telefone, talvez por que ela já ficou em mim, e já faz muito tempo que muita coisa sua esta em mim.
    Sua voz se arrasta em meus ouvidos como o sal do mar se arrasta nas ondas, como uma espuma branca que quebra na maresia, arrastando-se. Segundos eternos.
    Meu nome, você diz meu nome. E tudo que eu quero é agarrar você, agarrar seus braços e puxa-lo para perto de mim até fazer com que tudo seja real, quero suplicar para que me retire de dentro da imensidão funda e superficial pela qual me encaixo sendo a cada segundo emergida. Quero gritar seu nome no meio da água. Desesperadamente. Inocentemente.
    Pobre de mim.
    Então o ar me falta assim, tão de repente, e como um impulso de sobrevivência já não posso mais emergir dentro do mar, e volto. Volto para o ar. Uma realidade me sucumbindo.
    Quase choro.
    Sons. O vento. As vozes, as risadas, as buzinas, as musicas, os outros seres presentes.
    Ah que pena.
    Você não está mais aqui.

    Encho os pulmões novamente. Tranquilamente, emergindo novamente sou engolfada de novo em um mundo de água, silêncio e calor.
    E novamente, os sentidos quase desfalecidos me encobrem rapidamente.
    O sol, a areia, as ondas, os corpos.
    Tão de repente, subitamente, já posso sentir você aqui. Você em mim.


Annabel Laurino.

terça-feira, 8 de março de 2011

.

    E tudo que eu digo agora, quase que categoricamente, quase que caindo em sono, eu peço, mais que silenciosamente, ainda que suplicante, que algum dia, em algum momento, alguém também diga para mim.
    E quem sabe, até mais profundo e mais sincero do que peço, e do que espero.

Annabel Laurino.

palavras finais.

Algumas palavras finais, bem simples: Todos deveriam ouvir, Something – The Beatles – Apenas isso. Esvazio o silêncio, aqui. Estou indo dormir.


bel.

Não saber viver, é morrer.

    Que tal morrer hoje?... Ué o que foi?
    Vamos morrer, o que tem de mais?! Vamos morrer no preconceito, vamos morrer. 
    Vamos nos afogar na nossa falta de piedade, na nossa falta de educação!
    Sim, por que isso se chama morrer! Morrer para nós mesmos, morrer é se drogar e que droga de preconceito é esse!
    Absurdo e abstrato que vai sendo colado em pedaços do corpo da gente.
    Que coisa mais ridícula
    Morrer por isso se chama morrer de tédio, não ter mais o que fazer
    Mesmo que você morra a cada segundo, prefiro morrer á cada segundo tão limpa quando água, limpa de qualquer preconceito, qualquer coisa generalizada, mal conceituada, qualquer coisa suja, que seja levantar o meu indicador e apontar os erros, os defeitos do próximo
    Hipocrisia.
    Estou apontando um dedo, outros três me apontam agora.

    E isso, isso se chama
    Nem preciso repetir não é?
  
    Annabel Laurino.

Bipolaridades sem utilidades de, Nomes

    Assim como um universo de cores e sabores para se definir, gosto bem de pensar, de entoar na ponta da língua um melhor tom do que pode-se ouvir. E veja meu bem, são tantos!
    É engraçado, beleza pura que decorre do peito nu de um forte homem nada tão viril assim, me atrai.
   Me atrai pensar na variedade de cores do sol que une-se gentilmente em seu peito dourado, nos músculos escondidos pela camada superficial que se chama pele...
    Que coisa mais aflita isso de pensar... pensar em dar nome nas coisas, nas cores nos sabores.
    Pra mim tudo é sem nome. Um mundo sem nome.
    Sou sem nome
    Sou um ser
    Viajando na palma de uma mão que se chama terra
    Vagando sozinha, pulando de dedo em dedo, indicando á cada segundo uma nova direção
    As vezes a direção brilha com mais luz, o sol adiante me indica a luz, outras vezes...
    Outras vezes só o que vejo é cor no preto sem luz, e mais, eu vejo tudo branco
    Um rosto enevoado sorrindo pra mim
    Mas isso, isso não se chama nome
    Não tem nome e nem definição na arte que encontramos todo dia
    E isso meu caro,
    A única coisa que consigo dar nome, é viver.

    Annabel Laurino.

Doce, doce inverno...


    Estou louca pelo inverno.... Sim. Quero beijar o inverno, quero colar ele em mim. Fazem tantos dias que não fico tão louca por algo quanto pelo inverno.
    Ah sim, inverno como eu quero, o inverno.
    Oh sim, tragam-me o inverno, rápido.
    Vamos começar pelo outono, aquele ventinho fino, roçando na perna ainda despida, as folhas nas copas das arvores, começando a amarelar, começando a cair, as coisas começam a trocar e tudo, tudo fica simplesmente tão real.
    Os corpos se escondem, os rostos ficam tão vermelhos de frios, tão brancos tão vivos.
    O café decorre pela garganta tão quente tão amargo, tão gosto de café.
    A mão que segura firme a sua mão é a mesma que ontem, segurou suas pernas por baixo das cobertas
    O corpo que você segura contra o seu é o mesmo corpo que tapa o seu quando se deleitam por baixo do sol das nove.
    Ah sim, tragam-me o inverno.
    Tragam-me os casacos pesados, as bocas ressecadas, as luvas, os gorros, o café fumegante, as folhas, o frio, as noites estudando por baixo das cobertas com um lanterna na mão, as tardes escutando musicas antigas em um sebo no meio da cidade, olhando os livros velhos e sentindo o cheiro de folhas bolorentas e amareladas já muito antigas. O cheiro fica... Sim, mais vivo no inverno.
    Tudo parece mais vivo.
    Ah... Delicia.
    Tragam-me o inverno.
    Por favor.

   Annabel Laurino.

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"Não pode ver que no meu mundo um troço qualquer morreu"


Cazuza.

Olá leitores fiéis do Pontos e Vírgulas.

Pois é, essa hora na net, essa hora escutando The Beatles no PC e pensando em milhares de idéias do que eu posso escrever.
To com uma comichão engraçada nos dedos. To sentindo uma inspiração divertida brincar na ponta do meu nariz agora mesmo, nesse exato instante... Bem, vamos lá!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Dream a Little Dream of Me

Estrelas brilham em cima de você
Brisas noturnas parecem sussurrar "eu te amo"
Pássaros cantando no plátaro
Sonhe um pequeno sonho comigo

Diga boa noite e me beije
Apenas me abrace forte e me diga que você vai me perder
Quando estou sozinho, azul, como pode ser
Sonhe um pequeno sonho comigo
Estrelas desaparecem, mas eu permaneço, querida...
Ainda desejando o seu beijo.
Desejo prolongar até o amanhecer, querido,
Basta dizer isso

Doces sonhos até os raios de sol te encontrar
Doces sonhos que deixam todas as preocupações para trás
Mas em seus sonhos, quaisquer que eles sejam,
Sonhe um pequeno sonho comigo.


(Dream a Little Dream of me - The Mamas and The papas)