segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pensamento transitório, enfim, certamente concluído.

    Passei o dia inteiro pensando em te ligar. Invariáveis vezes pensei em pegar o telefone e discar seu número, e peguei o telefone, e disquei o seu número e depois desisti de imediato. Eu não sei bem o que eu queria dizer. Talvez, eu só quisesse dizer que eu senti um pouco da sua falta, ou nem fosse isso, não sei. Eu só queria avisar que estava vendo um filme muito bom, que sabia que você ia gostar por que tinha tudo á ver com você... Comigo também, e com as longas histórias e conversas que compartilhamos juntos várias vezes. Ou também eu quisesse avisar sobre os biscoitos de Natal, já que agora está próximo, eu queria sua ajuda pra saber como poderíamos confeitar, se do modo tradicional ou de alguma maneira legal que eu, no fundo, esperava que você propusesse. Só para entrarmos em uma daquelas longas discussões brincalhonas de sempre, e no fim chegarmos á um acordo muito pratico que fora até mesmo mencionado no inicio da conversa, mas que por sermos nós, decidimos discutir primeiro.
    Sabe como é, tudo muito inocente. E é verdade quando digo isso, inteiramente verdade, pois não há nada de segundas intenções ou até mesmo delongas disfarçadas de indiretas querendo sobrepujar alguma frase não dita do tipo: “Senti muito sua falta, volte para mim”. Acredite, não é nada disso. Somente queria conversar, e dizer sobre as conotações do dia, e do meu sonho irado da noite passada. Ouvir um pouco a sua voz me faria bem, não vou negar. Mas seria só isso, por que é só isso que me servem agora, tua essência sem muitos detalhes, nada mais. Nem mesmo qualquer ação corpórea, quem sabe, talvez, um abraço, mas nada mais também. Nada mais do que seu carinho e sua luz me satisfariam agora. Seria como uma aglutinação de cores, minhas e suas,  que deixariam nossas mascaras coloridas das quais usaríamos e começaríamos a nos ver assim, tal como sempre deveriamos ter sido.
    É verdade que me machuca essas brigas bobas, é verdade que me partem o coração quando nos distanciamos e distanciamo-nos outra vez e parece que cada vez mais, e sempre mais para longe um do outro, através de jogos desnecessários e coisinhas idiotas por motivos de um ou outro não ter se acostumado com as mudanças repentinas de como nos ver.
    Mas era isso que eu tinha para te dizer. Que te gosto, muito, e que te ligo sempre que puder, quando der, quando a distancia imposta não me afogar antes. Eu ligo. E nos vemos qualquer dia. Sorriremos, seremos nós mesmos outra vez.


Annabel Laurino.



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Você me provoca, sem esperar a picada, sem saber que ainda não inventaram antídoto pro meu tipo de veneno.



Caio Fernando Abreu