Então eu deveria ter medo de caso você deixasse de me amar?
Bem, desculpa vai, mas eu não tenho. E talvez eu nunca tenha. Não sei como ser
assim, obsessiva com algo que simplesmente não exige de força para que exista.
Seria a mesma coisa
que obrigar um peixe a respirar fora do aquário por um tubo de oxigênio, seria manobrável,
útil, utilizável, etilizado e bruto. Obrigar a lei das coisas que simplesmente
fluem por que assim são.
Não vou dizer pra
você que você sabe onde é a porta e que pode ir embora a hora que quiser,
porque já é um fato que você sabe onde é a porta e o outro fato é que eu não
quero que você vá embora. Mas entre o meu querer e a simples força do universo,
eu não obrigarei você a ficar aqui do lado, dividindo a astral de um dia ruim
ou bom, quero você aqui por inteiro, você querendo, você ficando porque quer
ficar mais do que um futebol com os amigos ou uma partida de videogame, uma
festa qualquer, uma loucura de final de semana.
Eu não vou te ligar
de cinco em cinco minutos para saber onde você está e com quem você está e só
pra saber se você ainda me ama como me amava a cinco minutos atrás, desde que
nos vimos. E nem vou dizer pra você que seu sábado é só meu, que você tem a
obrigação de me ver.
Sei que parece que
não me importo, desse jeito. E nem é isso. Eu me importo sim, eu reparo sim. Eu
analiso todas as tuas formas, tuas faces, felizes e tristes, e sei quando tua
mente ta bagunçada, quando ta levinha e arrumada, já gravei na memória tua
risada alta e sei como meu cérebro corresponde muito feliz quando registra teu
sorriso na minha retina. E não quer dizer que eu não me importo só porque eu não
controlo o quanto de amor você tem por mim e até onde ele pode durar.
Acho que as coisas
leves, meu amigo, funcionam melhor, elas duram no tempo sem registro ou obrigação
de espaço, elas crescem, inflam, flutuam, rodopiam, deixam marcas e lembranças
e quando a gente percebe elas nos acompanharam a vida inteira, porque
simplesmente cresceram com um cuidado e amor diário, sem cobranças futuras e exigências
extremas, elas respiraram como deveriam, sem mais, sem menos, e fluíram.
Se você parar para
ver, a maioria do nosso caminho até aqui, surgiu assim.
Annabel laurino.