terça-feira, 30 de julho de 2013

Be You

    Você não sabe de onde eu vim. Você não sabe por onde estive. Você não conhece os estragos que carrego no peito e nem desconfia dos sonhos que tenho quando consigo dormir. Você não entende meus sonhos, não ouve minhas ideias, não decifra meus silêncios e não mergulha nas minhas entrelinhas que permito esporadicamente para que fiquem claras, caso queira entrar. Não, você não me conhece. Não sabe das minhas musicas e nem dos meus medos, das minhas evasivas perigosas, das histórias que tenho enroscadas na língua esperando o momento certo, ou alguém certo, para contar. Não desconfia das minhas meias verdades. Não sabe que eu como doce antes do jantar e que na maior parte do tempo não sei o que estou fazendo.
    É difícil ser eu, solitário sobretudo. Qualquer um que seja, será sozinho. É uma vastidão confusa. Só há Um somente que me ouve. Mas eu continuo só. E conto estrelas, e toco alguma musica, ouço as horas do dia irem e virem e me perco e me encontro, e observo tudo e mantenho a fome, e não sacio a sede e tudo entra por um estranho ciclo, até que eu entenda. Até que eu me acostume. E acostuma? Acostuma.
    Guardo segredos, mastigo perguntas, engulo vontades, esqueço desejos, seleciono meus sonhos. Seja sábia menina, seja sábia, não se pode ter tudo. Amanhece todos os dias, o sol sempre o mesmo. A lagarta perguntou um dia, 'quem és tu?" e a menina disse "eu não sei, é possível que não seja mais a mesma". E sou? 
    Como diria Einstein, "Não sei por que todos me adoram se ninguém entende minhas idéias.". 
    E como entenderiam? Estão todos ocupados em ser eles mesmos. Quem pode culpá-los?
    Ocupo-me.



Annabel Laurino



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"Se eu largar sua mão que você sobreviva são, que você viva bem, leve, feliz. Que quando eu soltar sua mão você se desprenda vivo como um fio de luz que se sobressai sozinho do globo central e viaja pela atmosfera encontrando outros fiozinhos. Que você não sinta falta, que você saiba sempre porque soltei sua mão. Sem dor, sem mas, sem arrependimentos. Sem choros, sem velas, sem nada mais do que saber, eu soltei sua mão."




Annabel Laurino.