Embora deva-se lembrar: Nunca é tudo, nunca é completo,
nunca é propriamente seguro, propriamente seu. As vezes você tem, sem saber se
tem totalmente. É preciso de muito pra ter alguma coisa. Não basta certeza.
Afinal, certeza é o que mesmo? É só certeza. Vasta e obscura, certeza não vale
de nada. É como uma chave que abre o cadeado, nunca se sabe se pode emperrar na
fechadura ou quebrar no ponto certo. Tem falhas, tem pontas, tem sinais
quebradiços que não se encaixam. A sua certeza válida, invalida, começo a
dizer, é tão nada a ter sobre mim, sobre eu ser sua e estar sempre por perto
quando você precisar que se eu fosse você, partia ou lutava. Mas não me venha
com certezas sobre mim. Não me venha com autoconfiança, com “confiar no próprio
taco”, com “não vou ligar pra ela, ela que me procure, já que ela me ama”. Não,
não faça isso. É melhor. Certezas. Certezas são como descargas d’água
escorrendo sobre mim, passageiras, causam só no impacto do momento, sem serem
permanentes, depois as gotículas úmidas secam, e deu. Passou. Certezas. Nem eu
própria tenho certeza sobre mim, nem eu própria. Imagine só.
Annabel Laurino.