domingo, 4 de setembro de 2011

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Fique com o meu silêncio. Fique com a minha dor. Fique com o meu vazio.

Annabel Laurino.

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Hoje é domingo. Um domingo chato e cinzento. São quatro e meia da tarde. Vou matar esse resto de domingo adomingado á pauladas cruéis. Vou exterminar essa sede de cavar um buraco e encontrar uma mina de salvação pra me tirar dessa caverna escura desse dia chato de domingo. Daí eu vou sair. Vou encontrar outros corpos, em outros corpos encontrar a vontade, motivos e quem sabe alguma razão pra rir, satisfazer a vontade de que você me deixou no vazio e se esqueceu de mim. Nenhuma mensagem, nenhuma pergunta se ta tudo bem. To bem, só pra você saber. To saindo de casa. To indo viver, só pra variar. E não to indo só.

Annabel Laurino

Certeza


Embora deva-se lembrar: Nunca é tudo, nunca é completo, nunca é propriamente seguro, propriamente seu. As vezes você tem, sem saber se tem totalmente. É preciso de muito pra ter alguma coisa. Não basta certeza. Afinal, certeza é o que mesmo? É só certeza. Vasta e obscura, certeza não vale de nada. É como uma chave que abre o cadeado, nunca se sabe se pode emperrar na fechadura ou quebrar no ponto certo. Tem falhas, tem pontas, tem sinais quebradiços que não se encaixam. A sua certeza válida, invalida, começo a dizer, é tão nada a ter sobre mim, sobre eu ser sua e estar sempre por perto quando você precisar que se eu fosse você, partia ou lutava. Mas não me venha com certezas sobre mim. Não me venha com autoconfiança, com “confiar no próprio taco”, com “não vou ligar pra ela, ela que me procure, já que ela me ama”. Não, não faça isso. É melhor. Certezas. Certezas são como descargas d’água escorrendo sobre mim, passageiras, causam só no impacto do momento, sem serem permanentes, depois as gotículas úmidas secam, e deu. Passou. Certezas. Nem eu própria tenho certeza sobre mim, nem eu própria. Imagine só.

 Annabel Laurino.