sábado, 10 de setembro de 2011

as bordas, do quanto tempo faz e razão.


Estou em uma letargia constante.
Vislumbrei meu corpo no espelho.
Não me dei o trabalho de anotar detalhes.
Quanto tempo faz que eu não percebo mais as coisas?
Quanto tempo faz que eu não percebo mais a mim?
As horas vem passando.
Estou caindo cada vez mais.
E estou sempre tentando me segurar pelas bordas, arranhando as paredes.
Sempre tento não cair.
Mas sempre caio.
Um tombo de cada vez, a dor sempre parece pior.
Desliguei meu telefone, e retirei o fio da internet.
Fiquei sentada bebendo café e escrevendo coisas sem sentido.
Todo mundo pode julgar idiota.
“Do que ela esta falando agora? Será que ela é louca?”.
Talvez eu seja, sei lá. Desde quando eu devo satisfação á alguém?
 Hoje a tarde andei sozinha, e tua presença me fez falta.
Não uma falta corrosiva como me era antes.
Só queria tê-lo por perto, como um amigo e rir de você, bagunçar seu cabelo e poder brigar sobre o quanto você fala de mais.
Coisas assim vem me fazendo falta.
Comecei a passar mais tempo comigo mesma e percebi que você tinha razão em tudo que dizia a nosso respeito.
Comecei a passar mais tempo comigo mesma e percebi que eu estava errada.
Deixei-me de lado procurando cuidar de você.
 E Agora?
Bem, agora eu meio que estou aqui.
Não to levantando da cadeira por que meu corpo não responde mais aos meus comandos.
Mas espero levantar. Caminhar até a cama e me deitar, ficar um bom e longo tempo não pensando em nada e depois dormir.
E não esperar mais nada, de qualquer coisa que seja.

Annabel Laurino.
Pare de ficar me perguntando se as coisas iram mudar ou não.
 Pare de ficar reclamando das situações, da maneira como eu sou, ou se eu não faço, se eu não te procuro.
 Se você me quer, lute.
  Se você não quer, o que você faz aqui? Por que você se importa?
  Não tenho mais forças pra me preocupar com nada, tudo que eu espero de você é o minimo do que eu já fiz por nós dois.

Annabel Laurino.

Partícula brilhante, poeira titubeante


Hoje quando acordei pela manhã tive algum vislumbre de esperança. Era apenas um floquinho pequenino que refestelou-se em algum canto da minha mente. Segundos, apenas. Mas era bonito, brilhante, acompanhava algum movimento de desejos secretos que eu ainda não entendia do que se tratava ser. Mas podia dizer que se encontrava em meu intimo. Algo esquecido por lá, algo que eu já não mexia há muito tempo e que já estava coberto de pó.
   Cocei o nariz na esperança fracassada de retirar aquela poeira de perto de mim. Era mesmo que se sentida de uma forma correta, muito bonita de se ver, porém, estava sendo irritante naquela hora da manhã, com aquele sol gritando lá fora ordenando para que eu me levantasse e me vestisse, correndo para o meu compromisso.
  Daí foi que algo na minha mente se chocou sem avisos, sem barulho. Foi um choque silencioso. E quem sabe esses sejam os piores choques. Não se ouve ruídos, não se ouve som e nem aviso de que alguma coisa aconteceu, você só fica ali, deitada somente escutando qualquer coisa, sua respiração, os pássaros lá fora, o barulho do vizinho do lado deixando a panela cair no chão. Tudo se torna um caos silencioso, você arfa quase sem ar, culpando a si mesma por remexer em seus próprios sentimentos.
   Eu podia me lembrar. Na noite passada havia ido dormir determinada a não esperar mais nada. A esquecer você. A esquecer todas as coisas que já passaram. Porém, quando abri meus olhos pela manhã à pequena partícula brilhante de poeira, chamada esperança titubeava na ponta de meu nariz, dançante ela exclamava por uma simples atenção que fosse.
    Conforme se decorreu o silencio causticante vi a pequena poeira crescer, inflamou-se em um brilho transparente encoberta por uma camada mais branca que a anterior. Admirei-a.
   Silenciosa, permanecia presa em mim, esperando a hora certa de poder me mexer e levantar da cama, sacudindo para bem longe aquela falsa esperança que me atormentava por dentro.
   Contei até dez, sorri falsamente fingindo acreditar em qualquer coisa, e depois sem avisos nenhum, outra coisa de descolou dentro de mim. Novamente, não havia som.
   E lá estava você.
    Parada, lembrei de suas feições, de todas as coisas que eu amo em você, lembrei do seu sorriso, das manhãs em que caminhamos juntos e como ultimamente tem sido duro pra mim me manter afastada, de como tem sido duro colocar a cada instante um status bem grande entre a gente: “AMIGOS”.
   Nossa, aquela esperança era incomoda. Ela encrespou-se formando uma fina linha branca e depois girou dentro de mim, queria que eu pensasse ser possível as coisas melhorarem, quem sabe, serem melhores do que eram antes.
  Mas não deu. Resisti.
   Peguei minha já conhecida armadura secreta para essas falsas ocasiões. Amarfanhei todas as más lembranças, levantei da cama e pensei: “Já era, tudo acabou. Não há mais o que esperar.”
   Segui meu dia, sai de casa, encontrei com você, vi você, não falei com você... Eu estava certa. Não houve nada. Não tinha o que esperar. Não havia mais nada a desejar.

Annabel Laurino.

A caneca vazia e esquecida, coitada, até fria já esta.


    Acabei de olhar a caneca de café. Esta vazia. Fria e seca, a camada por onde as bordas do liquido se encontravam antes agora marcam as paredes da superfície. Olhei e me entristeci. Algo passageiro, eu sei. Mas, a caneca vazia, fria e sem nada a dizer além das marcas do café quente e gostoso que antes a encorpava por inteiro, me fizeram sentir como essa justa caneca. Me vi como ela, perdida, caída sobre uma mesa esperando a hora de poder ser lavada e preenchida novamente, de qualquer coisa que seja, mas de algo quente se puder. Esperando ansiosamente não ser esquecida em um armário empoeirado, e também pedindo pra que alguém se lembrasse de mim. A tristeza voraz de estar preenchida e de repente lhe esvaziarem. Não, rapidamente não. Aos poucos. Em goles e goles foram tirando tudo de mim. Cada gole uma engolida fatal e dolorosa. Sentimentos e lembranças, esperanças e sonhos sendo sugados. E já não mais como antes, nem quente e nem tão bonita, nenhum vapor denso exala de mim, é como se estivesse em total estado de morbidez. Não exalo perfume e nem calor. Sou fria e agora vazia.
   Será que há algo pior do que ter permanecido como essa caneca esquecida?

Annabel Laurino.

Novamente você, e agora, algo morreu então.


  Foi melhor assim. Foi muito melhor assim.
  Não estou bem, não posso mentir. Não estou feliz e não me sinto contente com mais nada. Me sinto vazia, é verdade. Mas não choro. Não grito e já não falo mais. To percorrendo um corredor comprido que não sei onde termina e nem para onde me leva agora. Estou sentindo as pequenas sensações de alarde pela falta da tua presença, da tua real presença, da qual fui obrigada a aceitar. Aquela que me impulsionava a te ver não como um ser amigo que bordava meus dias com carinho, afeto e imaginação. Mas um ser do qual eu desejava, que coloria minhas tardes, minhas noites, meus dias por inteiro, o ser que eu analisava as feições por completo, sorria com afeto e abraçava sem temer, sem vontade de soltar.
  A falta acida dos tempos que não voltam mais, dos dias em que eu era quem te puxava contra o meu corpo e te roubava um beijo, dos dias em que eu bagunçava seu cabelo e sentia aquela intimidade que percorria envolta da gente.
   E essa intimidade se esvaiu. Eu não sei para onde ela foi. Era ela quem me colocava a sorrir todos os dias, era ela que fazia da gente a gente. A intimidade coloria nós dois, dava vida ao que a gente chamava amor e brilhava na nossa volta, marcando os acontecimentos que se decorriam depois.
   É da nossa intimidade que sinto falta, acho que é por isso não consigo ser mais a mesma. To sentindo que ela morreu, e não sei dizer por que. Talvez a fé tenha ido junto e a vontade também.
   Não estou sentindo mais vontade de nada, sinto vontade só do que já passou. As vezes sinto muito a sua falta, de você por inteiro, de como me faz sentir, de como me faz sorrir, mas as vezes agradeço por estar longe e gosto desse longe, o quanto longe melhor. Gosto de pensar que não há mais ninguém tentando furar a minha bolha solitária, que não há mais ninguém agora infringindo e brincando com os meus sentimentos como se eu fosse um brinquedo descartável. Agradeço por ter visto isso agora. Não daria certo. A gente sempre foi só amigos e eu sempre amei por nós dois.
   Ainda hoje sou eu que procuro tuas mãos por cima da mesa, sou só eu que lhe sorrio de volta e que te cumprimento em um abraço amigável, sou eu que pinta de cores as cores dos dias, e ainda sou eu que se importa.
    Pelo menos era, por que já não estou me importando mais.
    Estou dizendo, e talvez seja preocupante, ou não. Alguma coisa morreu em mim e eu não sei dizer o que é, alguma coisa desmaiou, caiu no esquecimento obscuro da minha memória apagada e preguiçosa. Alguma coisa importante e essencial se perdeu entre nós dois. Confiança talvez. Vontade. Saudade. Intimidade. Não sei dizer se somente da minha parte, ou da sua talvez. Eu só sei dizer que algo definitivamente morreu. 

Annabel Laurino.

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E Será que nesse tempo todo eu fiz certo? Será que eu não fechei a porta cedo de mais e amarrei o nó da corda antes do tempo determinado? Será que não cruzei o caminho contrário? Será que eu não vi e não ouvi e não entendi errado? Afinal, eu fiz errado? Ou eu fiz certo?

Annabel Laurino.