sábado, 10 de setembro de 2011

A caneca vazia e esquecida, coitada, até fria já esta.


    Acabei de olhar a caneca de café. Esta vazia. Fria e seca, a camada por onde as bordas do liquido se encontravam antes agora marcam as paredes da superfície. Olhei e me entristeci. Algo passageiro, eu sei. Mas, a caneca vazia, fria e sem nada a dizer além das marcas do café quente e gostoso que antes a encorpava por inteiro, me fizeram sentir como essa justa caneca. Me vi como ela, perdida, caída sobre uma mesa esperando a hora de poder ser lavada e preenchida novamente, de qualquer coisa que seja, mas de algo quente se puder. Esperando ansiosamente não ser esquecida em um armário empoeirado, e também pedindo pra que alguém se lembrasse de mim. A tristeza voraz de estar preenchida e de repente lhe esvaziarem. Não, rapidamente não. Aos poucos. Em goles e goles foram tirando tudo de mim. Cada gole uma engolida fatal e dolorosa. Sentimentos e lembranças, esperanças e sonhos sendo sugados. E já não mais como antes, nem quente e nem tão bonita, nenhum vapor denso exala de mim, é como se estivesse em total estado de morbidez. Não exalo perfume e nem calor. Sou fria e agora vazia.
   Será que há algo pior do que ter permanecido como essa caneca esquecida?

Annabel Laurino.

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