Acabei de olhar a caneca de café. Esta vazia. Fria e seca, a
camada por onde as bordas do liquido se encontravam antes agora marcam as
paredes da superfície. Olhei e me entristeci. Algo passageiro, eu sei. Mas, a caneca
vazia, fria e sem nada a dizer além das marcas do café quente e gostoso que
antes a encorpava por inteiro, me fizeram sentir como essa justa caneca. Me vi
como ela, perdida, caída sobre uma mesa esperando a hora de poder ser lavada e
preenchida novamente, de qualquer coisa que seja, mas de algo quente se puder.
Esperando ansiosamente não ser esquecida em um armário empoeirado, e também
pedindo pra que alguém se lembrasse de mim. A tristeza voraz de estar
preenchida e de repente lhe esvaziarem. Não, rapidamente não. Aos poucos. Em
goles e goles foram tirando tudo de mim. Cada gole uma engolida fatal e
dolorosa. Sentimentos e lembranças, esperanças e sonhos sendo sugados. E
já não mais como antes, nem quente e nem tão bonita, nenhum vapor denso exala
de mim, é como se estivesse em total estado de morbidez. Não exalo perfume e
nem calor. Sou fria e agora vazia.
Será que há algo
pior do que ter permanecido como essa caneca esquecida?
Annabel Laurino.
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