sábado, 15 de setembro de 2012

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Eu acho que amo uma complicação do tipo desnecessária, situações que eu entro sem pensar e dai quando eu vejo fico nessas sem saber pra onde ir.


Annabel Laurino

Come on !



    Seria um máximo se a gente socasse nossas coisas, nossas tralhas, no porta-malas e partisse logo quando o sol amanhecesse amanhã. Se a gente tivesse um carro. Nesse caso, a gente jogaria uma mochila nas costas e voaria daqui, dessa cidade cheia de princípios antigos e gente de mente pequena e rostos conhecidos desde que saímos da maternidade. Vai, eu aposto que você era o bebê ao meu lado na sala do maternal, berrando sem parar. Isso explicaria muita coisa, destino, fado. Como dizia Cazuza, nossos destinos foram traçados na maternidade. E por que não?
    Queria te dizer tantas coisas, mas dizer ocupa tempo no espaço cheio de adornos eloqüentes que vivemos hoje, melhor mesmo é deixar a musica doida e agitada tocar alto nos auto falantes enquanto a gente se curte sem medo, planejando uma emboscada qualquer, uma fuga divertida no meio da noite, sem deixar bilhete na geladeira.
    Não faz sentido essa gente chata por ai e seus padrões ironizados e ultrapassados. Eu mesma, já tentei tantas vezes adentrar em um desses padrões, mas eu tão baixinha, acinturada e quadris largos simplesmente não entro nessa história. Falando sério, to legal assim, fazer o que. A mente Ta boa, te garanto. E no fundo é o que importa mesmo. Só queria mesmo era ficar longe dessas coisas todas.
    Um final de semana na praia, alugando um quarto barato, saindo pra caminhar nas manhãs ensolaradas de nuvens meio brancas celestiais ia renovar nosso espírito, quem sabe eu até me descobrisse. Quem sabe até esses sonhos loucos, esses pesadelos constantes cheios de insignificados, gente que desconheço e pressões súbitas de realidade onde me vejo presa sem conseguir acordar, passassem.
    Passaríamos um final de semana longe de tudo, vendo as ondas quebrando, os pássaros e os bichos estranhos na auto estrada, as arvores verdíssimas e o asfalto cinza aglutinado na paisagem da janela do primeiro ônibus que iríamos pegar pela manhã. Conheceríamos uns caras loucos que nos apresentariam a mais um monte de amigos mais doidos ainda e que nos chamariam para uma social, nos contariam histórias trágicas sobre suas viagens malucas em meio ao mundo e essas coisas meio blá.
    Pode parecer loucura, mas eu ficaria até bem. Seria bom, não acha? Podíamos nadar nus em uma praia paradisíaca e ter as roupas roubadas, nos perder, ficar sem grana e ter que ganhar um dinheiro em um trampo de meio período no fast food gordurento da auto estrada. Que acha? Tranqüilo? Aventura de mais pra você? Prometo que depois de um mês a coisa engrenava e a gente dava no pé daqui para a Sicilia, ou Marrocos, Egito, Arabia Saudita, Sudão e tal.
    E então, vamos? Pega suas malas ali, coloca aquelas suas meias quentes, pode fazer frio, não esquece da máquina fotográfica e das camisetas abarrotadas. To te esperando nessa espreitada, um beijo.



Annabel Laurino.



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Gosto do meu individualismo, só me encontro dentro dele, lá fora cansei das pessoas trocarem ideias, mentiras, vantagens, idiossincrasias. Não importa o quanto me fazem rir e sentir um pouco mais distante da morbidez. Vocês sempre terminam me magoando quando servem-se de metade, só um pedacinho de mim.

Gabito Nunes