Annabel Laurino
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
sede
Mais um daqueles momentos dispersos onde a verdade, a razão, o desejo, o correto, o incorreto, o medo, a fome, o vicio, se difundem num só olhar destemido, cheio de sede. Tudo vira sede no fim. Você sabe, a fome é meio que sede, porque seca. Seca a gente por dentro, por fora, e secos de amor meio que piramos. A sede é uma forma de fome, uma enorme falta de tudo que não temos mais, ou que temos mas está longe, ou que já tivemos um dia e hoje, não temos mais. Esse é mais um daqueles momentos desenhando pássaros nas paredes do quarto e querendo criar asas longas para poder voar longe, além das paredes azuis. Vontade de recriar nos únicos braços que se sente falta um lugar eterno onde pudesse regressar sempre, como um ninho seguro, cheio de paz, comida, e segurança. Mas então a verdade vem como uma onda, e sabe-se que o ninho será derrubado pelo vento, ou que a arvore que o sustenta despencará, dia ou outro. Sabe-se também que nada é para sempre, e nesse desespero que me acrescenta minha sede só aumenta. Minha sede. Por ti.
Dear
Sei lá o que é isso. To aqui de novo com as mãos atadas,
tomando café quente, fervendo sem sentir nem mesmo a boca formigar em protesto.
To escutando aquela musica dramatississima que você coloca sempre que quer
chamar minha atenção por que sabe que eu choro escutando ela, por que sabe que
ela tem tudo a ver com a gente, com nosso passado de um ano atrás. Ah mas eu
não sei o que fazer. Sério mesmo, não te minto. Eu nem mesmo entendo quem ou o
que é você. Só sei que não resisto a alguma coisa que tem em você. Meu
psicólogo disse que é química, mas estou pensando que pode ser algo muito mais
pesado, tipo física, matemática, espiritismo, química, astronomia e por ai vai.
Ver você naquela roupa de nerd saída de um filme americano com o sorriso torto,
os lábios grossos, as mãos que eu gosto, o cheiro que eu amo, da vontade de te
morder. E eu fico pressa em mim mesma gritando comigo, dizendo, para sua louca,
ele não é para você, para quieta, segura o facho, senta ai, cala a boca, não
toca nele, não respira, para, não, não puxa ele, não, não abraça, sai de
perto... Mas já era. Lá estou eu com meu sorriso de criança carente te pedindo
um minúsculo bocado de sua atenção, suplicando por um beijo, por uma réstia do
teu gosto que eu guardo sempre como uma criança obesa escondendo doces embaixo
da cama.
Acho que não é
falta de amor não. Amor eu tenho de sobra. Todos nós temos. Minha falta é você,
que colou em mim e sei lá, camuflou, virou uma parte minha, se uniu a mim, a
minha parte feia, minha parte bonita. Não sei, ta complicado. Mas to
despreocupada. Por mim tudo bem, sei que dói, sim dói bastante, mas já entrei
nessa a muito tempo, só estava querendo cavar um buraco para os lados desse
túnel que já estou trancada a tempos. Tanto faz. Amor da minha vida, paixão desenfreada,
daqui até a eternidade. Te quero sempre muito bem, de preferência embaixo
desses meus olhos embaçados que julgo castanhos. Milhares de beijos para você,
meu bem.
Annabel laurino
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Desorganizaram-se e de repente um não sabia mais onde estava o outro, levaram alguns segundos para localizar-se outra vez, os olhos de cada um lendo no rosto do outro o que ainda não tinham decifrado no próprio olho.
Caio Fernando Abreu
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