sexta-feira, 10 de agosto de 2012

sede

Mais um daqueles momentos dispersos onde a verdade, a razão, o desejo, o correto, o incorreto, o medo, a fome, o vicio, se difundem num só olhar destemido, cheio de sede. Tudo vira sede no fim. Você sabe, a fome é meio que sede, porque seca. Seca a gente por dentro, por fora, e secos de amor meio que piramos. A sede é uma forma de fome, uma enorme falta de tudo que não temos mais, ou que temos mas está longe, ou que já tivemos um dia e hoje, não temos mais. Esse é mais um daqueles momentos desenhando pássaros nas paredes do quarto e querendo criar asas longas para poder voar longe, além das paredes azuis. Vontade de recriar nos únicos braços que se sente falta um lugar eterno onde pudesse regressar sempre, como um ninho seguro, cheio de paz, comida, e segurança. Mas então a verdade vem como uma onda, e sabe-se que o ninho será derrubado pelo vento, ou que a arvore que o sustenta despencará, dia ou outro. Sabe-se também que nada é para sempre, e nesse desespero que me acrescenta minha sede só aumenta. Minha sede. Por ti.

Annabel Laurino