Coração solitário, vago por um caminho distante e recolho as roupas espalhas pelo chão gasto e empoeirado do quarto. Não sinto nada. Nada toca dentro desse coração. E das poucas coisas que me são ainda sentidas, e das pequeninas coisas que me chamam a atenção, apenas substituem vestígios desse vácuo compreensor dentro de mim.
Preferi assim, escolhi por esse caminho e quero desfrutar do gosto agridoce de sentir perder e ganhar sozinha, de abrir as janelas e sentir a brisa do verão quente e abrasante preencher as tardes languidas desse pequeno período de tempo, em que me guardo dentro dessa caixa colorida e disforme, onde escrevo coisas sem sentido, onde me escondo do mundo, onde deito, leio, como e durmo, onde divago e choro, tudo muito silenciosamente, na solitude completa, sem ninguém perceber.
Poderia até parecer muito dramático, meio que ever-dark-forçado, mas não é nada disso não. Decidi que o melhor remédio pra mim é a solidão, e sei viver muito bem assim. Gosto da maneira como tudo se encaixa apenas pelo esforço do tempo, gosto de me sentir assim, meio que solta, sozinha, sem ninguém. Tudo bem, faz parte, e eu gosto. Eu adoro me vestir só pra mim, de ler livros á tarde inteira, de passar tempo com as amigas, de sair para ver o mar e de caminhar tirando fotos de tudo, de tomar muitos cafés e de ajeitar o cabelo da melhor maneira que me convém.
Cansei de me ferir, cansei de correr atrás, cansei de me importar, cansei de esperar o perfeito acontecer, cansei de querer alguém ideal e legal, e que cuidasse de mim, e que se importasse com o que eu dissesse. Alguém que fosse educado e gentil, que eu pudesse sorrir com gratidão ao apresentar aos meus pais.
Acorda menina, repito para mim mesma, essas coisas só existem em sonhos, e você não tem esse tempo todo, bora já viver! Tipo, lonely heart vagando por ai.
Annabel Laurino.