sábado, 17 de dezembro de 2011

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  Sabe, tudo que eu queria no momento era um xícara de café bem quente. Queria estar sentada em um cama aconchegante de várias almofadas brancas e genuínas, macias e fofas, meu corpo afundaria no menor toque de encosto á elas. Depois eu desejaria que uma bandeja de biscoitos macios e quentinhos estivessem servidos á minha frente. Haveria alguém do lado, e esse alguém descansaria o braço sobre o meu corpo, passaria gentilmente a mão sobre meus cabelos e diria mansamente que tudo iria ficar bem, que tudo isso era só uma madrugada tempestuosa e confusa, que o tempo logo logo irá se estabilizar, que eu vou conseguir sair dessa, que tudo vai ficar certo outra vez. Esse alguém contaria-me uma história, beijaria meu rosto, me faria crer nas suas longas promessas de que o amanhã seria melhor, e me colocaria para dormir  nos seus braços. E eu dormiria, acreditando que tudo ia ficar bem. E o medo iria se dissipar aos poucos, e a vontade de chorar também, e se mesmo a vontade de chorar insistisse eu saberia que mãos quentes logo as secariam do meu rosto. Tudo iria ficar bem.
   É, eu desejo ardentemente tudo isso.

Annabel Laurino.

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    As vezes, numa confusão de cores, sons, rostos diferentes, transloucados de momentos e transições de assuntos, as coisas simplesmente parecem zumbir numa sinfonia alucinada que não se encaixa em som algum, é simplesmente um zumbido enlouquecedor, que toca naqueles dias insanos que você sempre se arrepende de ter saído da cama.
    To tentando ser forte e ver a fundo tudo isso. Toda vez que olho pro fim do buraco em que me enfiei vejo que cheguei até aqui sozinha. Por que fui suficiente burra para ter chegado até aqui. Concluo sempre, em meio a fios de pensamentos como esses, que posso ser tão burra para permanecer.
   Ou tão mais forte e conseguir sair, já que pude chegar até aqui, deve ter alguma forma de sair.
   Me agarro enlouquecida nos últimos fios de esperanças, marcho como se saísse para a guerra e dou urros de bravura, visto á armadura pendurada no canto esquerdo da porta, peço a Deus para que me proteja, penso que não está certo, que não vai ficar assim, e me convenço de que esse talvez possa ser o grande desafio de todos, e ótimo, eu adoro desafios. Vamos lá!

Bebellaurino.