segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Flor, papel..

    Sinto-me como uma flor esmorecendo em um vaso vazio dizendo: - Ei por favor, cuide de mim, coloque sobre meu corpo umas gotas de água, limpe esse vaso vazio, limpe-me com sua água, mate minha sede.
   Sinto-me como um papel amassado e caído no chão, perdido no tempo, esquecido no pensamento, escrito com palavras em vão, que por um certo dia, ou no certo tempo fora escrito por mãos quentes e temerosas e hoje é apenas um pedaço de papel, caído gritando assim: - Oh por favor, abra-me, desamasse essas rachaduras que me doem tanto, desdobre esses vínculos dolorosos que se partem em mim, repouse-me sobre uma mesa limpa e depois leia-me. Leia-me como um verso interminável da razão vivida, leia-me como nunca lestes nada na vida.
Eis que é assim que me sinto. Gritando assim: Cuide-me! Cuide-me por que me achastes, sou tua agora.
   Cuide-me.


Annabel Laurino.