quarta-feira, 16 de março de 2011

Em um momento súbito...


Como um pingo d’água escorrendo sozinho pelo vidro fino e embaçado
Como calda de cacau escorregando gentilmente por uma colher de prata
Como o ar soprando de dentro dos cálidos lábios contra o ar de outono
Como um sopro quente e denso
Envolvente e finamente puro
Abrasante e eloqüente
Tudo
Tudo isso eu venho sentindo agora
Como um sonho lento
Uma melodia que canta o amor
Como o blues
E depois, tudo para
E como o pingo d’água escorrendo até o final do vidro frio
Sem saber mais como cheguei aqui
Apenas, escorregando
Para tão logo,
Calmamente e silenciosamente, voltar ao normal.

Annabel Laurino.