Vou te confessar uma
coisa, ando com muita preguiça. Não, pera ai, não é preguiça de viver, de pegar
o controle da TV que ta do outro lado da sala, de secar o cabelo, de levar o
copo pra pia, de sair com o cachorro ou até mesmo preguiça de fazer
literalmente tudo. É preguiça social mesmo.
To cheia de ter que
ficar espezinhando todas as informações mentais que passam no meu cérebro e
entregar de bandeja para os outros, por que assim fica mais fácil de me
entender, da menos trabalho, não precisa pensar.
Oh que triste,
assim são os homens. Nunca explicaram pra eles que mulher gosta de ser
surpreendida? Ok, então lá vai. Eu gosto de ser surpreendida. De ser entendida
sem ter que me explicar, de ser observada sem perceber, de receber mimos sem
nem ter dado a intenção de que os queria.
Não tem nada mais
gostoso do que você receber de alguém uma surpresinha nem que seja, um programa
a dois todo pronto sem nem ter um dedo seu no meio do cronograma, um agrado, um
afago, uma ligação feita fora de hora sem a intenção de falar nada além de
“precisava dizer que te amo’.
As vezes eu sou
muito dura com as coisas, mas dentro de mim mora uma velha e dengosa romântica
das mais antigas. Daquelas pessoas que escrevem cartas, acordam com café da
manhã na cama, cafuné com beijinho, presente embaixo do travesseiro depois que
acorda, ligação pela manhã, flores e cartões sem motivo, data ou comemoração.
Acho que deixa a
vida mais bonita, mais cheirosa, mais brilhosa. Da a sensação de que tem sempre
algo novo e assim, nada se desbota. É muito triste quando as relações passam a
fatigar com mensagens eletrônicas de má vontade e discussões onde um pretende do outro o que
aquele nunca dá.
Não nasci para
sentar e esperar atitudes, eu gosto de tudo pronto. Principalmente quando minha
urgência por coisas bonitas é uma fome que não cessa nem em dias de muito frio.
Tenho preguiça de me explicar, de dizer tantas e tantas vezes o que eu espero.
Na verdade, é mais como se eu quisesse que você começasse a ler nas
entrelinhas, nos meus olhos, nas palavras que eu não falo, no que eu não
mostro, no que eu escondo. Só para então, talvez, alguém decifrar o segredo por
trás dos meus silêncios.
Annabel Laurino