Caio Fernando Abreu
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
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"Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto - preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um caminho."
it's not the month, is...
Hoje é dia 31.
Isso quer dizer que amanhã agosto acaba.
Graças a Deus, eu
penso sobressaltada.
Será que toda essa
angustia vai embora junto com o mês cravado no calendário?
Tomara, tomara.
E que vá, eu peço.
Só
faltam algumas horas.
O problema não é o mês.
O problema é a
angustia que assola no peito e que não da sinal de partir.
Então será que não
vai?
Tomara, tomara.
Peço mais uma vez, esperançosa.
Annabel laurino
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