terça-feira, 20 de março de 2012

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Loucura é não arriscar. Perigo é não ceder.

Gabito Nunes

Dialogando.

- Só estou procurando o que é o melhor para mim.
- E como você pode ter certeza do que é o melhor para você?
- Bem, eu não sei. Mas quero que as coisas sejam exatamente do jeito como devem ser, como eu mereço, e eu mereço sabe? Então quero o melhor.
- E o que é o melhor?
- Puxa, mas você faz muitas perguntas!
- Desculpe...
- Tudo bem.
- ...
- Algum tempo atrás eu achava que o melhor para mim era você.
- Mesmo?
- Sim.
- E agora, não sou mais?
- Agora não. Descobri muitas coisas. Veja só, eu acreditava que sendo você o meu melhor eu era também o melhor para você. Agora percebo que me enganava.
- Você acredita mesmo nisso?
[fez-se silêncio]
- Sim, agora acredito. 


Annabel Laurino



...


"Estou prestes a mergulhar. Dessa vez, não insistam, vou dispensar o equipamento de segurança."

Verônica H.


...

"Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez."

Carlos Drummond de Andrade 

...

Se tu vens às 4, desde às 3 eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às 4 horas, então, eu estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade.  




O Pequeno Príncipe 

Desejo do dia:


Café Mocha 


Abram alas, e regozijam seus corações

- Você precisa manter a calma.
- Calma? Como pode me falar de calma em uma hora como essa?
- E o que tem a hora agora?
- Bem, é tempo de me sentir ansiosa.
- Ah... Sim. Coisas boas estão acontecendo?
- Sim, você acredita nisso?
- Acredito. O outono está chegando.
- O que o outono tem a ver com as coisas boas que estão acontecendo comigo?
- Bem, no outono as coisas mágicas acontecem, é como se explodisse de algum lugar algum tipo de segredo, que somente os sortudos pudessem ouvir. Algum tipo de estação especial.
- Não sabia disso.
- É, são as coisas que ocorrem no outono, tudo pode acontecer.
- Acho que tem razão. Tudo pode acontecer.
- E não é?
 [silêncio]
 Tinham razão.

Annabel Laurino.

...

Estremeceu mais uma vez, como se espiasse por baixo de um curativo, e fechou o caderno com força. Meu Deus, "a coisa ilusória".



[Um Dia - pág. 65] 

Surpreendendo-se

    Acho lindo isso de ir dormir com o coração limpinho. De encostar a cabeça no travesseiro cheirando a sol e fechar os olhos tranquila. Desliguei o telefone agora a pouco, falando com ele, me desprendi e me surpreendi como usava de uma naturalidade mansa para falar de alguém que não era eu, para instruir que ele deveria sim procurar ela, que ele dizia tanto amar. Não me senti ferida, triste, magoada ou até mesmo com ciumes. Me senti feliz, veja só. Pensei que esse dia nunca iria chegar, mas me senti tão inteirinha que se duvidasse estava até sentindo os mindinhos dos pés.
    Se alguém me contasse eu não iria acreditar. Mas é, verdade verdadeira. Meus olhos sorriam, prestei a atenção em cada virgula do drama e quando terminada a conversa o peito eclodia em uma canção mansa, sincera e bonita. Quando nos despedimos até desejei uma benção, uma boa sorte para ele. E antes de me deitar orei tranquila, agradeci por meu coração inteiro, por não sentir mais nada, nem um resto de fio de cabelos de sentimentos pressos ou escondidos. Como se eu tivesse passado uma temporada em uma clinica de recuperação. Estou novinha. Infelizmente não houve clinicas, o aprendizado foi à pauladas virulentas, mas valeu a pena.
    Valeu a pena.

Annabel Laurino.

Lie

   Desenrolam-se mentiras da ponta de sua língua úmida
   Você acha que não percebo
   Pensa que assim como outros
   Embebedo-me na tua fala confusa e embriagada
   Mas não, sóbria, sou atenta as tuas virgulas
   Tuas viralidades pontuais
   Não me esqueço nunca de quem és de verdade
   E já que te esqueces
   Das faces que me mostrasses um dia
   Eu finjo que acredito no que desenrolas para mim
   Sem vergonha, mentes, com naturalidade
   Acredita que fecho os olhos diante de suas mentiras
   Tão bobas, parecem ter sido tiradas
   De um livro de histórias ilustradas e infantis
   Aceno a cabeça
   Um sorriso nos lábios
   Você mente bem,
   Que pena é que eu não acredito em você.


Annabel Laurino.