terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Não ir, ir, ficar, sair, desistir. Tentar.

- Então se é para ser assim, me desculpe, eu desisto.
- Desiste? - perguntou atônito.
- É isso mesmo, eu desisto. Com prudência ou não, mas como pode ver estou indo embora.
- Peço-lhe, não vá.
- Eu vou.
Tristemente um retumbante silêncio se fez dentre eles.
- Espero que se lembre de que mesmo indo embora a história não acaba aqui.
- Ora, seja especifico que o tempo branda.
- Digo, a história, nossa história, viverá acessa dentro de você todos os dias.
- Como podes ter certeza disso?
- Eis que se for de verdade viverá, mesmo que se passe dias frios e chuvosos, ainda assim, como chama quente no inverno rigoroso ela acenderá brilhante, e no verão úmido descobrirás que ela não de desfalecerá pelas imensas inundações. Saberás disso, se for verdade. Agora, pode ir.
[silêncio]
- Me deixas ir?
- Não, nunca.

Annabel Laurino.

Ardência pura. Ciumes cruel, falta insana. Jaz aqui.

    E o que te dizer? Se tenho ciumes só de pensar que guardas tua fala mansa para outro alguém que não eu? Que ligas teu telefone não pensando mais em me ligar, mas ligar para outras pessoas? Pessoas novas ou velhas que do nada rechearam a tua vida no lugar do espaço que eu ocupava antes. Não sei, pode ser bobagem. Tenho medo de parecer pra você alguém insignificante. Em parte por que necessito desse espaço vital na sua vida, em parte por que quero ser para você na mesma medida de importância que você é para mim. Não quero ser o seu 'era e não é mais', virar possibilidade, ou cartão postal jogado dentro da gaveta, empoeirado e perdido, desbotado.
    Tenho falta sua meu bem, mas é uma falta tão cursiva que as vezes dói por que não sei como estanco essa falta. É do tipo, "me deem água que dentro de mim nasce um deserto Saara, mas muita água, água pra valer", mas trazem-me um misero balde de água morna, esquecendo do deserto que há aqui dentro. Não cessa, não cura. Mas dói nessa ausência ribombante que fica girando dentro do peito, ocupando um espaço que não cabe quase nada. E agente acorda todo dia pensando que pode ser diferente, e o passado ali do seu lado, feito garra negra apertando sua mão, aperto frio. E da uma saudade, uma saudade louca do tempo em que tudo fazia um sentido imenso sem nem fazer esforço. Da saudade de tudo, do abraço, do cheiro, do toque, das musicas, dos risos, das brincadeiras. Da saudade. Da ciumes. Dói pensar que tudo o que eu fui pra você agora, não sou mais e não tenho mais importância.
    Ou tenho?
    Bate a porta e grita, chama, diz que tenho, diz que ama. Mesmo que seja incerto, mesmo que a chama seja curta, mesmo que o céu extingue, não tem problema. Só não deixa esse amargo sabor aglutinar na boca e se perder nos ponteiros negros do tempo. Não deixe.
 

Annabel Laurino. 

domingo, 29 de janeiro de 2012

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 O mundo acaba hoje, eu estarei dançando
  O mundo acaba hoje eu estarei dançando, com você.


Agridoce


sábado, 28 de janeiro de 2012

Trasparente.

    É melhor criar um outro mundo, uma outra história, do que conviver nesse real intangível. É mais fácil dedilhar os dedos no teclado do computador de forma involuntária e simplesmente deixar com que os fios deslizantes de uma nova história se enrosquem num novelo magicamente novo de uma trama, um romance, uma aventura. Distantes de tudo que parece ser real e profundamente fatalístico, tendo de ser assim.
    As vezes eu amo a realidade, parece fria, dura, mas no meio desse metal acromático e dessa gélida camada há também momentos que nos fazemos injetados por injeções lividas de ilusão. Quando surge alguém. Ou quando em momentos de danças, dançando, dizendo não ligo para nada e nem para ninguém.
    Quando o efeito acaba lá está o coração apossado e transbordante da realidade gélida e dura. Dureza essa. Dorme bastante que passa. Come quase nada pra não se sentir mais pesado. Fica escrevendo coisas sem sentido e força um significado só para ver se alguém lê, se alguém se digna a prestar atenção nos pontos pontilhados e reservados em cada final de frase, como um rastro descolorido.

Annabel Laurino. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Mansa

Vai tentar ludibriar novamente?
Vai fazer sempre o mesmo jogo?
Garoto, esta na hora de mudar de tática.
Meu passo é leve.
Minhas curvas, onduladas e frias.
Sou pequena, nem tamanho quase eu tenho.
Não ocupo espaço.
Apenas me deixe viva na soleira dos teus braços.
Não fará mal nenhum.
Deixo quente o toque.
Você passa as luvas brancas da sua pele fria sobre suas pernas ferventes.
Nervoso.
Eu marco você.
Marco fundo.
E você nem percebe.
Está distante, perdido na fala mansa que jogo em cima dos teus ouvidos, não prometo nada.
Mas falo bonito.
Não tem como negar.

Annabel Laurino. 


Carnaval de Frutas

   A cada dia que passa me convenço mais de que nessa vida ninguém pode substituir ninguém. Não importa o quanto você tente, não importa o quanto os dias lindos de verão se mostrem abertos para você como portas douradas cintilando de raios quentes e reluzentes, e que as oportunidades surjam, e que você se sinta mais livre, mais solta, e que você beije outros lábios por ai, e que você deleite em outros braços por ai, e que você tenha outras conversas vazias ou construtivas por ai. Não importa. É a única convicção que você toma depois quando descobre que não importa mesmo, não tem jeito, ninguém substitui ninguém. E dói um pouco, uma dor daquelas que você sabe que o único consolo é a tentativa eterna de procurar reverter esse resultado, mesmo sabendo que você está fadada á não conseguir. Aperta o peito, da vontade de gritar. Mas você sabe, pode até ser que encontre pessoas melhores, que seja melhor, mas não é igual. Nada é igual. E não se trata do que você recebe, dos risos, dos olhos, do corpo, da pele, da maneira e tudo mais, mas da forma como você se sente dentre tudo isso. Não é você de verdade, como era naquele tempo meio distante. 
     Da vontade de ficar na frente da televisão para o resto da vida, beber café amargo e assistir ao plantão de noticias como se estivesse vendo o anuncio do tempo para o final de semana. Da vontade de não tentar mais. De não tocar mais em ferida alguma, de deixar como está, de morrer por dentro, por fora, por cima, pelos lados. Mas você sabe que não da. Que as feridas tem que cicatrizar, que a vida segue, que tudo segue, que a saudade é viva, que machuca, mas você banha ela todos os dias com pingos de dignidade. Já doeu uma vez, agora você só pode se matar um pouco mais em outros alguém. Não tem jeito. 
     Mas a verdade inconveniente vem sempre pronta e macia, como uma sobremesa de Carnaval de Frutas a sua frente: Aqui está, perceba, ninguém substitui ninguém. E reluz lindamente colorida, doendo muito, você engole em seco e segue fingindo não sentir nada. Uma colherada doce de cada vez. 


Annabel Laurino. 

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    Como Alice, as vezes a gente meio que se coloca em situações que são tão tentadoras, tão puramente deliciosas e que chamam instantaneamente a nossa atenção. Só por que tudo parece um pequeno biscoito delicioso, suculento, pode ser muito saboroso. O que ele faz? Qual será seu efeito?... É por ai que começamos a nos perder em uma loucura cada vez mais instigante e vertiginosa. Sem nem mesmo perceber. E cada vez que vamos adentrando mais na história, mais nos perdemos. Pode ser divertido. Pode ser delicioso. Pode ser um sonho. Pode ser fatal.

Annabel Laurino.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

domingo, 22 de janeiro de 2012

Desejo do dia: Manjar Turco



- Que deseja comer?
– Manjar turco, Majestade, por favor – disse Edmundo.


(As Crônicas de Nárnia) 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

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"O negócio é este: quando a gente quer se fazer de tolo, quase sempre consegue."


(O sobrinho do Mago; in As Crônicas de Nárnia - C.S. Lewis)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Transitoriedade de... Vida.

    Sempre achei que se estivesse com as pessoas, eu estaria bem. Sempre pensei assim. Que se eu estivesse ao lado de alguém necessariamente eu não me sentiria só, e que mesmo que essa pessoa fosse bruta, difícil e até mesmo complicada de conseguir arrancar um gesto simples como até mesmo uma demonstração de tal eu precisava dela. E de todas outras pessoas. O que sempre foi um erro.
    Um dia, como todas as histórias terríveis começam, quando o conheci proximamente, como se analisa uma partícula distante dentro de um caleidoscópio. Dentre tantas outras partículas essa em si tinha alguma deformidade nas suas redondezas, algo em seu modo como flutuava no meio de todas outras, que simplesmente foi como se crescesse diante dos meus olhos até mesmo nus. E essa pessoa, essa partícula recém exorbitante tornou-se o centro dos meus dias. Por que? Eu não sei. Apenas tornou-se. O que pode-se considerar estranho, sempre fui alguém que pensa que apaixonar-se seria um erro fatal, sempre e sempre, e nunca cogitei a ideia de repartir meu tempo com outro alguém, mas é verdade que sempre fui crente do amor.     
    Enfim, essa pessoa de repente não era mais como todas as outras e nem mais era como eu mesma, era mais do que eu para mim própria, o que foi mais um légitimo erro. E todos os dias eu acordava pensando nela, e todas as formas e angulos que eu enchergasse a vida ela estava lá, e o futuro só parecia recriar eu e ela, ela e eu. E assim havia fotos de nós juntos, havia planos, havia segredos, conversas inacabaveis, sorrisos que só nós mesmos entendiamos. Até mesmo o vento soprando no cabelo era como sentir o sopro vindo dos lábios da pessoa, as musicas já não eram mais minhas musicas mas nossas, e o tempo foi nosso e os meses passaram e tudo que eu via era a pessoa, nós, a pessoa, e nada mais. 
    Caí como cai um avião em queda livre a mais de mil quilômetros por hora em uma altitude tenebrosa, o coração disparado no peito, nenhuma chance de sobrevivência se não o fim e logo, a queda. 
    Parece triste eu sei. Mas dentre todas as coisas, mesmo que haja um rombo no peito você consegue descolar um sorriso nos lábios, é verdade, acredite. 
    De tanto eu colocar aquela pessoa em primeiro lugar, de fugir de mim, de acreditar tanto nela, de que mudaríamos muitas coisas, que ela me mudaria, que eu a mudaria, e de tantos planos e de tanto futuro e tantas histórias, o meu presente foi se desbotando aos pouquinhos até que decaiu por si só. E logo, bem, você deve achar que essa pessoa, que por fim não era mais só como alguém que se ama, mas alguém pela qual você preza, sabe, seu amigo, seu melhor amigo, seu confidente, você deve achar, como todos devem achar, que esta permaneceu comigo embaixo do torrencial que me encontrava. Mas não. Sumiu como somem-se as gotículas umidas dos respingos de chuva na janela. Não houve então mais nenhum rastro do que um dia existiu. 
    Claro, você deve achar que eu fiquei muito triste. É verdade. Fiquei. Ainda lembro de algumas coisas, ainda prezo o que passou como se preza o passado, e até mesmo as cicatrizes hoje me servem de lição. Afinal, ninguém que sobreviva a guerra sai dela inteiro ou sem alguma incrivel lição para contar, não é mesmo? 
    Tudo isso fez-me ver os danos que muito eu já causei á quem me amou. E digo isso não por orgulho, mas por tristeza, não é facil ser machucado, não é facil engolir o choro e seguir em frente, realmente não é, é muito dificil ter que aceitar de repente que tudo não passou de uma ilusão, e que você se encontra sozinho, sem mais nada do que acreditou. Mas passa. Realmente passa. Demora as vezes, passa rápido as vezes. Mas passa. Tudo passa. As dores se tornam distantes e o queixo avante aponta para os novos dias. 
    Tudo bem, eu ainda olho as fotos, eu ainda escuto as musicas, eu ainda sou a mesma, embora essa pessoa nem mesmo me procure mais, eu ainda tenho um respeito por mim e pelo meu passado. Vergonha dos erros? Jamais. Vergonha você deve ter por ter entrado por essa vida que nem água, só escorregando pelos cantos, indo para onde a maré vai. Eu sou do tipo brasa, do tipo chama, eu marco, eu piso, eu sou tipo auto falante, gritando por ai. Não fico parada, dói, dói mesmo, e me machucam, e me pegam emprestado, mas eu me recomponho e tudo segue em frente como deve ser. 


Annabel Laurino. 

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  REVOLUTION. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

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"Falávamos como se nos conhecêssemos há anos. Há vidas quem sabe." 




- Caio Fernando de Abreu 


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O tal do impulso vital me impulsionando por ai.


    Te descobrirás tão bem. E será aquele tão bem, batalhado, sabe? Daquele tipo de que você luta pra chegar como uma meta, todos os dias, incansavelmente. Até que você consegue e se vê contente e logo, feliz. Bem. Plena de tudo. Parece que mesmo á baixo dos erros as coisas conseguem ficar no seu lugar, e tudo começa a fazer um sentido tremendo.
    E você se descobre aos poucos todos os dias. No meio do insano te sentirás normal, e no meio do tédio te sentirás lívida de paz, podendo fazer todas as coisas e não sabendo por quais delas começar. E terás sede, de inovar, buscar, criar. Aquele rejuvenescimento estampará teus dias, a fome por sabedoria, arte, criação baterá na tua porta e te sentarás com elas na tua sala, bebendo chá as três da tarde com as pestanas úmidas, ao calor do verão, te sentirás inteira.
    Saberás que mesmo com tantas partes que já te arrancaram o que ficou é o real, aquilo de verdade. Tudo se pintará novo e nada poderá ser velho. Rirás sempre, jogaras beijos, te descobrirás amando todos, paixões de verão passarão como raios de luz sobre teus lábios úmidos e te sentirás tão bem, tudo passará rápido, sem dor, sem pesos, viverás por momentos, serás livre, não haverá lamento.
    Abrirás a janela em uma manhã, e dirás: - vida venha sempre, seja breve, preencha e mate a sede que tenho, abraça-me, e que todos os meus dias sejam mais lindos do que já foram ontem. 



Annabel Laurino. 

domingo, 15 de janeiro de 2012

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    Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu e você é você. É vasto, vai durar.
    O que te escrevo é um “isto”. Não vai parar: continua.
    Olha para mim e me ama.
    O que te escrevo continua e estou enfeitiçada.

(Clarice Lispector)

Ao zero retornarás e começarás, novamente, e novamente mais um vez.

    Desaprendi o que é o amor.
    Sério mesmo. Não estou escrevendo isso por que acho que possa causar uma certa ligeira impressão de ingenuidade. É verdade. Eu desaprendi completamente o que é amar.
    Não sei mais como é que se sente esse troço.
    Que coisa mais estupida. E digo isso, estupido, á cada vez que essa ideia se forma mais nítida na minha cabeça.
    Vejo casais na rua, no cinema, na cafeteria, na praça, no restaurante, enfim, e há sempre aquele ar de envolto sabe, como se fossem dois imas grudados e preenchidos, como se um canal de ar estivesse ligado entre os dois bombeando algum tipo de hidrogênio romântico os revitalizando naquela aura auspiciosa de caricias, olhares, risos estravagantes e cheios de segredinhos, abraços, mão na mão, olho no olho, beijo no rosto, charminho e tal.
    Eu desaprendi tudo isso.
    Sinto-me como um robô recém tirado da dormência durante sei lá quanto tempo, me fechei tanto dentro dessa lata, dessa armadura, que agora não sei como voltar á funcionar. Se me olham, acho que é por que tem algum tipo de coisa errada no rosto, o batom está borrado, minha saia está amassada, estou descabelada, sei lá. Invento milhares de proposições para responder qualquer vestigio de sinal de atração que alguém possa ter por mim. Por que não acho que seja possivel existir. Por que desaprendi á saber quando existe. E vezes nem noto. Nem sei. É necessário que liguem buzinas, chamem um carro alegórico, a xuxa cantando nos meu ouvidos, a multidão do maracanã me empurrando e me amassando, gritando nos meus ouvidos, sinais de SOS, fogos de artificio, fogueiras o que for para que eu perceba. E olhe lá.
    Como se faz para que eu volte a funcionar, para que eu saia desse estado de profundo desinteresse pelo amor?
    Olho todos os dias pela janela e vejo o sol, é verão, e aquele impulso vital que tanto o Caio Fernando Abreu dizia está por ai, pairando, e eu espero que ele venha, que ele me toque, mas ele não vem e não me toca.
    As vezes acho que me fechei de mais, até de mim mesma. E vejo nessa minha cobertura externa tantos defeitos que não me dou espaço. Nem pra mim, nem para quem quer que seja. E vou ficando pra trás, sendo engolida pelos dias que se passam.
    Não sei se é necessário que alguém toque lá no fundo pra que isso aconteça, ou que eu me toque, ou espere me tocar. Não sei como se faz, se me atiro nessa maré nova, se espero ela se atirar sobre mim, simplesmente não sei. Não há como saber.
    E isso meio que dói.

bebellaurino.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

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É verdade que estou morrendo de medo do amor que você sente por mim. Mas não é só isso. Também ando com muito medo das pessoas todas. Eu sei disso.

(Caio Fernando Abreu)


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-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.

-Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.



Caio Fernando abreu

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“quando eu escrevo
eu consigo ordenar
tudo aquilo que eu penso.
agora, quando eu falo
ou quando eu sou, simplesmente,
não consigo ordenar nada.
eu sou da maneira
mais caótica possível”.
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caio fernando abreu

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Se te envolvo em mentiras, mentiras eternas tu serás.

    "Ah tudo bem.". Você repete isso como se fosse um tipo de mantra durante, mais ou menos, trinta minutos, uma hora, não tem como realmente saber, mas é muito tempo. E fica nesse "tudo bem", sem saber mesmo se acredita, mas tenta na repetição que a ideia entre na memória e que no fim, acredite.
    Quem pode julgar? Não é isso que gostamos de fazer? Mentir? Para nós mesmos então é como encenar um teatrinho irônico que se repete todo dia, "nunca mais..." e lá está você novamente sapateando no seu nunca mais e voltando atrás.
    Alguém disse que é errado? Eu não. To dizendo do contexto, entende? Sabe como é, mentir para nós mesmo, todo mundo faz isso. aliás é coisa básica de sobrevivência, é necessário em dado momento, até mesmo para não chafurdar na loucura cotidiana. Mas, é nesse mente e desmente e mente outra vez que já não se sabe mas o que é mentira ou verdade, ou vontade da gente de ser ou fazer, que no fundo, ocultamos por trás dessas mentiras que de desenrolam pitorescas e escondem a verdadeira face de nossos sentimentos.
    Por isso, estou determinada a parar de mentir para mim mesma. É verdade, não estou brincando não, ou tentando parecer no minimo um pouco iluminada de impulso. Estou querendo parecer mais limpa, não sei se você consegue compreender, mas todo esse caminho meio arranhado dos últimos tempos tem sido a base de "Oh, tudo bem, passa.", "já não lembro mais", ou "jamais...", o tipico jamais, nunca mais e mais todos os  nunca por ai. Quero ver como eu me viro dando a cara a tapa e dizendo a verdade constantemente, e se me perguntarem, responderei outra vez e vezes mais com o simples e direto toque da mais pura e nítida verdade de qualquer coisa que seja.
    É um teste. Quero ver como eu me viro sem guardar tanto dentro de mim, sem apostar tanto, sem esconder tanto, sem me esconder de mim.


Annabel Laurino. 

O que você nunca vai saber

    Não pretendo te contar sobre minhas lutas mentais. Você terá nas mãos minha simplicidade e minha leveza, que podem não ser totalmente verdadeiras, mas foram criadas com muito carinho pra não assustar pessoas como você. Não vou ficar falando sobre a complexidade dos meus pensamentos, minha dualidade ou minhas dúvidas sobre qualquer sentimento do mundo. Vou te deixar com a melhor parte, porque eu sei que você merece. Guardo pra mim as crises de identidade e a vontade de sumir. Não vou dissertar sobre minhas fragilidades e minhas inseguranças. Talvez eu te diga algumas vezes sobre minha tristeza, mas só pra ganhar um pouquinho mais de carinho. Ofereço meu bom humor e minha paciência e você deve saber que esta não é uma oferta muito comum.
    Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado. Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber. Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão.
    Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequena num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda opção ninguém mais tem.





(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

domingo, 8 de janeiro de 2012

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    Mas, não é nessa coisa de evitar que se acaba escapulindo a verdade? Quer dizer, quando se diz assim, em evitar, se diz então que exite algo. Algo, vivo, firme, perigoso. Aquele tipo de coisa que muitas vezes pode tanto nos fazer bem como nos destruir, entende? O tipo de coisa que vai crescendo como uma massa de bolo ao forno até que foge do controle e então explode, colocando muitas coisas em risco.
    O que eu quero dizer, é só para ver se entendo. É, sabe, essa mais nova loucura de ter que reprimir sentimentos, evitar situações e... Mudar. O meu jeito, o jeito da gente ser. Fica aquilo tão retido. Não acha? E sempre quando eu penso nisso, penso em quão bobo pode ser, dizer: "vamos evitar", quando explicitamente, ao mesmo tempo se diz, "vamos fingir que nada acontece dentro da gente. Vamos deixar morrer.".
   

Annabel Laurino.

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   Eu não tenho medo. Não tenho medo de nada. Quanto mais eu sofro, mais eu amo. O perigo só fará crescer o meu amor. Ele o afiará, perdoará o preconceito. Serei o único anjo de que precisa. Você deixará a vida ainda mais bonita de quando entrou. O céu a levará de volta, olhará para você e dirá: "Somente uma coisa pode nos completar. E esta coisa é o amor."


(O Leitor) 

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    Minha vontade cega e surda, finge que não ouve a voz da razão. 



annabellaurino

sábado, 7 de janeiro de 2012

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Já pensou que louco. Eu aqui pensando em você, e de repente o telefone toca. E como se descobrisse o meu silêncio transpassado no teu nome. Me ligando. 

bblaurino. 

Com pessoas, essa forma de criação mais imperfeita que Deus colocou sobre a Terra, tenho deixado pra lá. Minha energia é para o texto, as plantas, os passarinhos que alimento com sementes de girassol. A minha autocura no braço, na raça, na solidão que ninguém compreende, e por isso mesmo não dói. Me dóem as feridas físicas, as queimaduras de nitrogênio líquido pelo corpo. Tenho visto anjos, sab’s?
E as fadas também existem, baby.


(Caio Fernando Abreu. Carta a Jacqueline Cantore)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

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Assim olhando, de repente você se percebe tão quieto que tem vontade de fazer alguma coisa. Qualquer coisa dessas cotidianas, anônimas, acender um cigarro, ligar o rádio, quem sabe abrir a vidraça atrás da qual você está parado. Mas não faz nada. Você prefere não fazer nada. Permanece assim: parado, calado, quieto, sozinho. Na janela, olhando para fora.


(Caio Fernando Abreu)

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"Nos últimos tempos, me baixou uma humildade, criatura, dei para cozinhar, fazer faxina. Saio quase nada, vejo quase ninguém. Uma vida pra dentro, numa cidade indiferente."


(Caio Fernando Abreu)

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                               Infinitas Possibilidades.
                                 Você nunca se questionou sobre isso?


bblaurino.

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Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo.


Martha Medeiros

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

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 "Cada dia é um show, cada dia um espetáculo. Só não o descobre quem está mortalmente ferido pelo tédio. O drama e a comédia estão em nosso cérebro. Basta despertá-los."

          Augusto Cury, O Vendedor de Sonhos.

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Volta e meia teu rosto aparece por aqui. O inverno parece próximo, posso lembrar de nós dois novamente, das tardes frias, das mantas, das luvas, dos beijos, de tudo que fomos, desenrolamos e que depois descobrimos ser. Volta e meia te vejo por aqui, roubando meu telefone, me arrancando sorrisos, me tirando do sério. Volta e meia me vejo te dando sermões, tentando mudar tua vida, tentando ficar mais perto de você, pra ver se assim eu te descubria. Volta e meia lembro dos teus abraços, lembro de me sentir completa, de sentir que o mundo tornava-se um borrão infinito não mais existencial, lembro-me da sede em meio ao vício, lembro-me do calor do teu corpo, da sensação cravada no meu corpo, da amizade que crescia cada vez mais. Volta e meia. É lembro de tudo, e assim que lembro jogo tudo fora. Como se pegasse uma vassoura, uma pá, e cuidadosamente juntasse todos os cacos quebrados daquilo que um dia já foi, jogo no canto da sala, saio, fecho a porta. E finjo que esqueci. Volta e meia, lembro. E nessa meia volta eu esqueço de que me lembrei. Constantemente me recordo de que não me esqueço mais. 

bebellaurino.

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    As pessoas acham mesmo que podem dilacerar você com palavras, insultos, más intenções, ações erradas; Ferir você, machucar você. Que podem se desfazer da sua boa vontade, brincar com os seus sentimentos. E ainda assim, elas exigem que depois você volte a ser como era antes das feridas serem provocadas, elas exigem que todas as coisas sejam apagadas. Que você simplesmente esqueça.
     Não é muito tolo?


bebellaurino.

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"Quero ser uma pessoa mais simples. Mas é tão complicado simplificar, que vou acabar morrendo na complexidade frustrante."


PCSiqueira

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- Diga-me, o sol, ele esta vindo? 
- Ah sim, logo.
- O quão logo?
- Não sei... Mas eu já vejo o sol.
- Mesmo? Mas... eu não vejo.
- Bem... Seria necessário que você olhasse para seus próprios olhos para vê-lo.



Lonely


    Os últimos dias têm sido os dias mais solitários de todos os meses.
    Engraçado isso, porque mesmo junto das pessoas, ainda assim, á alguma coisa dentro de mim que me faz sentir incrivelmente só.
    Como se dessa vez não fosse eu que não entendesse as pessoas. Mas, como se elas não entendessem o que eu falo. Fico falando de todas as minhas idéias mirabolantes, histórias, contos, coisas minhas, e há sempre aqueles olhares subjugados que me sobrepõem, ninguém quer saber, ninguém entende, e eu me fecho aos pouquinhos. Como uma flor em estado revertido quando a primavera chega. Pétala por pétala eu vou me abraçando em mim mesma até que eu comece a guardar todos esses pensamentos só para mim, dentro de uma caixa fechada, por que ninguém quer ouvir o que eu tenho á dizer, ninguém quer a minha parte verdadeira.
    Faz pensar que todas elas querem somente a minha mentira serena, como se fosse melhor assim.
    Parece tão difícil. Mas é a pura verdade.
    E isso vai me deixando cada vez mais só, fechada dentro do quarto, parece que os meus personagens são as únicas pessoas com quem posso repartir tudo isso. Mesmo que aos pouquinhos eu tente me conformar, não consigo.
    Às vezes penso que não são as pessoas que não me entendem, sou eu que não as entendo. Mas juro que tento. Todos os dias quando acordo, tento, e sou compreensiva, condizente, escuto, falo, abraço, sirvo de colo amigo, fugas, o que for, e me transformo em milhares de possibilidades só para que as pessoas entendam que eu, mesmo que difícil seja, as entendo.
    Então por que ninguém me entende?
    Por que ninguém abre os ouvidos só pra traduzir o que eu estou falando.
    Parece bobagem, mas cada dia que passa tenho mais convicção da verdade do que minha avó sempre disse: Menina, as pessoas nunca entendem a gente, elas compreendem. Pedir para que o ser humano entenda é pedir de mais.


Bebellaurino. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Love You 'Till The End


                                        Te Amo Até o Fim (The Pogues)

Eu só quero ver você
Quando você estiver sozinho
Eu só quero te pegar, se eu puder
Eu só quero estar lá

Quando a luz da manhã explode
No seu rosto se irradia
Eu não posso escapar
Eu te amo até o fim

Eu não quero te dizer nada que
Você não queira ouvir
Tudo que eu quero é dizer pra você :
Por que você não me leva

Aonde eu nunca estive antes?
Eu sei que você quer me ouvir
Recuperar o meu fôlego
Eu te amo até o fim

Eu só quero estar lá
Quando estivermos presos na chuva
Eu só quero ver você rir, não chorar
Eu só quero sentir você

Quando a noite chegar
Estou sem palavras, não me diga
Porque tudo o que posso dizer
Eu te amo até o fim

Here Without You

Aqui Sem você 

                                (3 Doors Down)


                                            


Cem dias me fizeram mais velho
Desde a última vez que vi seu lindo rosto
Milhares de mentiras me fizeram mais frio
E eu não creio que possa te olhar do mesmo jeito.
Mas todas as milhas que nos separam
Elas desaparecem agora, enquanto estou sonhando com seu rosto.

Estou aqui sem você amor
Mas você continua em minha mente solitária
Eu penso em você amor
E sonho com você o tempo todo
Estou aqui sem você
Mas você continua comigo nos meus sonhos
E esta noite só existe você e eu.

A distância continua aumentando
Enquanto as pessoas deixam de se falar
Dizem que esta vida está sobrecarregada
Mas espero que isso melhore com o passar do tempo