quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Lonely


    Os últimos dias têm sido os dias mais solitários de todos os meses.
    Engraçado isso, porque mesmo junto das pessoas, ainda assim, á alguma coisa dentro de mim que me faz sentir incrivelmente só.
    Como se dessa vez não fosse eu que não entendesse as pessoas. Mas, como se elas não entendessem o que eu falo. Fico falando de todas as minhas idéias mirabolantes, histórias, contos, coisas minhas, e há sempre aqueles olhares subjugados que me sobrepõem, ninguém quer saber, ninguém entende, e eu me fecho aos pouquinhos. Como uma flor em estado revertido quando a primavera chega. Pétala por pétala eu vou me abraçando em mim mesma até que eu comece a guardar todos esses pensamentos só para mim, dentro de uma caixa fechada, por que ninguém quer ouvir o que eu tenho á dizer, ninguém quer a minha parte verdadeira.
    Faz pensar que todas elas querem somente a minha mentira serena, como se fosse melhor assim.
    Parece tão difícil. Mas é a pura verdade.
    E isso vai me deixando cada vez mais só, fechada dentro do quarto, parece que os meus personagens são as únicas pessoas com quem posso repartir tudo isso. Mesmo que aos pouquinhos eu tente me conformar, não consigo.
    Às vezes penso que não são as pessoas que não me entendem, sou eu que não as entendo. Mas juro que tento. Todos os dias quando acordo, tento, e sou compreensiva, condizente, escuto, falo, abraço, sirvo de colo amigo, fugas, o que for, e me transformo em milhares de possibilidades só para que as pessoas entendam que eu, mesmo que difícil seja, as entendo.
    Então por que ninguém me entende?
    Por que ninguém abre os ouvidos só pra traduzir o que eu estou falando.
    Parece bobagem, mas cada dia que passa tenho mais convicção da verdade do que minha avó sempre disse: Menina, as pessoas nunca entendem a gente, elas compreendem. Pedir para que o ser humano entenda é pedir de mais.


Bebellaurino. 

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