quinta-feira, 3 de novembro de 2011

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 Aprendi a viver. Aprendi a desesperança de não saber o que acontecerá. Aprendi a não me apegar, a viver, a juntar moinhos de areia sem medo de que durante a noite a maré os leve junto do mar. Por que aprendi que é assim mesmo, que é assim que deve ser. Que tem coisas na vida que por mais que a gente queira que seja permanente, fixo, para sempre, não da. Momentos que são eternos, lembranças, e essas eu também aprendi a selecionar. Ando seletiva. Com pessoas, roupas, manias, músicas, filmes e amores. Escolho tudo a dedo e pego da mão, os amigos são os que mais me importa, vejo o coração, é bom? Então só me basta poucos e vou levando, vou levando, quem sabe eu leve até o final da vida? Não sei... É tão longe, tão perto. Mas levo. E levo feliz. E se possível, sempre sorrindo e cantando.

Annabel Laurino.

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- Tá fresquinho - ela serviu o café. - Agora só consigo dormir depois de tomar café.
- A senhora não devia. Café tira o sono.
   Ela sacudiu os ombros:
- Dane-se. Comigo sempre foi tudo ao contrário.

Caio Fernando Abreu.