sábado, 23 de fevereiro de 2013

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“Um coração como poucos. Um coração à moda antiga.”

 Clarice Lispector

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“Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.”

 Vinicius de Moraes

Surpresas dos caminhos doces

    Se eu ficasse parada olhando as reviravoltas da vida e abismada, observasse cada ponto estranho, cada nó, cada desfecho marcado por ela, eu obviamente ainda estaria no mesmo lugar. Mas não estou. Dessa vez não. Dessa vez eu andei e muito. Milhas mais distante do que um dia eu ja fui e deixei a muito de ser. Milhas distante do que eu abandonei lá atrás. 
    O tempo vai passando e você vai vendo a mudança na conotação das cores a sua volta, você não só observa as pessoas a sua volta, que mudam invariadamente, mas você percebe como a paisagem muda, ou são seus olhos que mudam, indefinidamente, você começa a ver tudo diferente. 
    Parece que finalmente de alguma forma eu sou enfim a dona do meu próprio caminho. Sou eu que escolho para onde e por onde eu prefiro ir. Quem eu escolherei para andar ao meu lado e quais sentimentos eu quero guardar aqui dentro dessa fortaleza dentro de mim mesma, tão bagunçada e seletiva ao mesmo tempo. 
    Vou te dizer que não sei nada da vida além do que eu leio nos livros. Os livros me dizem que a vida é difícil. Mas imensamente bonita se bem vivida. E eu estou vivendo, sabe? Com uma fome enorme de provar todas as coisas ao mesmo tempo, uma urgência em aprender todas as lições e conhecer todos os lugares, de entender todas as parábolas e decifrar todos os códigos, principalmente aqueles que as pessoas dizem diariamente. 
    Eu ainda não aprendi a lidar com sentimentos, com emoções. Mas se eu aprendesse perderia a graça da surpresa de um coração vivo e gritante. Eu prefiro assim, constantemente assustada e deliciada com os caminhos que a vida me leva e continuará levando a seguir, quem sabe para cada vez mais acima do que os meus próprios sonhos poderiam sonhar um dia.




Annabel Laurino