quarta-feira, 4 de julho de 2012

;


‎"Eu reconheço que certas coisas era melhor eu não ter sentido, procurado, visto, guardado. Mas tem sempre alguma coisa em você que me faz descer da vida pra olhar com mais atenção. Desculpa meu mal jeito de atropelar nossas placas de permissão: nunca tive tato para não tropeçar em você quando estamos perto, respirando o mesmo canal de ar entre dois lábios".

Lucas Simões

;


O tempo desperta pela manhã, da boca do leão ele ruge junto e lambe o sol, como lagarto espreguiçando-se sob a pedra quente do deserto. Nos pássaros batendo asas contra o vento gélido invernal. O tempo parece espiral, grunindo em uma lambareda de fogo que engole o papel, que pinta as chama de cores. Que desenvolve ao longo das fases daquele nome que chamamos de dia. O tempo recria o passado em nosso presente, ele trás a saudade, as lembraças, quadros pintados pelas mãos enrugadas do tempo. O luzidio futuro que nos espera daqui uma hora, trinta segundos. Todas as manhãs repetindo para que o dia, o dia seja diferente. Não reunimos forças, esperamos, ficamos no mesmo lugar. Afundamos no tédio. Reclamamos de tudo. O lagarto, o leão, renascem todos os dias. Precisamos acordar. Renascer. Como fogo crepitante, chama viva brilhante. Precisamos nos fazer.

Annabel Laurino.