sábado, 27 de abril de 2013

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No more

    Não sofrer mais. Nada, nem um pouquinho. E nem chorar. Nada de choros e chorinhos, de madrugada principalmente, depois que você percebe que o dia realmente acabou e não aconteceu nada de lindo ou fantástico ou memoravelmente cativante. Nada de tapar a cabeça com as cobertas e abafar o soluço com os travesseiros e ouvir musica triste e sentir dó de si mesma porque tudo vai mal. Chega.
    Eu não quero mais isso. O meu 'não querer mais' vem também acompanhado de muitas outras restrições. Além de não querer mais sofrer chega de irritamentos bobos, coisas fúteis que me tiram do sério, chega de entristecer-se por quem quer ir embora ou por quem não sabe o que quer. Chega, além de tudo, de relações pela metade e expectativas frustradas completamente enviadas a uma emergência na UTI.
    Existe uma frase de um filósofo francês em que ele diz que não importa de fato o que as pessoas fazem com você, importa o que você faz com isso. Ou seja, você se importa, você chora, você grita ou você fica triste ou então você pira de vez e acaba passando a vida cortando relações com o mundo exterior que ainda chamamos de sociedade. 
    Decidi que não vou mais sofrer. Até porque não estou pronta para morar numa casa pequena, trancada, abastecendo comida e ter uma crianção de gatos para me fazer companhia junto dos meus livros atulhados em todo lugar. 
    Não estou falando que isso será para o resto da vida. Deus sabe que você não tem como passar ileso de tudo isso depois que você cresce e descobre que tem um coração. Mas pelo menos por enquanto ou quem sabe por um longo tempo. Não há mais como ficar pelos cantos choramingando pedacinhos de vida que deixaram de ser. 
    Não sofrer mais pela indiferença alheia e nem pela falta de carinho e afeto. Não chorar e não gritar por fome de algo que ainda não veio.
    Tratasse de aceitar com o queixo erguido que as pessoas, a vida, as situações são como tais elas são e não sou eu querendo mudar tudo isso que de fato irão mudar. Eu não irei fazer de um soco no estomago o fim de um país ou a aproximação da Terceira Guerra Mundial. Não criarei em cima de uma decepção um caos e nem de uma indiferença um motivo para chorar depois que o dia acaba. Chega disso baby, ta na hora de fazer nascer flores onde não tem e de criar coisas boas, sair colorindo por ai, espalhando sorrisos e evitar, sim, evitar esses encaretamentos que nada me servem. 
    Ser paz, ser luz, desejar paz, enviar luz. Ir indo, como sempre se vai e de repente tropeçar em algo bom, em algo que direcione um caminho mais firme, com terra mais plana. 
    Enquanto isso nada de tristezas, nada de sorrisos enviesados. É hora de sorriso aberto e peito estufado de amor. 




Annabel Laurino