sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É, los 16!


5,843 dias, são no total 16 anos de vida. Da minha vida. E nesses anos inteiros eu vivi, constantemente, vivamente, profundamente no total de 504,851,820 segundos, 8,414,197 minutos, 140,126 horas, 834 semanas e 191 meses.
 Um pouco digamos assim, doido de contar.
Mas relativamente, vivi como sempre poderia ter desejado viver esses meus completos anos de vida.
É tão inebriante e maravilhosamente poder olhar para trás e poder ver o quanto tudo, valeu a pena. E quando me refiro ao tudo, digo as pessoas pelas quais depositei confianças, as amizades que fiz, os namoros em que comecei, as amigas de infância que sempre estiveram ao meu lado, ás horas gastando jogada em um sofá devorando livros, as tardes de pijama descabelada escrevendo alucinantemente meus contos e livros, os momentos insanos de rebeldia, as loucuras sensacionais das descobertas, os abraços chorosos com a família, o carinho, o amor, aquela sensação de lar. O meu lar.
O mundo tornou-se aos poucos uma selva irreconhecível, mas estranhamente familiar para mim, tornou-se o lugar onde por algum motivo eu tive que aprender a ficar, a conviver, sobreviver.
 Nesse tempo inteiro errei diversas e inúmeras vezes, e me redimi aos meus erros. Busquei em alguns - por que não todos, confesso - uma maneira de aprender. E aprendi. Ainda aprendo. Aprendo não com o tempo, nem com os incontáveis anos, meses, semanas, horas e segundos que se passam. Mas, com as pessoas que como uma linda benção entram na minha vida, e sempre por algum motivo. Alguma forma de aprendizagem.
 Dificilmente eu deixei de aprender com alguém que se tornou meu amigo, conhecido ou até mesmo aquela mulher da loja de sapatos em uma conversa rápida de cinco minutos, até mesmo ela fora capaz de me cativar.
Em um segundo qualquer, disperso e rápido como o reflexo da luz eu pude ver o sol todos os dias, as estrelas, as nuvens, a noite. O inverno, outono, primavera e verão. Pude ser cortejada pelo ar, pelo mar, pela brisa macia, pelo sol, pela terra. Pelos céus. Por Deus. Cujo nesse tempo me guiou por inúmeros sentimentos, momentos e diversas coisas pelas quais aprendi a lidar. Fora ele, o pai, o real e verdadeiro a quem sempre confiei, e que sempre há de me amar. E me ama, pois vivo, e vivo em seu nome. Seu amor.
    Se por tanto tempo caminhei, por tanto tempo conheci e desconheci de histórias, amizades, brigas e inimizades. Conheci algo do mais próximo da magia, daquilo que é o mais próximo e ao mesmo tempo distante de nós. Algo especial. Surreal. Inebriante. O amor.
  Amei em todos os segundos de vida pelos quais respirei. Amo meus pais como nunca seria capaz de amar qualquer outra pessoa no mundo. São eles minha rocha. Meu sustento, a base de meu pedestal. Os meus dois pilares de força, amor, carinho e confiança. E com eles trilhei passagens que me ensinaram em como levar a vida. Meus pais, pessoas tão diferentes cuja quais aprendi um pouco de cada um, e trago comigo.
 E estes ensinaram-me certa vez, sem palavras, sem sussurros, apenas no simples gesto, que o amor supera tudo, o amor não tem limites, não possui tempo, não possui causa, nem motivos, é tão fácil como respirar, mas tão forte que dói o fundo de nossa alma, nos alegra como uma canção cantada dos céus como também nos mata com um arrebate de nós mesmos, não mata no sangue, mas destrói gradativamente os pedaços da essência. É como um lindo fruto proibido, nem tão proibido assim, basta a primeira mordida e tudo acontece de então. Não há saída, esquecimentos ou vazios de lembrança. É como ser marcado, como encontrar a outra parte de si. Ninguém nos conta, não se há duvidas, nem controvérsias; simplesmente, por algum motivo mágico, você sabe que está amando. E eu amo. E pude como um maravilhoso presente dos céus entender o amor.
 Por experiência talvez, ou pelos meus próprios pais. Mas o melhor de tudo vem além do ato de amar. É quando você descobre que mesmo que você morra, mesmo que tudo desfaleça, desmereça, e que tudo acabe então, o amor, aquele que é toda a parte de si, este nunca acaba, pois ele é a razão pela qual lhe faz olhar para si mesmo e se sentir viva, mesmo em dor.
   
 Gosto bem, de poder fazer um pequeno - mas, carinhoso e de coração- agradecimento aqueles que em dezesseis anos de minha vida, estiveram comigo. Pai, mãe, eu amo vocês. Muito mais do que vocês possam imaginar. Muito mais do que eu própria possa imaginar. Vocês são meus pilares, minha terra, e meu ar. A vocês, eu devo o que sou. Nunca se esqueçam mesmo que o céu esteja azul escuro, sem estrelas, não quer dizer que elas não estejam lá, apenas não podemos ver por que nossos olhos humanos não alcançam, mas o coração, este vê muito mais do que aquilo que imaginamos.
  E claro, é um bando de amigos sem fim. Amigas, claro, e essas nem sei dizer como eu amo. A primeira lembro bem á onze anos atrás quando lhe conheci, tão fofa, tão meiga, e hoje mesmo que não tão fluente, ainda faz parte de mim. Obrigada por me ensinar que nem tudo é perfeito e que amigas de verdade existem sim! Rita eu também amo você!
  E claro a segunda, a baixinha que faz meu coração parar, a mulata de cabelos longos que adooora me fascina... HAHA. Onze anos também, e ainda me lembro daquelas trancinhas! Minha Amanda, fostes tu que me fizestes ver o grande tamanho de meus erros, sem nem mesmo pronunciar palavras. E és tu um exemplo, de filha, amiga e irmã. Pra sempre eu te amo!

 GENTE! Não da pra dizer obrigado a todos! Mas, mesmo assim valeu por que em geral ninguém é menos ou mais especial. São todos os poderosos conquistadores da minha vida e que eu levo comigo pra sempre. E, claro, eu amo muiiito vocês!

   
Beijos da Bel e los vivos dieciséis años y mucho más por venir!
 

  Annabel Laurino.

Fantasmas


Quem não os tem? Quem não é perseguido por eles?
Oh não, não falo de fantasmas aprisionados de histórias de terror conhecidas corriqueiramente por ai.
Os fantasmas de que falo, são muito mais aterrorizantes e muito mais perseguidores; Os fantasmas do passado.
Tenho uma porção deles.
Mas em especial, aquele que guardo em uma caixa forrada restritamente guardada no fundo do meu próprio sub consciente, é tudo aquilo que um dia eu não tive a metade de coragem de fazer. Não, não falar. Fazer.
Falar é muito fácil, como soprar e assoprar.
Falei muito, expliquei muito. Expliquei a mim mesma para mim própria, e refiz assim para todos a minha volta. Uma perca de tempo total, por si só.
 Perdi o tempo a cada letra que derramava meus lábios, a cada arfada pulsante que se soltava em uma só palavra era um pequenino segundo em que poderia estar cometendo o ato daquilo que eu mesma proclamava.
Mas, nem tão fácil se torna o ato de realizar. É muito mais difícil, tanto quanto se calar.
Eu muito precisava correr, mas permaneci-me constante no mesmo lugar.
Eu muito precisava desprender-me mas muito acorrentei-me ainda mais.
E muito mais do que precisava era e sempre foi relativo a um só ser. Aquilo que perdi facilmente como um pingo que despenca rápido e disperso.
Se esse ser, ser este que ainda guardo tão bem em meu coração, tivesse a idéia do quanto seria eu capaz de buscá-lo em qualquer parte do mundo, o quanto faria para respirar o seu mesmo ar, ar este que se toma meu e seu. Se ele soubesse...
 Ser meu, que não é mais meu a muito tempo. Mas, sempre será em minha memória.
É ele que meche com todas as cartas que eu coloco inocentemente, é ele que gira facilmente meus planos de cabeça para baixo, que sacode meu mundo e que facilmente o constrói e destrói em um piscar. Piscar esse que me apaixonei. Sem saber que apaixonava-me.
  E se esse ser acreditasse. Se pelo menos tivesse em seu coração o terço da dor, da fisgada funda que sinto quando meus olhos retém-se aos seus. Se pelo menos esse ser cujo qual eu muito falei, expliquei, e talvez, só talvez, pouco agi; Tivesse idéia do quanto o amo.
Talvez mesmo assim partisse.
E eu já estou tão acostumada em o ver partir, quanto em o ver chegar. E a dor torna-se quase, apenas quase, amigável, uma conhecida eu diria.
    Este ser não é um fantasma do meu passado. São apenas os meus sentimentos que me ligam a ele que me fazem por instantes dispersos e abruptos relembrar o distante que nem foi tão distante assim. O quanto expliquei, falei, e chorei. Pouco, muito pouco mostrei.
  Se eu pudesse, se realmente uma pequena chance me fosse concedida, um pedido apenas eu faria.
  Este que vos falo, se por um pequeno acaso do acaso vir de ler o que vos escrevo, saberá tão por imediato que minhas pequeninas frases de dor e amor lhe caem muito bem. Tão bem que lhe vestem perfeitamente, e agradecida sou, por existir e por lhe amar, mesmo que me doa, que me desfaleça, mesmo que não acredites, mesmo que ninguém mais me ouça. O amor é assim mesmo, não precisa de razão para existir, ele simplesmente existe. Com ou sem seus fantasmas, com ou sem passado, nunca deixa de brilhar. Iluminar. Cortar. Ferir.


    Annabel Laurino.