domingo, 4 de dezembro de 2011

.

    Vou lembrar de você sempre... As vezes. Quando eu não puder aglutinar lembranças, como em um domingo á tarde, no inverno talvez. Quando minha mão fria tocar minha pele, e no toque, na sensação gelada, talvez, me venha tudo em um reflexo muito bonito do que vivemos. Sem mágoas. Vou lembrar da gente, das tardes frias, das folhas do outono, dos beijos quentes, dos carinhos, os cafunés, os sorrisos, e todas as coisas bonitas que crescem devagarzinho quando se começa a construir algo, com alguém.
    Mas é verdade que as coisas mudaram. Mudamos. E talvez você nem lembre mais das mesmas coisas que lembro quando fico só. Talvez você nem sinta mais as mesmas coisas que sentia antes quando meu nome lhe vem a mente e o tom da minha voz lhe aperta na saudade. E se tudo mudou mesmo, e se nada conservou-se apesar da luta, das noites tempestuosas e das mudanças de temperatura, e nem mesmo os sentimentos bons restaram, então, bem, então obtivemos a resposta com o mais glorioso grito de vitória de quem arremata um fim com um ponto final ao longo da história.
    Amor. Nunca acaba. Nem quando se tem um fim. E se acaba, não era amor. Nunca foi então. E não há do que se envergonhar disso. Tudo bem. Essas coisas acontecem. E são sentidas. E são lembradas. Mas o mundo gira. A vida se renova. E quem sabe um dia a gente se encontra e ria de tudo que passou.
    Quem sabe.


  Te guardo para sempre.
Annabel Laurino.
 

.

O médico perguntou: — O que sentes? E eu respondi: — Sinto lonjuras, doutor. Sofro de distâncias.


Caio Fernando Abreu

.

"Não tinha mais um dia a perder, pois embora fosse muito cedo, começou a suspeitar que era também desesperadamente tarde demais."


                         Caio Fernando Abreu