quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Novembro aguado e nervoso, tingido na janela, jogado no coração.


    É novembro. Estava demorando a chover e agora, bem, justo hoje parece que choveu a cota inteira do início do mês. Choveu duas vezes. Uma pela tarde e agora à noite. Não é muito noite ainda, recém nove horas. Mas o negrume espaçoso e denso se aglomera pelo céu.
    Bateu uma melancolia daquelas agora. Não pude evitar. Foi meio como estar caminhando e você tropeçar. E não resisti também, confesso. Estava aqui olhando as gotículas cristalinas e pequenas pontilharem o vidro quente da janela do quarto, fiquei vendo as arvores quase que escondidas pela escuridão e serem engolidas por esse véu de chuva. Não resisti, não deu. Foi tão lindo o que eu senti. O que eu estou sentindo. Deu uma vontade de te ter aqui agora, nesse exato momento, e pegar sua mão, depois dizer: “Olha amor, não é lindo? Nesse caos inteiro você ainda consegue encontrar uma coisa bonita, quer dizer, está escuro, mas as coisas belas ainda estão lá e ainda são tocadas e ainda são vistas, em suas formas misteriosas, mas são. Novembro chegou, chuva, calor, novembro chegou.” . E sorrir. Eu sorriria de verdade, seria um sorriso daqueles que você tenta repuxar os cantos dos lábios mas é inútil por que sua boca não obedece, é sincero e um calor intimo percorre o estomago e da arrepios. Faces rubras, mãos suadas, seria assim.
    Não paro de pensar de quando eu era criança, por que nunca tive medo de chuvas e trovões, só depois de mais velhas, não entendo por que. Mas faz tempo que perdi esse medo. Agora eu gosto, na verdade eu amo quando chove assim. Quando tudo lá fora entra em uma atmosfera tão gritante de rugidos raivosos e raios tremendos, de lascas de gotas explodindo nos telhados e poças se aglomerando. Eu gosto sim. Me faz sentir viva, sabe como é, um pouco mais solta, um pouco mais cheia de uma brilhante euforia, da até pra dizer que é como se o mundo gritando lá fora entendesse. Me entendesse.
   Abro a janela do quarto, o vento forte arrasta as gotas da chuva que pontilham minha blusa negra, logo estendo o braço e como se segurasse algum fio de pano eu pego na mão todas as gotas que lhe caem na palma, fazendo cócegas meio brutas, escorregando na pele crespa. Pequeninas coisas eu sinto, de fato muito pequenas. Não da pra dizer ao certo o que são, são pequenas, não daria nem para colocar em um caleidoscópio gigante e tentar decifrar. Mas são coloridas e brilham, muito mais que purpurina e são doces, sim, doces e doces e fustigam, crescem, e querido, se você soubesse... Seria como escutar o mundo dizer: ‘Aqui jaz o fúria do mar. Do céu. Da vida.”.
  E concluo. Definitivamente, novembro chegou.

bebellaurino.



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- Tu tens duvida se eu te amei? É sim ou não.
- Não, jamais tive
- E ainda duvida se amo? É sim ou não.
- Ultimamente tenho e não queria ter.
- Pois nem deveria. Apesar de... Bem. Mas não deveria.
- Por que não deveria ?
- Por que da mesma forma que tu acredita que eu te amei, deves crer que te amo. Amar alguém não é assim, não se deixa de amar em duas semanas ou um mês. Não se é amor, não se tu acredita que eu te amei.
- E tu?
- E eu o que?
- Tu duvidas que eu te amo ?
- Sim, duvido. Pela minha insegurança de nunca ter tido respostas, acredito.
- Mas tenha certeza que de um jeito torto eu amei e amo sim.
- Muito torto, muito mesmo.




Bebel Laurino e Mateus Scheer.