Nossa, são duas e meia da manhã e eu ainda estou aqui,
sentada na cadeira do quarto, digitando freneticamente nos teclados desse
computador lento e ultrapassado. Escuto música e penso, Beatles não é
maravilhoso?
Pode até ser, mas
que seja, estou tentando fugir nesse exato momento. Talvez de mim, desse coração
traidor, dessa vontade insana de deletar algumas coisas, pessoas... Vontade de
não viver mais aqui, de viajar. Sabe como é, colocar as roupas e os livros em
uma mala qualquer, escrever um breve e rápido recado e depois “Mundo ai vou eu”.
No melhor estilo Thelma e Louise. O que que tem? Não ria. Eu sou assim. Não é
uma mascara não, eu sou assim mesmo. Sou muito doida, muito viciada... Mas não
quero falar de mim.
Sabe que eu canso
de mim? É canso mesmo. As vezes fico com uma puta de uma vontade de me pegar,
dobrar em milhares de vezes muito bem dobradas, passada, colocada em uma sacola
e dizer pra alguém ai, “toma, pega e some, leva, não quero mais.”. Porque nem
eu me aturo, é complicado, sou complicada, mas quem não é?
Hoje o dia foi
muito bom, as coisas parecem fáceis, nada sinto. De um lado da vida tudo parece
pronto, fácil, é só caminhar e pegar, “seja feliz criança e se divirta”! Porém
de outro é como, “cuidado, com calma... Com calma...Olha ai o buraco!”. Se
estou fazendo certo, se estou sabendo como agir, não sei, não tem como saber.
Continuo vendo
sempre as mesmas coisas, só mudou o modo de se ver. Como tem que mudar, aliás.
To começando umas coisas novas, meio ao estilo Hepburn, não desista, veja, seja
forte, e inove! A vida te surpreende e de repente, quem diria, ein?
Algumas coisas você
gosta por que aprende a gostar, como... Ir para a escola, convenhamos, quem
gosta? Mas daí você conhece amigos, conhece coisas legais, unindo o útil ao agradável
e pronto baby, não se estressa.
Mas, nem tudo é
assim. Ou talvez seja. Preciso refletir sobre isso e vou tentar descobrir, vou
começar a desligar o telefone e me afogar em mágoas em outros corpos, outros
beijos e ver como fica essa vida doida, que de loucura eu já to até os tubos. Mas
é assim mesmo, passei por aqui pra dizer que não ta fácil, mas não to afim de
melancolia, chega de melancolia, chega de chorar, chega de sofrer, chega, chega!
Nem que eu passe um batom bem vermelho, uma meia calça bem apertada em cima de
um salto doze e entre em um táxi as três da matina com as amigas mais piradas
que eu encontrar, eu esqueço essa dor, ah sim, eu esqueço.
Mas que dor
mesmo?
Porra. Eu não
tava falando da droga do dia?
Annabel Laurino.
Escrevendo, eu falo pra
caralho, não é? (C.F.A)