quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Working Class Hero

Logo que você nasce, fazem você se sentir pequeno
Não lhe dando coisa alguma, nem sequer tempo
Até que a dor é tão grande que você não sente mais nada
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser
Magoam você em casa e te batem na escola
Eles te odeiam se você é esperto, desprezam se é um idiota.
Até que você esteja tão louco que não consiga seguir as regras deles
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser
Após te torturarem e assustarem por vinte estranhos anos,
Então esperam que você escolha uma carreira,
Quando você não consegue mais funcionar, está tão cheio de medo.
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser

Mantendo você dopado com religião, sexo e TV
Você pensa que você é tão esperto, sem classe e livre
Mas você continua sendo apenas um plebeu fodido até onde consigo ver.
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser

Há um lugar ao sol, eles continuam a te dizer
Mas primeiro você precisa aprender como sorrir enquanto mata.
Se você quer ser como o povo do topo do monte
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser




John Lennon

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“Lá vou eu aqui de novo falar de mim, por que não consigo mas falar de ninguém. Lá vou eu aqui de novo tentando me conhecer, porque sei que a gente não conhece ninguém.”

 Raul Seixas


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Diversidade em anonimato

    Eu queria uma coisa deliciosamente secreta que ficou esquecida por cima de algum muro por ai, meio perdido, em algum lugar deliciosamente secreto, entre algumas árvores e vigas, entre alguns emaranhados de complicações desconhecidas e outras conhecidas de mais até que se tornaram cansativas. O importante e o fato era que eu queria essa coisa que não poderia mais ser  adiada nem se quer em um espaço curto de tempo. Eu queria e ponto. Algo que se alastrava mansamente conforme os olhos decorriam a solta as multidões no calçadão da cidade ou as propagandas de filmes nas televisão. Nada consumista ou ganancioso. Estava lá para quem quisesse ver muito mais amostra do que uma roupa cara numa vitrine de luxo. As mãos dos casais entrelaçadas, os olhares anônimos cheios de uma compaixão ou desejo únicos, as conversas e os risos, o jeito todo como tudo fluía num determinado lugar e espaço, as pombas gurnindo na calçada, os velhos sentados em seus bancos com o sol batendo sobre a boina cinza e ruida do tempo, as senhoras passando em frente a igreja e fazendo o sinal da cruz, as outras mais senhoras ainda trocando confidencias de algo importante, uma receita de bolo ou torta, o ponto certo no crochê, não sei, e há os jovens e suas tecnologias, caminhando com os celulares enfiados na frente do nariz e as mulheres com suas bolsas coloridas presas ao corpo, os quadris bamboleando ao passo apressado, algumas sozinhas, outras acompanhadas. A diversidade sem fim.
      Eu queria estar lá dentre todas as coisas daquelas pessoas, enxergar por trás das mascaras em que se escondiam, entender seus gestos e o que as motivava de estarem ali naquela hora do dia. Eu queria aspirar uma essência unica que ficava refletida nelas e talvez poucas percebiam. Eu só queria entender um pedaço do desconhecido mundo das pessoas a minha volta, talvez assim, eu, aos poucos fosse me entendendo melhor e aspirando a minha tão estranha forma de viver e conhecendo o meu anonimato ainda desconhecido.


Annabel Laurino

domingo, 27 de janeiro de 2013

O Nosso Amor A Gente Inventa



O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver

Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu

O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu

Te ver não é mais tão bacana
Quanto a semana passada
Você nem arrumou a cama
Parece que fugiu de casa

Mas ficou tudo fora de lugar
Café sem açúcar, dança sem par
Você podia ao menos me contar
Uma história romântica



Cazuza 


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“Se eu tivesse tomado um atalho, uma rua estreita qualquer, que tipo de pessoa eu teria me tornado? Não sei. Mas gostaria muito de saber. Pelo retrovisor, vejo todas as pessoas que eu poderia ter sido e não fui.”

 O Teatro Mágico

Não é tudo não

    Sabe, se você parar pensar, nada que só viva de amor dura. Nada que fique pendurado por uma corda só por amor viverá. Nada se alimenta só de amor. Nada mata a sede e a secura amarga da garganta somente com uma colher diária de amor. 
    Amor é navio e não mar. Amor é lenço voando de uma janela aberta em um trem em partida. Amor é detalhe, amor é suplemento e não alimento. Amor é enfeite que complementa. Amor absorve e nem se quer suga. Amor é coisa que a gente tem e se não tiver, paciência. Aliás, paciência é sim uma das coisas que necessitam para que algo sobreviva. Sabe, paixão, sim paixão e claro, humor. Perdão, sabedoria, risos e paz de espirito. Isso sim é alimento, amor não. 
    Amor não faz ninguém morrer, não faz ninguém definhar, amor é algo que sente mas não prende ninguém, não amarra ninguém, não faz com que uma vida inteira pare de funcionar. É desse amor que não gruda ninguém que é o nosso amor, que é o meu tipo de amor. 
    Eu preciso de muito mais do que amor para me manter viva. Eu preciso muito mais do que só amor para querer ficar de verdade e ainda assim te dar um beijo daqueles de novela com direito a chuva caindo e um olhar cheio de palavras declaradas que nunca serão ditas, porque não é preciso. Eu preciso de uma injeção diária de paixão, de motivação, eu preciso de tudo e mais um pouco que se chama bom humor e carinho. Sim, eu preciso de romance com o 'r' bem desenhado em letra maiúscula e em negrito. Eu preciso de muito mais que amor para querer dormir do teu lado e acordar te achando a pessoa mais linda do mundo mesmo que todo despenteado. Companheirismo e intimidade. Compreensão e amizade. 
    Desde o começo eu acho que já consegui provar que amor não é o todo, é só o resto. É o que faz a gente ficar por livre e espontânea vontade com a liberdade de partir mas não querer, porque há amor. Amor é livre que nem pássaro alçando voo na beira de uma praia e rumando para lugar algum desde que haja sol. Amor é a porta para possibilidades, mas não a possibilidade em si.
    É por isso que eu preciso de muito mais que amor para querer segurar sua mão até o fim desta jornada que desde o inicio tem se mostrado árdua e complicada. Na junção de dois completos opostos temos comprovado na pele que pode até ser verdade que os opostos se atraem, mas eles também se destroem e se consomem um ao outro.
   Estou falando da capacidade de suportar tudo isso e ainda assim querer ficar. Mas meu caro, amor eu tenho de sobra, como recheio transbordando de um bolo recém assado e quente, ele não se contem de tão grande. Amor não é tudo, há muitas coisas mais e todas elas estão indo pelo ralo e eu não as vejo mais, não consigo mais segurá-las em meus dedos e amarfanha-lhas nas minhas mãos e ordenar que fiquem. Essas coisas, essenciais e discretas, sim, essas sim seguram um mundo se não um universo de coisas. São elas que manteriam a nossa ligação de dois opostos em uma perfeita e completa harmonia, seria como a lei do equilíbrio sendo posta a prova.
    Eu preciso de mais do que amor, eu preciso de paixão, saudade, vontade, e isso eu quase já não vejo mais. 



Annabel Laurino

sábado, 26 de janeiro de 2013

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“Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta. Aprendi também que por mais que você queria muito alguém, ninguém vale tanto a pena a ponto de você deixar de se querer. Eu que gritei para tantas pessoas ficarem, hoje só quero mesmo é que elas sumam de uma vez por todas. E em silêncio, que é pra ninguém ter porque se lamentar.”


Tati Bernardi 

Aquela coisa

Não quero desestabilizar passos
Não pretendo algemar mãos
Não quero amarrar ninguém a força
Chega de esperar pedaços
De aguardar fatos
Ansiar momentos que nunca virão
Eu não quero uma saudade repentina
Nem calor momentâneo 
Eu não quero paz amiga 
Nem abraço em uma manhã com sol
Eu só quero aquela coisa que cola
Que fica, na chuva, sobre a tempestade no final de semana
Não há dente quebrado ou cabelo despenteado que a impeça  
Livre, ela vai embora se quiser
Hora e tempo, quando pretender
Mas ela fica, ela cola, ela simplesmente se faz por inteira
Sem partidas em vão.





Annabel Laurino

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

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"Essa ferida meu bem, às vezes não sara nunca. Às vezes sara amanhã"



  Drummond 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Acalanto

    Será que eu sou a unica que não consigo ser indiferente à tristeza alheia? É, aquela tristeza que sempre mora ao lago, servindo de peso nos ombros de nossos companheiros. Será que sou a unica que não consigo fechar os olhos e me enganar com a mentira de que todas as pessoas são felizes com o que elas realmente tem, seja ruim ou horrivelmente bom. 
    Eu me proponho a carregar quase todo o peso dos amigos que eu conheço. E não me vanglorio por isso. Depois que eu faço, eu logo esqueço. Eu realmente fico ao lado ajudando a sustentar o fardo, e se caso eu não consiga levar uma pontinha da carga eu fico ali, dizendo palavras que deem força, e quando a madrugada surgir fria eu estarei lá com o meu abraço mais quente para reconfortar os ombros cansados e enxugar as lágrimas mais doloridas.
    Não há necessidade de me pedir. Simplesmente estarei lá oferecendo conforto, nem que seja um lenço para guardarem no bolso quando tudo virar tormento. Mas eu estarei lá. 
    É algo meu, não sei. Não há forma de eu ser indiferente a essa natureza tão delicada que somos nós e não me compadecer, não querer me aproximar e tocar no rosto daquele que se sente frágil, cansado. 
    As vezes parece que eu me doou de mais e depois fico sem. Há dias que tudo não vai realmente bem. Você sabe, tem aqueles dias de cão. Sei lá, vai saber quantas coisas podem ser consideradas ruins para que você diga que seu dia foi ruim. Para o meu dia dar errado eu só preciso que o meu coração esteja esmagado feito um pão na chapa quente. Problemas familiares então me desestabilizam, me desestruturam. Não há para mim nada pior do que um âmago familiar em crise. E dai vem os meus dias de cão.
    O engraçado é que todo mundo some quando você realmente precisa. Sei lá porque as pessoas somem, elas tem coisas mais necessárias do que se preocupar, faculdade, trabalho, sexo, namoros essas coisas todas e então elas realmente as vezes não pensam muito bem. Mas é quando eu realmente prendo o grito e ninguém aparece.
    Tudo bem, eu sou mesmo um silêncio desenhado em pessoa. Eu sofro calada. Cubro o rosto com a coberta para chorar, mesmo que eu seja a unica pessoa trancada no quarto. Eu fecho os olhos para que nem eu mesma descubra o que eu estou sentindo. Sofrer de angustia é sempre muito ruim. E geralmente eu não anuncio que estou mal. Sou da velha moda de quem te conhece de verdade sabe no seu semblante que o pé esquerdo foi o primeiro a tocar o chão. 
    É por isso que me alivio em palavras escritas. Se eu pudesse dizer o quanto é desesperador não saber a quem dizer de verdade "estou mal, me ajuda. É claro que eu tenho a quem, na verdade. Mas machuca o que eu sinto, machuca também dizer, imagine só. 
    Eu aqui toda esperançosa ainda querendo que todo mundo pense um pouquinho como eu penso. Achando que vou receber um afago na cabeça nos dias de diluvio, achando que alguém vai passar a mão por cima de mim e dizer que vai passar, claro que vai passar.
     Eu sei que vai passar. Claro que vai. Um dia, quem sabe. Só me pergunto quando. Só me angustio me perguntando quando e quando e simplesmente quando. 



Annabel Laurino

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

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“Intimidade é ler os olhos, os lábios e as mãos de quem está com você. Mais do que repartir um endereço, é repartir um projeto de vida. Não basta estar disponível, não basta apoiar decisões, não basta acompanhar no cinema: intimidade é não precisar ser acionado, pois já se está mentalmente a postos.”


Martha Medeiros

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     Mas, me vem agora, que amor mesmo é, sobre todas as coisas imagináveis e pensáveis que qualquer ser humano já possa ter conseguido ter feito, sem sombra de duvidas, quando você gosta daquela pessoa acima de todos os defeitos dela, e continua a gostar. Sempre mais e continuamente. Acima de todos os defeitos que um ser humano possa possuir. Você sempre irá ama-la.


Annabel Laurino





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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

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‎''EIII CARA, Já parou pra pensar na tua namorada? Já parou pra pensar em quantos moleques são loucos por ela? Em quantos ficam encantados com aquele sorriso que só ela tem? São tantos, mas ela encontrou você. Não que ela não tenha encontrado outros antes, mas ela escolheu você. É, logo você, que não é príncipe. Mas que ela insiste em te chamar assim de qualquer jeito. Você, que ela ama assim, exatamente do jeito que você é imperfeito. E ai eu te pergunto: Tem dado valor? Pode ter certeza que muitos invejam o lugar que você tem no coração dela, e no seu primeiro vacilo vão fazer de tudo para conquista-la. E ai meu amigo, vai esperar ver ela nos braços de outro? Vai esperar vê-la sorrindo pelas piadas de outro? Dormindo e fazendo cafuné em outro? Doeu só de pensar né? Agora imagina se acontece. Vai doer o triplo, Por isso que eu digo, da valor enquanto tem moleque.''


in Facebook

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

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“Às vezes é preciso diminuir a barulheira, parar de fazer perguntas, parar de imaginar respostas, aquietar um pouco a vida para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe. E ele conta. Com a calma e a clareza que tem.”

 Caio F. Abreu


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“Eu sou assim: Eu vou sumir quando você menos esperar, eu vou surtar com você, vou querer que você sinta medo, orgulho, paixão, tesão e fome de mim. Eu vou ter as vontades mais loucas, eu vou sentir inveja até da sua sombra por estar perto de você de dia, e do seu travesseiro por estar com você a noite. Eu vou aparecer só pra você me perceber, eu vou sumir e aparecer milhões de vezes pra você me notar. Eu vou ter sede da sua atenção, eu vou querer seu “mas eu te amo” quando eu disser “eu te odeio, e não quero mais te ver por aqui”. Eu vou querer um beijo roubado no meio daquela briga, eu vou querer seus elogios quando o espelho estiver de mal comigo, eu vou querer sua sinceridade quando for necessário e a sua doce mentira quando minha vaidade precisar. Eu vou querer surpresas no meio do dia, ligações inesperadas. Eu vou respirar você. Eu vou amar você. E aí? Vai querer mesmo cruzar meu caminho?”


 Tati Bernardi

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"Quero ter certeza, ali no fundo da alma dele, de que ele me ama. Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso. Que ele esqueça, de vez em quando seu lado egoísta, e lembre do meu. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre."

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“Eu, do fundo do meu coração, tenho um orgulho absurdo de ser quem eu sou. Não vou dizer que é fácil, e que nunca deu vontade de desistir, mas vale muito mais a pena continuar.”

 Tati Bernardi

Terá sol todos os dias, e tudo sempre passará

    Tenho me mantido quieta. As vezes o silêncio é a melhor forma de dizer tudo que você pensa. E realmente, eu não tinha muito o que dizer. Eu venho exigindo muito, pedindo muito, cobrando muitas coisas. Parece que havia entrado naquelas fases da vida que viramos cobradores de porta. Esmurrando e esbravejando, exigindo o pagamento no ato, "vida eu quero tudo que eu mereço e não me venha com desculpas". 
    Só houve um problema, eu comecei a exigir demais. Fiquei má, malévola e entrei naquele estado de irritamento e frustração, as coisas tendiam a tardar em chegar, os pagamentos sempre em migalhas e as vezes eu gastava mais do que recebia, estava mesmo sendo aquele tipo de fase barra pesada. 
    Mas esse ano entrou novo em folha, mais uma página virada no calendário. Eu achei que tudo iria mudar, mas de repente nada mudou. Como podia isso? De repente, nada mudava. Na minha ingenuidade alguém iria limpar a bagunça do ano velho e deixar tudo pronto para que eu dançasse feliz em cima desse ano novo e me esbaldasse em festa. Só que parece que se negaram de fazer isso e a bagunça continuou toda lá, espalhada pelos cantos. Em poucas e menores palavras, eu tive que dar um jeito. Do meu jeito.
    Não foi fácil, acredite. Nunca é fácil se descolar tanto de nós mesmos. Da uma dor do caramba ter que mudar velhas opiniões e conceitos, que repensar argumentos e refletir sobre nossas ações. Parece que literalmente funciona a tal expressão do "dedo na consciência". E funcionou. Tava tudo errado, tudinho. 
     Era eu tropeçando os passos meio capenga. Ansiosa pelo futuro mas mortalmente agarrada ao passado. Volta e meia eu me pegava lembrando de tudo e amaciando as marcas que aquela história toda havia me deixado. Eu ainda lembrava dele como uma lembrança nítida  como a nota de um sabor de alguma fruta muito doce e por fim muito amarga. O rosto dele ainda dançava na minha memória e tudo que eu lembrava era de sentir dor e desprezo, nada mais. O medo era uma sombra que me acompanhava, me impedia de ir sempre em frente. Eu não sentia qualquer tipo de sentimento bom, era uma daquelas histórias que você não se arriscaria a contar nem que te colocassem em uma cadeira elétrica. Eram lembranças doloridas.
    Recordo do Caio "vai passar, sabes que vai passar, é verão, terá sol todos os dias. Vai passar". E passou. Não sei bem como de uma hora para outra eu voltei a ser eu mesma, despreocupada com a vida e de sorriso leve no rosto, encarando de frente tudo que estivesse por vir. Acontece que a verdade mesmo é que só eu sei tudo que eu passei para ainda me manter em pé. Só eu sei todas as lutas mentais que tive que debater com meu consciente para me forçar a sair da cama todos os dias e encarar o sol forte lá fora. Só eu sei o quanto eu tive que me desapegar de muita coisa e quanto difícil foi de repente não saber para onde ir e o que fazer só sabendo que teria que fazer simplesmente, só e sozinha. Eu e mais ninguém poderia me salvar. Só eu mesma. Talvez justamente esse tenha sido o maior soco no estomago já levado, a verdade de que a gente vem a esse mundo sozinhos e que o maior problema da gente é que ninguém tem nada a ver com isso. 
    Por isso eu decidi pôr fim naquela terrível fase, eu chamaria ela de uma fase meio nebulosa, cheia de cabelos despenteados, berros e choros sem sentido. Meu Deus, parece que foi ontem, e realmente foi, eu sei. Mas já me sinto tão bem e tão renovada. A pouco eu estava orando para que dessa vez desse tudo bem. E eu sei que vai dar, eu realmente sei que vai dar tudo bem. 
    Saio todos os dias e a unica certeza é de estar viva e não somente viva, mas viva de verdade, com o pulso batendo forte e os musculos trabalhando firmes, a alma reverberando, os pensamentos trabalhando e um coração quentinho, o centro de mim, aquele lugar mais puro e finalmente em paz. Comecei a imaginar Deus e todos os dias ele me parece sempre mais lindo. 




Annabel Laurino

domingo, 13 de janeiro de 2013

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"[...] saiba, pois, que sou muito senhora da minha vontade, mas pouco amiga de a exprimir; quero que me adivinhem e obedeçam; sou também um pouco altiva, às vezes caprichosa, e por cima de tudo isso tenho um coração exigente. veja se é possível encontrar tanto defeito junto!”



Dom Casmurro

sábado, 12 de janeiro de 2013

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“Sentia vontade de chorar, mas não saía lágrima alguma. Era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existe nada pior. Acho que você sabe o que quero dizer, todo mundo, volta e meia, passa por isso, só que comigo é muito freqüente, acontece demais.”




 Charles Bukowski

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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

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“Sobre solidão: Eu nunca fiquei solitário. Já estive numa sala – Já me senti suicida. Já fiquei deprimido. Já estive muito mal – pior que tudo – mas nunca pensei que uma pessoa poderia entrar naquela sala e curar tudo que estava me incomodando… ou que qualquer número de pessoas poderiam entrar naquela sala. Em outras palavras, a solidão é algo que nunca me chateou por que eu sempre tive essa terrível vontade, esse quê que me fazia estar só sempre. É estando numa festa ou num estádio lotado de pessoas torcendo para algo que eu posso sentir a solidão. Vou citar Ibsen: “Os homens mais fortes são os mais solitários”. Eu nunca pensei “Bom, alguma loira linda vai entrar aqui e foder comigo, acariciar minhas bolas, e eu vou me sentir bem”. Não, isso não irá ajudar. Você conhece a típica multidão que diz “Uau, é sexta à noite, o que você irá fazer? Só ficar aí sentado?” Bem, sim. Por que não há nada lá fora. É estupidez. Pessoas estúpidas se misturando com pessoas estúpidas. Deixem elas se tornarem cada vez mais estúpidas. Eu nunca fiquei incomodado com a ansiedade e a pressa de sair pela noite a fora. Eu me escondia em bares por que não queria me esconder em fábricas. Isso é tudo. Sinto pelos milhões, mas eu nunca me senti solitário. Eu gosto de mim mesmo. Eu sou a melhor forma de entretenimento que eu tenho!”



Charles Bukowsk

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

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“Quando eu não estiver por perto, canta aquela música que a gente ria.”


Oswaldo Montenegro

domingo, 6 de janeiro de 2013

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 Eu queria ter dado ponto nisso, mas tem vários tipos de pontos e tudo o que eu consegui pensar em por foram reticências longas, pausadas dentre cada palavra, alongando o processo de despedida. Eu não sei encerrar ciclos, vidas, casos. Tudo fica morando em mim por muito tempo, mesmo que já nem exista mais, em mim ainda fica. 



Annabel Laurino

sábado, 5 de janeiro de 2013

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“Ela não estava amarga. Mas estava triste. Era uma espécie de tristeza esperançosa. O tipo de tristeza que passa com o tempo.”

 As Vantagens De Ser Invisível

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“Admito que me consumiu, que me corroeu, que me despedaçou. Mas também admito me fez olhar pra frente e entender que tudo nessa vida tem uma razão, e que se você se machuca muito, começa a não doer mais tanto.”


 Caio Fernando Abreu


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“Namorar você é minha segunda intenção. A primeira é ser feliz na sua cama de solteiro, um sábado inteiro.”



 Gabito Nunes

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

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"É porque eu sou egoísta e louca e tenho um dente torto? É porque eu ria de você e ria das suas coisas e ria das suas músicas e ria de nervoso porque eu gostava tanto de você que odiava você? É porque eu criei sete mil muros pra receber alguém mas queria esmurrar até sangrar o seu único muro como se você também não fosse humano? Ou é só porque é assim mesmo? Assim: finito, simples e triste demais."



Tati Bernardi

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

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    "Tem dez minutos que acordei e já gostei de você um milhão de vezes hoje. Eu gosto que você é um começo daquele tipo de flor que dispara em mim o regador assassino de um milhão de gotas d’água. Mas eu gosto mais ainda de um arco-íris pixelado que me cumprimenta discretamente da janela, como se existisse a esperança de uma planta esperta que não fica propositalmente distraída, de boca aberta, pra ser cúmplice do meu medo."



Tati Bernardi

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Transition


    Finalmente fiquei sozinha. É quase algo irreal, sutil, não totalmente bom, mas agradável depois de tantos dias na companhia da família. Eu estava realmente precisando respirar. Você sabe, todos nós precisamos as vezes. 
    E agora sozinha em casa, com o ventilador de torre ligado, zumbindo fraquinho, as luzinhas da arvore de natal e, nada mais. Nada, só os tique taque das teclas do computador sendo apertadas. 
    É um novo dia e também um novo ano. O dia não poderia ter sido mais perfeito. Frio. Não um frio congelante ou realmente um frio, mas um dia com um vento gelado, pude até ousar em colocar aquele meu lenço florido envolta do pescoço. Pude até tomar muitos cafés e sair a noite de jaqueta, caminhando feliz pela rua sem me preocupar em suar.
    Falar destas coisas tão simples faz bem. Coisas que acontecem sem pretensão, por pura sorte do acaso. É como o filho esperado na barriga de sua melhor amiga de infância ou o beijo roubado na boca do namorado dentro do carro do pai, as pipocas encharcadas de Zazon e piscares de olhos com delineador de gatinho em frente ao espelho.
    Tenho tantos planos para este ano. Mas não vou ousar em te contar, tem aquela coisa meio supersticiosa e enfadonha de que talvez, só talvez, alguns deles não se concretizem. E eu não quero me dar ao luxo de me decepcionar. É por isso que eu deixo todos eles guardadinhos, ninguém precisa saber. Mas tenho uma urgência em ser feliz logo, sabe, realizar de uma vez por todas todos aqueles sonhos que ficaram até agora guardados dentro do bau.
    Não sei porque te escrevo essa carta. Eu to sozinha em casa, como eu já disse. E comecei a pensar em um série de coisas, coisas que vem acontecendo. E eu sei que 'coisa' é um marcador de posição, não define nada, é como  uma ilha no meio do oceano sem nem ter  uma localização direta. A verdade é que tudo vem mudando. E eu escrevo mais é para te dizer que estou entrando nessa nova fase, cheia de folhas cheirosas de livros, cafés amargos e uma cabeça tinindo prontinha para ser usada. Estou com o espirito leve, cheio de fome e necessitando muito de bons fluidos, paz e sentimentos bons, que recarreguem. Sei que você entende. É uma daquelas fases de transição. Aquelas que eu sento no sofá da sala, sozinha em casa, e escrevo durante horas , que eu me permito me sentir só e nem se quer consigo, porque me sinto cheia de mim mesma e de todas as maravilhas divinas. Aquele momento em que a criatividade flui pelas veias e eu me liberto. De mim mesma e dos meus medos, dos medos desse mundo. Crescendo ao poucos. Você entende?
    Eu sei que você entende. É por isso que eu te escrevo. 
   

Annabel Laurino