Annabel Laurino
quinta-feira, 9 de maio de 2013
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Confusão é quando você sabe exatamente do que seu coração precisa e mesmo assim prefere ouvir os pensamentos racionais de uma mente congestionada. É quando você mata todos os sentimentos e medita no que precisa ser pensado. É quando você percebe que mesmo fazendo tudo isso e se vestindo de racionalidade, maturidade e todas as 'dades' a mais, o seu coração ainda está ali gritando pelo que precisa. Então você confuso não entende nada. No fim, tudo que é de verdade perdura. E tu sabes meu caro, coração não mente.
I Feel Like Disappearing
Não sei como começar isso. Não sei como dar partido nessa coisa sem pé e sem cabeça que de repente se tornou tudo. Mas que tal uma musica do Chorão, aquela que todo mundo ouve quando ta pê da vida e ao mesmo tempo quase querendo começar a agarrar um travesseiro. Você sabe.
"Eu tentei me manter afastado, mas você me conhece, eu faço tudo errado. Tudo errado.".
Funciona bem para o momento. Eu que to tentando abandonar tudo e até eu mesma. Não sei como se faz isso ainda, eu não sei como cortar laços com esse ser que sou eu e sempre fui desde que me conheço por bicho vivo e gritante. Você sabe? Você sabe como abruptamente deixar de ser? Como se tornar qualquer coisa menos você mesmo?
Tentei não falar a respeito, tentei não escrever a respeito, tentei se quer pensar a respeito. E quer saber? Não deu certo. Não deu certo ou eu não tentei de verdade, não sei. Só sei que é difícil cara, é difícil e tem doído muito. Agora mesmo, eu escrevo tudo isso com uma sensação dolorida no peito, e pode apostar, não é fácil.
Não é fácil de repente você ver tudo que você acredita indo por água a baixo em questão de segundos sem ter nem se quer a chance de ser ouvida enquanto grita para que por favor não façam isso. Não é fácil ver o quanto tudo que você mais ama vai embora ou as pessoas a sua volta que você mais confia de repente te decepcionam. Não é fácil se sentir sozinho e frustrado. Sim, depois de tudo que aconteceu, essa é uma palavra que se encaixa bem para mim. "Frustrada".
Todos os sonhos pisoteados, todas as coisas arrancadas e jogadas em qualquer lugar.
Tentei não chorar, tentei não me sentir mal, tentei recitar frases filosóficas do tipo ' não importa o que as pessoas façam com você, importa o que você faz com isso.'. No results man. Chorei e sofri igual, na mesma medida descontrolada de alguém que gradativamente entra em crise. Simplesmente não funciona quando se trata de amar muito aquilo que você está perdendo.
Eu podia ter enlouquecido sabe, como antigamente. Fugindo de tudo e todos, fazendo bobagem, dormindo com a mente vazia e acordando sem saber o que aconteceu noite passada. Eu podia ter feito tudo exatamente da mesma forma do que antes e eu sei que teria funcionado, eu sei que teria dado certo depois de algum tempo de desgaste físico, emocional e perdas de valores consideráveis.
Acontece que eu li em algum lugar que a dor deve ser sentida. E é isso ai. Não torna nada mais fácil, acredite, mas eu penso todos os dias que se de repente eu ficar aqui quietinha aonde eu estou e só simplesmente esperar a dor sair, então quem sabe ela canse de mim e vá embora um dia.
Eu não ia mais escrever. Eu não ia mais contar sobre como as coisas estão ruins, eu queria falar de sol, haliantos, frio, fins de tarde, cheiro de alfazema, incensos de café, flores, paz, sorriso bonito e lusco-fusco dos dias. Mas não tem como evitar.
É fato que quando você tende a entrar nessas crises você aceita sua passagem de primeira classe para o mundo encantado dos solitários sem vez. Primeiro porque as pessoas não gostam de gente que se queixa da vida e sofre e tem problemas e não finge o tempo todo que tudo está bem, como elas fazem. Segundo porque automaticamente eu comecei a me afastar, de tudo e todos. De repente tudo ficou tão pequeno.
Matando sentimentos todos os dias. Matando esperança, sonhos antigos, sonhos em que eu teria alguém para me salvar disso tudo e me fazer feliz e me colocar um sorriso nos lábios que durasse mais do que alguns segundos e com quem eu viajaria para Paris, quem sabe, e quem me beijaria depois de uma briga dizendo que mesmo eu sendo uma louca total, uma drama queen escandalizada, nada nesse mundo seria suficiente para nos separar. Sonhos em que uma família não se despedaça assim, desse jeito, em que eu chegaria em casa e teria um abraço fraterno para deitar o rosto no ombro e dizer como foi meu dia. Sonhos assim, simples e que fazem falta quando você pensa que são só a base de felicidade e amor. Quem nesse mundo não quer isso? Me diz quem. Paz e amor.
Dói muito desacreditar de tudo. Dói muito simplesmente ir dormir com a certeza de que nada mais é esperado. Tudo foi por água a baixo meu caro, eles mataram os meus sonhos.
Sim, eu tentei me manter afastada, eu tentei fazer com que ninguém soubesse disso. Eu ainda tento. Todos os dias eu passo minha maquiagem de superficialidade e finjo que está tudo bem, que eu sou feliz, que eu sou incrivelmente feliz e nada me faz falta. É isso que todos fazem e eles nem se quer desconfiam porque estão ocupados de mais fingindo também para notarem na minha atuação fajuta e descarada.
Mas depois que a farsa termina eu ainda sou eu mesma novamente, sozinha no meu quarto, ruminando minha tristeza dolorida e sentindo esse gosto amargo de se estar só e incrivelmente só, acompanhada sempre da sensação de susto, enquanto a queda é longa e nenhuma mão venha sacudir meu corpo e me acordar desse sonho confuso, me alertando que o café da manhã está servido e um novo dia começa. Uma vida nova. Um novo eu e um novo tudo.
Mas depois que a farsa termina eu ainda sou eu mesma novamente, sozinha no meu quarto, ruminando minha tristeza dolorida e sentindo esse gosto amargo de se estar só e incrivelmente só, acompanhada sempre da sensação de susto, enquanto a queda é longa e nenhuma mão venha sacudir meu corpo e me acordar desse sonho confuso, me alertando que o café da manhã está servido e um novo dia começa. Uma vida nova. Um novo eu e um novo tudo.
Enquanto isso, continuo em queda.
Like disappearing.
Annabel Laurino
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