Tenho falta sua meu bem, mas é uma falta tão cursiva que as vezes dói por que não sei como estanco essa falta. É do tipo, "me deem água que dentro de mim nasce um deserto Saara, mas muita água, água pra valer", mas trazem-me um misero balde de água morna, esquecendo do deserto que há aqui dentro. Não cessa, não cura. Mas dói nessa ausência ribombante que fica girando dentro do peito, ocupando um espaço que não cabe quase nada. E agente acorda todo dia pensando que pode ser diferente, e o passado ali do seu lado, feito garra negra apertando sua mão, aperto frio. E da uma saudade, uma saudade louca do tempo em que tudo fazia um sentido imenso sem nem fazer esforço. Da saudade de tudo, do abraço, do cheiro, do toque, das musicas, dos risos, das brincadeiras. Da saudade. Da ciumes. Dói pensar que tudo o que eu fui pra você agora, não sou mais e não tenho mais importância.
Ou tenho?
Bate a porta e grita, chama, diz que tenho, diz que ama. Mesmo que seja incerto, mesmo que a chama seja curta, mesmo que o céu extingue, não tem problema. Só não deixa esse amargo sabor aglutinar na boca e se perder nos ponteiros negros do tempo. Não deixe.
Annabel Laurino.
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