Annabel Laurino
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Vastidão que mora dentro
Eu não sei ser mar sem emitir um pouco de solidão. Penso que tudo que é bonito demais é um tanto inatingível e por si solitário e assim triste. A vida as vezes é assim. Inatingível. É como se nascessemos com uma meta predestinada. Atinja a meta, seja alguém, apaixonasse e viva, atinja a meta. Mas essa meta as vezes fica tão longe, lá acima, naquele pedestal. Quantos degraus serão precisos para que eu a alcance? Eles não me disseram nada sobre isso, não me avisaram sobre essa beleza de viver e mesmo assim essa coisa dura que fica ali nos empurrando degraus acima para que atinjamos a meta, a vida sempre tão bonita, e rara e unica e cheia de momentos que parecem que vão estourar a qualquer momento feito uma bolhinha de sabão. A solidão da busca diária ao inalcançável de nós mesmos. Colocando-se sobre uma redoma de vidro onde o que eu realmente sou fica exposto para que todos vejam. E o que será que todos vêem? Eu não sei. Para mim poderia ser um pássaro, mas para o outro quem sabe um grampo de cabelo. Te julgam mas no fundo te amam tanto. É uma imensidão sem fim essa que mora dentro. A gente desconfia que é cabana pequena até que se entre por dentro e de descubra a mansão de mármore que fica logo depois do corredor de ouro. É uma vastidão infinita de coisas que você é e esconde e não sabe nem se quer onde. É como eu disse no começo, eu não sei ser mar sem nem ao menos um pouco de solidão.
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