terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Enquanto minha guitarra suavemente chora

    Da vontade de atravessar todos os quilômetros que nos separam nesse exato instante só para me grudar no seu pescoço e te abraçar forte. Acabar logo com essas brigas bobas que acontecem agora tão frequentemente e eu nem sei mais como elas aparecem assim, tão do nada. 
    O que podia ser coisa de casal apaixonado que se ama já não é mais o caso. Vai além de implicância e amor de mais. Essas brigas e desentendimentos. 
    Eu acabei morrendo de medo de que tudo desse errado e quando eu finalmente me joguei por completo nos teus braços acabei me enroscando nas tuas mentiras e perdendo os passos. Acabei sem saber qual direção seguir. Não há nada agora que faça esse coração magoado a se recompor a não ser o seu completo e total amor. Mas quem nesse mundo consegue dar cem por cento de amor?
    Madrugada fria de verão e chove lá fora. Queria que aquela sua proposta de pegar um táxi no meio da noite e fugir para sua casa e me refestelar nas suas cobertas quentes junto do seu corpo confortável e já tão amigo intimo do meu ainda estivesse de pé. Você abriria a porta do carro e me colocaria embaixo dos teus braços, em segurança até a sua cama e eu ficaria lá, chorando as minhas magoas e medos antigos que talvez jamais irão se cicatrizar, até que você me fizesse um café quente e resolvesse prometer para sempre me amar.
    Sabe aquela musica do George? Tem aquela parte, aquela que diz que já não da mais para saber o que fizeram com você, que compraram e inverteram. Eu sou a pessoa da musica, comprada e invertida, com os ouvidos atulhados de coisas que só me levam para caminhos distantes. Acho que eu sempre fui assim, não é mesmo? A fugitiva partindo sempre para caminhos contrários quando tudo vai mal. É que eu sinto dor de ver tudo de uma forma que eu não possa curar. Meu lema é liberdade sempre, voe para longe mesmo que nada dentro de você irá conseguir se libertar. 
    Você que sempre me manteve presa a você, agora já não ta mais sabendo como me segurar. Você esqueceu como me manter firme embaixo das tuas asas meu anjo, e o som da minha guitarra melodiosa se encontra nos teus olhos castanhos, o único som que eu queria escutar. Mas não estou ouvindo. Há muito barulho lá fora e ele confunde tudo.
    Se eu pudesse fazer um desejo era que você chegue mais perto antes que eu já esteja longe demais para que até eu mesma possa me alcançar. Chegue e me tome nos seus braços, chegue e me faça promessas que realmente irá cumprir, chegue e não me deixe ir, não me deixe decidir um futuro que nem cresceu de tão imaturo. Mas chegue. Eu iria desejar. Grita nos meus olhos junto com os teus olhos gritantes, só para que eu veja o que não tais conseguindo me mostrar e vejas nos meus também, quanto medo!
    Já vai amanhecer o dia. Eu não guardo magoas no peito. Só cansaço. Só puro e sobrecarregado cansaço. A vida é longa e bela e nós somos jovens. Eu escuto George para me fazer mais feliz mas ao contrario disso fico calma e serena e lembro da gente e sinto saudades. Porque no fundo de tudo, sempre permanece aquela réstia de um gosto bom e que não será jamais acabado. Eternizado, eu diria. 
    O fim próximo come as páginas do nosso livro de lembranças e a unica coisa que me lembro quando fecho os olhos é que, esse tempo todo, eu estive onde realmente gostaria de estar.


Annabel Laurino

Nenhum comentário: