terça-feira, 13 de setembro de 2011

E assim meio perdida, meio letárgica, em branco, recepção...


    As pessoas tão falando sem parar. Elas falam e falam. E parecem que estão guspindo tudo o que falam. O pior é que falam em outra língua. Eu to sentada aqui me perguntando o que que eu estou fazendo aqui e como eu vim parar aqui. Daí eu lembro que eu caminhei até aqui há alguns minutos atrás. Penso que eu poderia estar muito inerte em mim mesma para não lembrar do trajeto. Daí eu lembro que eu nem prestei atenção no que a minha mãe falava enquanto vinha comigo e isso me fez lembrar que eu vim pensando o tempo todo em você e que enquanto eu concordava com o assunto, eu não tinha a menor idéia do que se tratava ser.
    Continuo sentada. Faz uns minutos que estou aqui. A mulher bebendo água do meu lado acabou de espiar o que eu estou escrevendo. Eu olhei pra ela e ela fingiu olhar as horas no relógio da parede. Não achei a menor graça, como eu até poderia ter achado em outro dia.
    A sala de recepção esta cheia, eu to me perguntando por que eu não fiquei em casa. A minha cabeça lateja e sinto minhas mãos suarem, eu definitivamente não estou bem. Meus olhos estão úmidos e a todo instante eu confundo ter ouvido a sua voz no meio desse caos intraduzível.
    Um cara ta falando comigo agora, eu não to entendendo nada, ele ta falando outra língua, eu sei falar, eu sei o que responder, é tão simples... Mas não sai, parece que algo na minha mente esta congelada, a minha língua parece que enrolou-se e tudo que sai é murmúrios gustativos a procura do que falar ao certo. Ele esta me olhando com uma cara estranha, ele acha que eu sou louca, ótimo, não seria a primeira pessoa a achar.
    Respondo qualquer coisa, e ele assenti em um meneio de cabeça e seus enormes cabelos brilhantes e meio desgrenhados balançam de uma forma engraçada. Acho que dei a resposta certa, nem sei.
    Volto a escrever.
    Olho para os meus tênis e fico pensando na cor branco por um longo tempo, comparo a minha mente, totalmente em branco, e depois aos taxis na rua e acho graça disso.
    Não estou bêbada e nem chapada, estou letárgica. Tudo que me vem a cabeça é os seus olhos, seu sorriso, suas mãos, seu cheiro e tudo que eu sinto por você. Lembrei de mim negando os meus sentimentos á alguns dias atrás. E sorrio por isso, por quão estúpida cheguei a ser por achar que poderia fugir disso tudo.
    E não pude, tanto não pude que estou novamente no mesmo lugar. Esta tudo parecendo uma montanha russa, e eu me sinto girando no ar, as coisas passam, as pessoas gritam, eu fico sentada na recepção da escola de inglês esperando a minha aula começar, e digerindo a loucura dos últimos acontecimentos que influenciam eu e você. Você e eu...
    É tudo tão...
    Acabaram de me chamar pra aula. To guardando o caderno na bolsa, mas não consigo, tento terminar as ultimas coisas, e depois suspiro.
    O que mais eu tenho a escrever?
    Mais nada, eu decido.
    Ta tudo tão perdido, to tão causada, tão cansada. To querendo que você me ame, que você lute por mim, mas estou tão afringida pela espera irrecuperável do tempo e dos sentimentos. To querendo que você me puxe, que cole em mim e nunca mais desgrude. Que acredite e confie na gente.
    To achando isso tão difícil. To sentindo que vou estourar, vou chorar, vou gritar... Mas não posso.
    Desejo estar em casa, deitada na cama, meias e um cobertor, abraçando um livro, a cabeça caída sobre meu travesseiro e gritando ao som de Gun’s.
    Segunda chamada. Me levanto, ainda não guardo o caderno na bolsa, finjo mexer em qualquer coisa, sorrio falsamente para professor e depois termino.


Por favor, oh, por favor... Por favor, vida, oh vida, não me decepcione! Só dessa vez...


Annabel Laurino.

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