Já disse há muita gente que preciso ficar só. E talvez, as
vezes, eu precise mesmo. Mas é uma coisa contraditória minha. Talvez, as vezes,
não seja muito bom me deixar só. Eu não me conheço muito bem, não sei até onde
grita o aperto da solidão e não sei o que se passa na minha cabeça. Horas eu to
deitada na cama, to lendo inocentemente e de repente um sopro de inspiração e
já voei, já fui, já voltei. E de repente as coisas na minha cabeça já se
deslocaram, fluírem, esvaziaram.
Nunca sei se to
querendo muito ou se to desejando muito. É uma cosia louca. Mas to dizendo e
estou sempre avisando, se você me ama, não me deixe só. Me deixe umas horas
apenas, e nem muitas horas também, mas não venha com dias, semanas e tal. Não é legal. To sempre mudando,
eu mudo como mudo de roupa, mudo a cor das minhas unhas e as mechas do meu
cabelo. Eu nunca sei se estou pronta, se estou satisfeita, se estou saciada. Eu
estou sempre precisando e precisando. E me deixar sozinha me deixa á pensar que
estou precisando de alguém, e não ter ninguém por muito tempo me deixa a deriva
de aceitar essa condição de não precisar de ninguém. Ai eu acredito nisso, e
depois pode ser fatal. Eu começo a acreditar que não preciso mais de você.
Annabel Laurino.
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