É esta todo mundo
pirado. Todo mundo correndo para todos os lados.
E Cadê a carta?
Aquela que todo mundo espera, para aquela prova louca da qual devemos passar e
que vai decidir as nossas vidas por um ano, ou talvez, por toda a sua vida. O
que fazer? Estudar anos a fio em uma faculdade da cidade pequena, escutando
todo mundo dizendo que você deve fazer? Ou pegamos uma mochila e viajamos o
mundo, sem dinheiro algum, tipo, saindo por ai meio que sem rumo?
Não tão literalmente
talvez. Ok.
Que tal trabalhar
como barista naquele café em Sampa, ou sei lá, ir pro Rio, você lembra daquela
sua tia que mora lá? Então, pode ser legal. Você pode descobrir o que fazer
daqui uns cinco anos quando todos os seus amigos já estiverem formados e
tomando whisky em suas festas de formatura fazendo uma social para as fotos com
cara de chapados depois de noites insanas sem dormir por causa do nervosismo.
Você pode dizer que
não esta nem ai, talvez não esteja mesmo, talvez você só não quer admitir que
se você disser que esta, você não saberia dizer quais são os seus planos, por
que na verdade você não tem nenhum.
Mas quem se importa?
Ta na hora de fazer
o que quiser, as oportunidades são imensas. Quem disse que você tem que ficar
nessa cidade até morrer e criar seus filhos para freqüentarem a mesma escola
que você? Quem foi que disse que você tem que ir pra faculdade, colocar um
jaleco, ser médico e fingir que é importante, quando tudo que você queria era
estar na praia azarando aquelas gostosas do terceiro ano da escola que sempre
acharam você um saco?
Eu já nem respondo
mais. Não ligo se uma carta do correio chega ou não. Os dias não
passam mais do que contados. Sirvo-me de café, sento-me a mesa, ligo o computador e escrevo. Se me
perguntarem o que eu quero fazer depois que o terceiro ano acabar eu vou dizer
assim: “Olha cara, sabe de uma coisa, quando essa droga toda acabar eu vou sentar e beber muito café, muito mesmo, vou pegar uma mochila e vou pra algum lugar,
qualquer lugar, e vou passar a minha vida toda escrevendo, quem sabe você topa
comigo por ai, me vê na televisão, quem sabe? Vai ver eu me torno a
maior revolucionária de alguma coisa insana que as pessoas vão julgar
importante, ou talvez eu me torne a maior mané da história e depois de alguns
anos eu veja todos os meus amigos se formarem na faculdade enquanto eu vou
estar com pilhas de xícaras de café do lado e um romance clichê inacabado na
estante do meu quarto. Mas na verdade, quem liga mesmo? Eu estou aqui pra
viver, e você?”
Annabel Laurino.
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