terça-feira, 16 de outubro de 2012

it's time to change


Coisas para serem feitas:

1 – mudar.
2 – mudar.
3 – mudar.
4 – mudar.
5 – mudar um pouco mais; mudanças, muitas, mude.





    Nunca fui de escrever diretamente, e sim sempre categoricamente, entre as entrelinhas dos meus textos, os poucos que acompanham sabem, eu nunca falo a verdade logo de cara, prefiro ferve-la em requintes mais bonitos e depois prepará-la com calma, umas pitadas de sabor aqui e acolá, sem pressa, então voilá tem-se o resultado final, porém nunca direto.
    Mas hoje a cabeça não ta boa amigo e ultimamente escrever é doloroso, tempos difíceis esses. Já percebeu o quanto as pessoas reclamam de incompreensão? Acho isso muito injusto, mas é meu lado incompreensível e logo de cara, o meu lado que julga. No fundo somos todos iguais, sensíveis, carentes, tristes, incompreendidos e mortalmente só.
    Legal quem tem alguém de verdade pra segurar da mão e que fique do seu lado a vida toda e diga que te ama muito mesmo que você esteja uma merda, de cabelo desarrumado e roupa amassada sem nenhum tostão nos bolsos. Mas a vida rege verdades incoerentes e estranhas.
    Eu quero muita coisa, mas nunca quis amor de mais ou dinheiro de mais, eu nunca nem se quer parei para acreditar em contos de fadas. Ta, tudo bem, quando eu tinha uns cinco anos eu acreditava sim que os sete anões podiam ser reais e que eles viriam arrumar meu quarto e guardar os brinquedos do chão. Mas sempre foi só isso, eu nunca me liguei em príncipes encantados e sapatinhos de cristal. Agora então, muito menos. E não é insensibilidade não, é a minha realidade que transborda quase sempre.
    Ou eu sou louca ou somos todos normais de mais, mas tenho querido as coisas mais fáceis do mundo. Eu tenho querido dois na cama e pés roçando, canecas de café na mesa, chuva lá fora, corpos nus, risadas na praia numa tardinha de pouco sol, sorvete derretido na roupa, abraço apertado, dança maluca, jogos de vídeo game, travesseiros quentes e roupa atirada no chão, surpresas no domingo, beijo na mão, despedida lenta, olhos sonolentos e mãos bobas embaixo da mesa.
    Eu não tenho idealizado nada do que eu não tenha certeza que mereça. Essas cenas todas são para justificar o quanto sou mortalmente romântica, humana e carente, como todos nós somos. Ao contrário da maioria eu não acredito em perfeição. Ao contrário do feminismo eu quero sim alguém que me cuide e me beije sem que eu tenha que pedir.
    Mas é verdade, eu tenho mesmo passado por um momento de transitoriedade. Talvez eu ande desacreditada demais da vida e as pessoas só me pesam. Eu fico pensando em ir embora e deixar tudo como está até que tudo entre em um estado de decomposição cujo nunca mais regressará ao que era antes, mas da um dó ver o castelo de cartas caindo lento depois de tantas horas para edificar as torres.
    E me apego fácil a sorrisos, jeitos, manias, loucuras, imperfeições físicas e mentais, adoro uma boca mordida e uma barba por fazer, coisas bobas, levinhas, uma mordida na orelha e eu te dizendo que te amo muito.
    Mas essas coisas ficam na memória e não no tempo. Não se repetem mais.
    Me vejo agora numa ânsia por mudanças, ser tudo aquilo que a gente sonha com a cabeça no travesseiro não serve mais, desculpa, já era. Está na hora de fazer os planos entrarem em obra, você não acha? Eu acho. Está na hora de construir, de mudar, de provar outros sabores. E como dizia o amado Caio, para provar novos chás é preciso esvaziar a xícara.
    Pois bem, vamos esvaziar a xícara, a casa, vamos arrancar os papéis das paredes e esquecer toda aquela fossa, toda os erros passados. E vou mudar.
    Por que não? Faz bem. Mudar é como pegar um ticket na fila de um parque de diversão e andar em todos os brinquedos, é como sair por ai com milhares de possibilidades. Acordar e perguntar “eai, o que vai ser de hoje?”. Mil possibilidades e você pode fazer todas, você está mudando! Afinal, nada continua a mesma coisa, nada é hoje o que será para sempre. É preciso entrar no curso da vida antes que estejamos perdidos no esquecimento.
    Dizem que quando a gente muda a gente vai pra frente, e é verdade, a gente deixa milhões de coisas para trás, esquecidas e se esquece também de muita gente, mas eu acredito que o que tem que ser será e o que tiver que ficar ficará, com ou sem mudanças, aquilo que tem força, permanece. E por isso hoje, é já um novo dia.




Annabel Laurino




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